Subo para o primeiro andar e, já trancada num dos banheiros, substituo minha jardineira por um biquíni cortininha listrado. Guardo minhas coisas na mochila e volto para o andar inferior, onde encontro todos dispersos pela sala, inclusive Alfonso, que está sentando no sofá com os pés apoiados sobre a mesinha de vidro ao centro.
Noto que a barba está um pouquinho maior, como se ele estivesse esquecendo de apara-la, assim como o cabelo, formando alguns cachinhos escuros na ponta. É tão charmoso que chega a ser cruel. Meu Deus, detesto esse homem.
Ele me olha dos pés a cabeça enquanto passo por Fercho e Amanda e ponho minha mochila sobre uma das poltronas.
— Que clima de enterro.
Fercho assente, concordando comigo, e logo chama todos para irmos até a área externa.
Ele, Ucker e Poncho levam os coolers para fora, e as meninas e eu ficamos encarregadas de levar as sacolas com os petiscos.
Observo que Amanda e Ambre nem sequer se olham, muito menos chegam perto uma da outra, e começo a pensar que se trata de algo bem mais sério do que uma briguinha de irmãs, como o Ucker tentou colocar. Não costumo ser tão curiosa, mas eles transbordam um ar de mistério tão intenso que me deixa muito intrigada.
Avançamos pelo corredor e pela cozinha e atravessamos a abertura da porta deslizante de vidro para enfim chegarmos até o deck acoplado a piscina em forma de círculo, onde habita uma espécie de bar ao centro; duas pontes de madeira ligam da margem até o centro. Há algumas espreguiçadeiras distribuídas pelo espaço, cada par parece ter sua própria mesinha com guarda-sol.
Nathalia estende uma toalha verde-água em uma delas e se deita, direcionada ao sol. Amanda senta numa beirinha deixada pela amiga e começa a espalhar óleo de bronzear pelo corpo.
May, que até então está estranhamente quieta, senta numa banqueta próxima ao balcão da churrasqueira que fica no deck. Parece cabisbaixa.
— E aí, Tita. — Digo quando me aproximo o suficiente para que ela consiga ouvir sem eu ter que gritar.
— Oi, amiga.
Ela apoia os cotovelos no balcão atrás de si e me lança um sorrisinho fraco, sem vontade.
— O que houve?
May abre a boca por um segundo, como quem vai falar algo, mas parece pensar melhor e a fecha, depois da de ombros e fala que vai pegar cerveja para nós duas.
Olho de relance para Alfonso e percebo uma troca de olhares entre ele e Ambre. Poncho tem uma expressão meio inquieta, enquanto a outra esboça um sorriso melancólico, semelhante ao de Maite.
— Puta que pariu! — berra Fercho, chamando a atenção de todos para si.
Ele e Ucker estão um do lado do outro, ambos mexendo na churrasqueira numa tentativa falha de fazer fogo.
— Esse troço não deveria ser automático? — indaga Ucker, o que só faz deixar Fercho mais nervoso ainda.
— Ucker, em nome do nosso senhor Jesus, se você não quer que eu arranque sua língua e a asse para o almoço, fique quieto!
Ucker levanta as mãos em sinal de rendição e parte em direção oposta a Fercho, que só consegue acender o bendito fogo uns quarenta minutos depois.
Nesse momento, May e eu dividimos uma long neck sentadas na borda da piscina, apenas com os tornozelos submersos na água. Ela está gravando alguns stories para o Instagram quando Alfonso emerge bem na nossa frente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois do amor
Любовные романыAnahí Portilla vem de uma família rica e sem amor, onde o único contato que tem com os pais são durante os jantares de negócios em que eles obrigam que ela compareça. Após Anahí sofrer um acidente em uma noitada com os amigos, seu pai, a fim de não...