Capítulo 28 - Verdades Ditas

2.2K 333 175
                                    

Komori e Yachi não podem fazer nada enquanto assistem Sakusa Kiyoomi desmoronar. Ele não chora. Ele não grita. Mas ele bebe.

Oh, ele bebe.

"Onde você acha que ele foi?" Sakusa resmunga, bochecha pressionada contra a mesa. "Ele me disse que não me deixaria sair porque queria que eu o visse sofrer... e então ele foi embora."

“Cara, todas as coisas dele ainda estão aqui” Komori tranquiliza, dando tapinhas nas costas de Sakusa, “Eu não acho que ele se mudou. Vocês tem, tipo, uma semana de folga ou algo assim, não é? Ele provavelmente está de volta a Hyogo.”

"Você não deveria beber até a morte assim, Sakusa." Yachi diz em um tom maternal, “Você precisa passar este tempo limpando sua cabeça. Decidir qual será o seu próximo passo.”

"Sinto falta dele."

"Você terminou com ele." Ironiza Komori.

"Não, ele terminou comigo, você estava me ouvindo?" Sakusa reclama.

“Porque você estava tentando terminar com ele! E ele sabia disso! Você não percebe o quão triste é que o homem estava apenas esperando que você fizesse isso!" Komori explica. “Honestamente, cara, eu te amo e entendo porque você tem agido do jeito que tem todos esses malditos anos, mas você não pode viver o resto da sua vida assim. Eu não vou deixar.”

Sakusa se vira, enterrando o rosto nos braços. “Não é como se eu quisesse ser assim. Eu não quero nada disso.”

"Então por que você está fazendo isso?" Komori pergunta e ele parece tão frustrado quanto Sakusa se sente.

"Porque!" Sakusa começa, puxando ansiosamente as luvas, como um tique nervoso, “Eu não sei, porra, ok? Não sei. Só não sabia o que mais fazer. Eu estava em uma espiral e meus malditos pais estavam prestes a me deixar na poeira e eu odiava o fato de que Atsumu estava vendo tudo acontecer e... merda, eu não sei, ok?" Ele termina sem jeito, batendo a cabeça contra a mesa de madeira embaixo dele, "Eu não sei, porra."

Komori suspira como se estivesse cansado de tudo, e Sakusa pensa, sente

"Então, me diga qual seria exatamente o seu plano depois de terminar com Atsumu... Você iria voltar para seus pais e dizer a eles que tentaria ser hetero ou o quê?"

Yachi dá uma olhada para Komori. "Seja legal."

"Ele não ouve o legal." Komori morde de volta. “Eu tenho tentado isso todos esses anos, e ele nunca me escuta. Então, ele vai receber o amor grosso que merece.”

Sakusa finalmente olha para isso, piscando para seu primo com olhos meio mortos.

“Você acha que se terminar com Atsumu, você de alguma forma o está salvando de uma vida difícil e miserável com você? Você acha que se terminar com ele e ficar solteiro de novo, vai de alguma forma apaziguar seus pais e pode voltar a ser como as coisas eram como se nada tivesse acontecido?”

Yachi estremece de lado, não tendo escolha a não ser assistir tudo se desenrolar.

"Bem, azar, amigo, porque não é assim que funciona." Komori pressiona. “Porque se não vai ser Atsumu, vai ser outra pessoa. E adivinha, Omi, ainda vai ser um homem.”

Quando Sakusa engole, sua língua parece uma lixa.

"E eu tenho um forte pressentimento de que se você deixar Atsumu ir, você vai passar o resto da sua vida lamentando o fato de ter deixado ir a pessoa por quem você estava meio apaixonado desde os quinze anos, quando ele deu a você a porra da escolha de ficar." 

Sakusa quer gritar, ele quer ter uma maldita birra, ele quer jogar coisas e chorar, e dizer a Komori que ele não sabe nada sobre como é ser gay e ter os pais que ele tem. Mas ele não pode dizer nada. Ele só pode ouvir e aceitar.

Porque ele estava certo.

“Eu te amo, okay? E eu sei que você vai dizer que sou nojento por isso, mas estou dizendo isso porque te amo e não vou assistir você jogar sua vida fora." 

Quando Komori termina, ele está respirando pesadamente. 

Quando os minutos passam e Sakusa ainda não disse nada, recorrendo a olhar para a parede como se tivesse feito algo errado, é Yachi quem assume, pegando sua garrafa de cerveja e casualmente colocando-a no topo da cabeça de Sakusa, a condensação fria afundando nos cachos de Sakusa.

Komori fica boquiaberto.

"Yachi", Sakusa pisca para ela vagamente. "Que porra você está fazendo?"

"Te acordando." Ela diz simplesmente: “Para que entre na sua cabeça que se você passar por essa parte difícil, essa parte realmente difícil, por mais um tempo, você terá o resto da sua vida para ser feliz. Verdadeiramente feliz. E você será feliz... porque você será livre.”

Ela se inclina para que Sakusa não tenha escolha a não ser olhar para ela.

"Eu também tive medo uma vez, sabe?" Ela compartilha em voz baixa, como se estivesse revelando um segredo importante: “Está tudo bem ficar com medo. Só faz sentido que você seja. Mas você sabe o que deve fazer quando tiver?"

"O que?" Ele pergunta, porque confia nela, porque às vezes, ele sente que Yachi Hitoka conhece todos os segredos do universo homo. 

"Você pede ajuda."

Três noites atrás, Sakusa tinha ouvido Atsumu soluçar através de sua parede comum, ouviu o remexendo, os passos e a porta da frente abrindo e fechando às três da manhã.

Duas noites atrás, ele percebeu que eles tinham uma pausa de uma semana e ele não tinha para onde ir. Ele não tinha mais sua família, nem a de Atsumu. 

Na noite anterior, ele se sentou na cozinha, bebendo seus problemas, na esperança de obter algum tipo de simpatia de seus dois melhores amigos, e em vez disso levou uma pancada na cabeça com uma garrafa de cerveja.

Depois que eles saíram, ele bebeu e ligou para Atsumu duas vezes, sem sucesso. ( Merda, ele não estava bloqueado agora, estava?)

Hoje, ele toma uma decisão. 


Dentro e fora. Inalar exalar. Vai ficar tudo bem.

-----

Boa tardes querides! Vim aqui com uma atualização pra alegrar o dia :)

Queria dizer que estamos na reta final dessa história perfeita, e quando ela terminar vou me dedicar mais para atualizar Estudo das Mãos, espero que entendam :)

Obrigada pelo apoio e até a próxima :)

A Liar's Truth - TRADUÇÃO [SakuAtsu] Onde histórias criam vida. Descubra agora