|| Capítulo 4 ||

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• | Chrystal Canales | •

Eu encarava atentamente os meus fios molhados, enquanto ria vendo eles balançando de um lado para o outro, sobre meus dedos. Enquanto isso me perguntava, quem seria o dono desse moletom, quem cheirava a chocolate.

Era um pouco diferente, pois eu já senti vários tipos de cheiros, como de baunilha, cheiro de hortelã, e cheiro amadeirado. Mas nunca tinha sentido cheiro de chocolate, realmente é bastante intrigante.

Olho novamente para o moletom, de decido vermelho vibrante, com sua frase branca, que chamava atenção na frente, We are what we love the most.

— Nós somos o que mais amamos. — Falo a tradução, enquanto penso o quanto essa frase, pode ser mentirosa em vários sentidos. Pensando assim, faço uma careta. — Estranho.

Meu primo abre a porta do banheiro calmo, e vem caminhando em minha direção. Ele para na minha frente, e me estende uma sacola de plástico preta. Olho pra ele um pouco confusa, tentando entender o por que dele tá me dando aquilo.

— Coloca suas roupas molhadas aqui. — Ele diz sério, porém calmo, eu pego a sacola, vou até a pia e pego minhas roupas e vou expremendo elas, pra guardar. — Onde você estava, quando sumiu da festa Chrystal?

Olhei pra ele através do espelho, pela milésima vez nesta noite, e tentei relembrar o que eu fiz. E quando lembro, apenas solto uma risada de lado, enquanto fecho os olhos.

— Isso não é da sua conta, não acha? — Guardo as roupas e dou um nó na sacola. Me viro na direção dele, e fico com um sorriso no rosto.

— Estava com alguém, não é? — Ele deu um passo em minha direção, e eu apenas me mantive séria, parada no mesmo lugar. Ele podia ser impulsivo e ciumento, porém, eu sou mais. — Me responde Chrystal!

— Eu já disse. Isso, não, te, interessa. — Digo pausadamente, sentido uma raiva me subir a cabeça. — Então abaixa a bolinha, e mesmo se eu estivesse. Não temos nada! — Cruzo os braços, e aperto meus dedos contra a pele, sentido minhas unhas me arranharem.

— Como não Chrystal! Como não temos nada!? — Ele vem até mim irritado, e segura meus braços, me balançando pra frente e pra trás. — Nós fizemos amor várias vezes, desde sempre. — Sua frustração era evidente, seus olhos estavam vermelho, mas eu já não sabia que era por causa do que ele fumava, ou lágrimas de raiva.

Eu retirei as mãos dele de mim, e lhe olhei dentro dos olhos.

— Eu não lembro de ter falado que te amava. — Ele me olhou triste, e logo se afastou um pouco, ainda me olhando atentamente. — E já falei pra você, se eu aceitei transar com você, não é por afeto, e sim por atração. — Desviei meu olhar, para um papel de bala, que estava no canto do chão do banheiro, enquanto fecho os punhos devagar. — Eu sempre te deixei isso bem claro.

Sua respiração estava pesada, e eu conseguia escutar muito bem. Ele estava tentando segurar as lágrimas, a todo custo, pois ele sempre quer ser o durão que aguenta tudo, mas eu sei bem que não é verdade.

— Você está certa, você sempre deixou claro... — Vi seus punhos se fecharem, e ele ir até a porta do banheiro, abrindo a mesma. Fazendo todo o barulho da festa, cheiro de álcool e suor entrar. — Vamos, tenho que garantir que você chegue em casa, segura.

Ele saiu do banheiro, eu peguei minha sacola e fui atrás, passamos pelo corredor, onde ficava sempre estava vazio, e fomos descendo as escadas, algumas pessoas olharam pra mim, balançando a cabeça em afirmação, me parabenizando por ter batido em Mirela. Afinal eu não era a única que passava raiva com ela.

Vivendo entre o céu e o inferno. - {PAUSADA}Onde histórias criam vida. Descubra agora