A minha covardia me fortalece.
É ela o ato de não responder uma mensagem, mesmo que eu queira. Não dar uma curtida por medo de ser vista, medo do que vão pensar, medo de puxarem assunto, qualquer uma das alternativas acima. A minha covardia não me deixa responder a comentários negativos, porque sei que vou me machucar e prefiro virar as costas. A minha covardia esconde vulnerabilidade. Ela é o meu silêncio.
Vendo de fora, deve parecer que eu sou muito forte. Forte o suficiente para não responder aquela mensagem, para não curtir aquela postagem, para não me afetar com um comentário negativo. Forte o bastante para esconder minhas fraquezas. Nunca me expor.
Só me exponho através dos outros. Dos imaginários. Eles sim são corajosos. Podem se arriscar, dar o salto no precipício, mostrar suas fragilidades. Eles não têm medo e eu não temo por eles. Sei que aguentam qualquer coisa — qualquer crítica, qualquer adversidade. Criei eles para isso. São capazes de transpor os obstáculos que eu não consigo ultrapassar. A coragem deles está nas fraquezas. Nossas, minhas também. A minha força é só covardia.
Texto de 22 de abril de 2021
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Quimera Literária
RandomEm teoria, uma mistureba de ficção e realidade, anedotas, reflexões, devaneios e desabafos com zero compromisso com a coerência. Na prática, um arquivo para reunir meus textos espalhados pela internet.