livros na chuva

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Hoje está chovendo. Meia hora atrás eu saí da faculdade e já estava garoando. Eu caminhei até o ponto de ônibus sem abrir o guarda-chuva, não vi necessidade. E aí passei na frente de uma banquinha de livros usados — umas quatro mesas na calçada com uma quantidade enorme de livros se equilibrando em cima. E, cobrindo os livros, tinha uma dessas capas de plástico. O senhor grisalho e curvado, dono da banquinha, guardava os livros em caixas de papelão. A chuva estava apertando. Ele se preparava pra sair dali. Recolhia todos aqueles livros pesados, colocava nas caixas, debaixo da garoa. Essa cena me deu uma baita vontade de chorar.

Estou melancólica ainda. Não sei se era o senhorzinho fofo ou livros molhados, não sei. Pensei no dia de trabalho perdido, em como ele ia sozinho levar as caixas de livros pra algum lugar fechado. Pensei nos escritores daqueles livros, nos sonhos das publicações, em histórias. Tudo na chuva. E agora tá me dando vontade de chorar outra vez.

Como algumas cenas cotidianas podem ser assim, tão tristes?


23 de maio, 2023

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⏰ Última atualização: May 31, 2023 ⏰

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