Eu não estou com a mínima vontade de escrever. Já fazem duas horas que eu estou relendo textos meus, mas nenhuma cena me aparece na cabeça.
Eu cantei a pedra antes, quando criei esse diário de escrita. "Aqui jaz meus fracassos como escritora". Voilà.
Perder tempo é uma coisa que me deixa muito agoniada. Eu devo ter algum tipo de ansiedade, um profundo medo, algum trauma. Não gosto de perder tempo. Não gosto de dormir mais de seis horas por noite, porque acho que estou perdendo tempo de vida. Aquela propaganda de colchões em que o slogan é "você passa um terço da vida sobre ele" me dá arrepios! Fico aterrorizada! É o tipo de verdade que eu prefiro ignorar. E não é só sobre dormir, odeio perder tempo acordada também. Sempre que tenho um daqueles "surtos de youtube", (em que se fica horas e horas assistindo vídeos completamente inúteis) eu me sinto a pior das criaturas depois. Me enche de arrependimento. "Merda, porque eu passei as últimas quatro horas vendo um cabeleireiro reagindo à vídeos de pessoas destruindo o próprio cabelo sem querer?", eu me pergunto. Não sei... não adquiri nada. Me sinto ridiculamente impotente.
É como se o tempo estivesse travando uma batalha comigo. Eterna, o tempo todo, e ele sempre ganha. Eu tento fazer o meu melhor, produzir algo todos os dias, validar cada segundo, mas o tempo passa. Minhas pequenas vitórias diárias fazem com que eu me sinta bem. Aquele "uau, eu escrevi 3 mil palavras hoje, bati minha meta diária, e ainda não são nem nove horas da manhã!". Hm, isso é satisfação nua e crua bem aí. Os raros momentos em que eu venço o tempo.
Texto publicado em 15/06/2018
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Quimera Literária
LosoweEm teoria, uma mistureba de ficção e realidade, anedotas, reflexões, devaneios e desabafos com zero compromisso com a coerência. Na prática, um arquivo para reunir meus textos espalhados pela internet.