Dear Teachers

II

Anna P.O.V

Por fim podemos dizer que estamos no último ano, e a animação que reluz entre nós três é algo totalmente indiscutível. Chego a pensar que está escrito a palavra "ansiedade" em meio as nossas testas. E pelo menos até o presente momento possuímos planos bem interessantes para esse final da fase "High School", a qual está mais próxima do fim do que podemos imaginar.

— Meninas vamos tomar café, daqui a pouco temos que sair. — Diz meu pai ao abrir a porta do quarto, já que havíamos fechado para nos arrumar adequadamente, bem como a ocasião nos pede. Olhei para meu progenitor de relance pelo reflexo do enorme espelho, vendo-o sorrir para nós duas.

— Vamos. — Megan e eu respondemos em uníssono.

— Mas antes, pai estou bonita? — O indago com um enorme sorriso entornado em meus lábios e viro-me de frente para ele. O mesmo leva a mão até o queixo como se estivesse pensando seriamente na avalição, fazendo-me rir com leveza.

— Você está linda minha bonequinha, aliás as duas estão. — Por fim, meu pai responde já com a mão na maçaneta da porta, mirando o olhar para a zona que Megan arrumava em sua bolsa. Eu avisei que ela deveria ter se organizado na noite anterior, mas aconselhar Megan a respeito de arrumação é o mesmo que falar com as paredes.

— Vamos passar na casa da Angel na hora de ir, ela vai com a gente. — Digo ao olhar para meu pai, já tomando minha bolsa em mãos.

— Tá bom princesa. — Confirma meu pai.

Após Megan conseguir organizar tudo que precisava em sua bolsa e olhar uma última vez para o espelho, verificando os enormes cabelos acastanhados e a maquiagem, rumamos para fora do quarto e descemos as escadas com destino a sala de jantar, onde o café da manhã estava servido.

— Cadê a tia Cristine? — Megan indaga sentando-se na cadeira a minha frente. Meu pai estava ao centro, em seu comum lugar, e foi ele quem respondeu minha amiga.

— Ela já saiu, tinha uma sessão com um dos pacientes bem cedo.

— Ótimo, pelos menos o café da manhã eu comerei em paz e sem ela reclamando de alguma coisa em relação a mim. —Digo de maneira involuntária, preenchendo meu copo com suco.

— Filha não fale assim, ela ainda é sua mãe.

— Mas é verdade. Ela é minha mãe e eu a respeito muito, mas não é segredo pra ninguém que sou tratada como a maior decepção dela. Afinal o desejo primordial era um menino, não uma menina, e para completar foi graças a mim que ela não pode mais engravidar e tentar o tão sonhado filho homem. — Respondo meu pai sem expressão alguma em meu rosto.

Eu sabia o quão ruim possa ter soado o que falei, e até o quão adolescente dramática eu poderia estar sendo, mas me dói saber também que não proferi nenhuma mentira. Apenas fatos foram ditos por minha voz amargurada. Megan olhou-me com certo apresso e de soslaio pude ver meu pai movendo a cabeça negativamente.

— Anna se acalme, tenho certeza de que ela te ama. – Megan diz enquanto comia um pedaço de bolo, o tom de voz comumente tênue. — Do jeito dela, mas ama.

— Megan tem razão. – Concorda meu pai, atraindo meu olhar para si. — Minha filha linda você é tudo que um dia sonhei, é minha princesinha e herdeira. Eu te amo muito e não pense que sua mãe te ama menos só porque ela sempre quis um menino.

Como de costume, as dóceis palavras de meu pai foram mais do que suficientes para amenizar todo e qualquer clima ruim ou triste. Imediatamente senti uma animação dominar-me, e esta acabou por ser refletida somente por meu sorriso.