VIII

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Luke P.O.V

Eles dois são dois idiotas. Como podem agir dessa maneira, ainda mais com meninas como a Anna e a Angel?
A vida às vezes é um tanto injusta, tudo o que eu mais queria era que a Megan, assim como as amigas deram para os bobocas dos meus amigos, desse bola e até uma chance para mim. No entanto, obviamente as coisas não seriam tão simples para o meu lado. Há coisas que eu realmente não entendo. Mas enfim, o que me resta é ir chorar as mágoas do quão injusta a vida é no colo da minha mãe.
Estaciono meu carro na garagem ao lado do carro do meu pai, logo seguindo para entrada da casa dos meus pais e a adentro, que por tantos anos foi o meu lar e assim que fecho a porta, dou de cara com meus pais no sofá. Minha mãe deitada no peito do meu pai e ele fazia cafuné em seus cabelos, enquanto os dois assistiam um filme que claramente é de romance, os preferidos da mamãe. Eles logo notam minha presença e pausam a Netflix e minha mãe rapidamente vem me abraçar.
ꟷ Filho, que saudade de você, meu príncipe. — diz minha mãe carinhosamente, acariciando meus fios de cabelo. Mari e seu excessivo carinho.
ꟷ Também estava com saudades, minha flor. — respondo-a, desfazendo o abraço para poder cumprimentar meu pai.
ꟷ Filhão, quanto tempo que você não vem nos visitar, estávamos com saudades. — ditou meu velho e sorridente pai, James. Abracei-o rapidamente.
ꟷ Também estava com bastante saudades de vocês, mas a correria no colégio anda de mais, hoje que eu consegui um tempinho para vir aqui.
ꟷ Que bom meu filho, por coincidência fiz hoje aquele bolo que você ama, vem vamos para a cozinha. — falou minha progenitora, esboçando um enorme sorriso.
Minha mãe puxa a mim e ao meu pai para irmos para a cozinha. Ainda me pergunto como essa baixinha de um e cinquenta de altura consegue ser tão autoritária e carinhosa ao mesmo tempo, e ainda ter um homem de um e noventa como meu pai na palma das mãos.
Meus pais são o meu referencial de amor, não que eles sejam perfeitos e nunca briguem, mas durante toda a minha infância admirei o casamento e o amor deles. Os dois já brigaram muito, mas meu pai não resistia mais que uma hora brigado com minha mãe, afinal essa baixinha é um metro e cinquenta de puro charme e teimosia. Não me lembro de muitas vezes que ela deu o braço ao torcer, aliás me lembro de uma vez só; eu tinha dezessete anos e ela enfiou na cabeça que meu pai estava a traindo com a secretária dele, um dia ele chegou da empresa e as malas dele estavam perto da escada. Primeiramente, assustei-me e fiquei com medo de eles se divorciarem, mas no fim era só drama e ciúme da minha mãe. Meu pai, com muito custo, conseguiu conversar com ela, ainda que estivesse irredutível.
Pela primeira vez meu pai gritou com minha mãe, e foi quando ela se deu conta de que estava errada, mas o estrago já estava feito e ele se irritou exageradamente. Ela tentou conversar com ele mas não obteve resultado, então, minha mãe deu o braço a torcer e ficou justamente uma semana tentando se acertar com ele. Por fim, quando ela se estressou com o desprezo dele e ameaçou pedir o divórcio, meu pai voltou para casa e eles se resolveram.
ꟷ Então filho, como anda o coração? — minha mãe como sempre certeira no que quer saber. — E, claro, o seu emprego na NAHS?
ꟷ Bom, está tudo ótimo na NAHS, o Henry e o Andrew também estão dando aulas lá. — respondo-a sem muito ânimo, ocupando uma das banquetas da ilha central, meu pai ficando ao lado e minha mãe à frente de nós dois.
ꟷ Que bom filho, e aqueles dois ingratos que nunca mais vieram me ver, ontem mesmo me encontrei com a Marianne. — falou minha mãe, forjando um tom de decepção. — E o seu irmão já falou que está pensando em colocar a Jennie na NAHS, ela não se adaptou muito bem nessa que está.
ꟷ Ele comentou por alto, disse que não era certeza, que iria ver com a esposa e com a Jennie. – respondo, observando minha mãe servir um pedaço de bolo para mim.
ꟷ Então filho, sua mãe te fez outra pergunta. — meu pai que até então estava calado, se pronunciou e, claro, colocando-me na saia justa com a minha mãe.
ꟷ Ah...
ꟷ Já entendi tudo, senta aqui e me conte tudo meu príncipe lindo. Quem foi a sortuda que conquistou o seu coração? — interrompeu-me a mais velha, direcionando a mim um olhar ansioso.
ꟷ É bem complicado mãe. Escuta primeiro para depois vocês falarem. — ajeito-me sobre a banqueta para começar a falar, sendo o foco de ambos os olhares. — Vocês sabem que desde aquele acidente de carro e do coma, eu venho tentando viver a vida na sua essência, olhar o mundo de forma mais colorida, e que dá aula é uma das minhas maiores paixões. No começo do ano, para ser mais exato, no primeiro dia de aula, eu estava indo para a minha sala quando esbarrei em uma das minhas alunas. Ela estava bem apressada e eu bem distraído e acabamos nos esbarrando. – não contive um sorriso com tal recordação. ꟷ Mãe e pai ela é a menina mais linda que eu já vi, muito educada e simpática, só não comigo, desde daquele dia venho tentando chamar atenção dela para mim, provocando. Amo ver aquela menina toda vermelhinha depois de uma provocação minha, mas ela está de rolo com o capitão do time de basquete, é toda certinha, mas sei que debaixo de todo aquele estresse, sei que posso ter alguma chance, por mínimo que seja, mas aquele playboyzinho não sai de cima e ela também não ajuda, já que acha um absurdo algo entre uma aluna e um professor. Ela já recusou tanta investida minha, mas se for para acontecer, certamente vai acontecer, se não, o tempo vai se encarregar de tirar isso de mim.
ꟷ E cadê o complicado da história? — indagou minha mãe, após ouvir minha história. Ergui as sobrancelhas, evidenciando o quão óbvia é a resposta para essa pergunta.
ꟷ Mari, meu amor, acho que o complicado é justamente ele ser professor da garota mulher, pelo amor de Deus. — respondeu meu pai, olhando-a com reprovação.
ꟷ Fica quieto seu velho babão, eu era sua secretária e se bem me lembro você, mas também conhecido pelos funcionários como CEO e dono da empresa, foi bem claro quando fez as regras e proibia claramente envolvimento amoroso entre funcionários, mas não sossegou enquanto não colocou uma aliança dourada no meu anelar esquerdo e um filho na minha barriga — ah, meio metro autoritário. — E eu continuo sem entender o complicado da história.
ꟷ Vou te mostrar o velho babão no nosso quarto, baixinha abusada. — refutou meu pai, claramente sem escrúpulos. Revirei os olhos.
ꟷ Palavras ao vento...
ꟷ Veremos.
ꟷ Me poupem dos detalhes, e mãe é muito complicado... — corto aquele estranho assunto, regressando para o x da minha questão.
ꟷ Mais é um frouxo mesmo. Te criei foi homem Luke Reynolds, e se essa moça é sim a mulher da sua vida, você tem e deve sim lutar por ela. Caso não seja, deixe que o tempo se encarregue disso e siga sua vida até que você encontre o amor.
ꟷ Você está certa mãe. — murmuro com um sorriso no rosto. Acho que minha mãe pode estar certa no fim das contas.
ꟷ Não vai adiantar se eu disser que isso é loucura né? — indagou meu pai.
ꟷ Já falei para você ficar quieto seu velho ranzinza...— minha mãe é impedida de concluir com sua frase, pois meu pai a pega no colo e vão para o quarto, com ela se debatendo e gritando para que ele a solte, no entanto, ouve-se apenas risadas.
ꟷ Amo vocês! – exclamo em bom tom.
Meus pais não batem bem da cabeça, mas amo eles e não há referencial de casal melhor. Saio da casa, entro em meu carro e sigo rumo à minha residência.
...
Megan P.O.V

Hoje o dia foi bem corrido com as líderes de torcida, pois tenho que prepará-las para último jogo do campeonato, que é antes do pequeno período de férias de inverno. Nessa coreografia temos que arrasar, não posso decepcionar o meu boyzinho, aí junta que aconteceu alguma coisa com a Angel e para findar o dia, aconteceu algo com a Anna também, e as duas não me contaram. Deixaram para contar agora a noite, já que viemos dormir hoje na Angel, e para ser bem sincera já estou que não me aguento de tanta curiosidade e preocupação.
ꟷ Então meninas, as duas bonitas já vão me falar o que aconteceu para estarem com essas caras de enterro? — indago para as duas, que se entreolharam.
ꟷ Pode começar, Angel.
ꟷ Começa você, Anna.
ꟷ Deu as duas, começa Angel. — aponto para a dita cuja, revirando os olhos mediante tanto mistério.
ꟷ Por que eu e não ela? — indagou Angel, notoriamente indignada e não segurei uma resposta mais do que óbvia.
ꟷ Porque quem sumiu primeiro e depois apareceu chorando foi você.
ꟷ Bom, eu me declarei para o Andrew e depois beijei ele. — diz Angel de forma quase inaudível.
ꟷ Não entendi Angel, fale mais alto. — ressalto, cobrindo minhas pernas com uma das várias almofadas da cama de Angel.
ꟷ Eu me declarei para o Andrew e beijei ele, satisfeita agora?
ꟷ Como é que é, você fez o que?
A descrença certamente está gritando em minha face, assim como os meus olhos se arregalaram de forma instantânea.
ꟷ Foi isso mesmo, me declarei e depois o beijei, aí ele me rejeitou e chamou o nosso beijo de erro. — confessou ela, abaixando o olhar para as próprias mãos. 
ꟷ Meu Deus que loucura é essa, e você Anna, o que aconteceu? — pergunto e Anna fica calada, olhando para o lado oposto ao meu.
ꟷ Ah não, você também? — indago-a, já compreendendo o rumo dessa ‘prosa.
ꟷ Megan, tente me entender, o que eu estava sentindo estava me sufocando, eu tinha que colocar isso para fora. — respondeu Anna, reverberando cada palavra como se fosse a coisa mais natural do mundo. Céus.
ꟷ Pois é, as duas colocaram seus sentimentos para fora e foram rejeitadas como duas bobocas. E que loucura é essa? Eles são os nossos professores, isso é loucura demais até para vocês duas, principalmente para você Anna. — digo com profunda seriedade, apontando para a Campbell e a vejo revirar os olhos.
ꟷ Megan, nós não somos capazes de controlar os nossos sentimentos.
ꟷ Ah Anna a vida não é um conto de fadas e eu espero que depois do que aconteceu hoje, isso tenha ficado bem claro para vocês, aqui é vida real. — respondo a última fala de Anna. Em contos de fadas tais atos até podem ser negligenciados, no entanto, estamos imersos em uma dura realidade, que nos cobra responsabilidades e a partir destas convivemos com severas consequências.
ꟷ Megan, infelizmente não se tem controle sobre isso, quando o assunto é amor e outros sentimentos. — diz Angel, convicta a defender seu ponto de vista.
ꟷ Exatamente, se tivesse como controlar o meu coração, eu estaria aqui totalmente encantada contando do beijo que eu dei no Logan, e depois no que ele me deu, mas não, estou me sentindo completamente culpada, estou sentindo que eu usei ele. — falou Anna, as palavras soando tão rápidas como as músicas do Eminem.
ꟷ Perai, você beijou o Henry e o Logan? Menina que loucura é essa? — Angel foi a frente, descrente.
ꟷ Depois que o cretino me deu um belo de um fora, eu saí muito furiosa e magoada da sala dele, No caminho encontrei com o Logan, e num ato impensado, acabei o beijando e depois ele me deu outro, mas não estou feliz com isso, pois o usei para suprir a dor da rejeição.
ꟷ Tá vendo aí, vocês duas tem os meninos que quiserem aos pés de vocês, mas vocês querem justamente os que não podem ter, francamente viu. — digo, isenta de qualquer paciência com as duas e soando o mais seriamente possível. — Creio que o melhor que vocês podem fazer é seguir em frente. Angel, na NAHS o que não falta é menino que está interessado em você, basta tirar o foco um pouco dos livros e dá abertura para eles chegarem em você. E Anna, o Logan desde o começo do ano está interessado em você, poderia muito bem dá uma chance para ele, tenho certeza que com o tempo você vai aprender a vê-lo com outros olhos.
ꟷ Quer saber? Você está certa, nós não podemos nos rebaixar a tamanha humilhação, eu sou uma Campbell e você uma Edwards, somos muito melhores que isso. – falou Anna, olhando para Angel na intenção de encorajá-la também.
ꟷ Exatamente, é disso que estou falando! Esqueçam aqueles dois e sigam com a vida de vocês, as duas são presidente e vice do grêmio estudantil, estão muito além desse pequeno incidente, agora vamos dormir, que amanhã vamos acordar cedo.
Nos arrumamos para todos dormirem confortavelmente na cama de Angel, então dissemos em uníssono:
ꟷ Boa noite!
...

Voltei!
😁❣

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⏰ Última atualização: Jul 30, 2021 ⏰

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