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04 de junho

Lado à lado eles caminhavam. A luz da lua cheia, junto com a pele da mulher ao seu lado, iluminavam as estradas de terra batida. Estavam rodeados de árvores que, de vez em quando, farfalhavam quando um vento mais forte batia nas copas das mesmas, complementando ao local um clima calmo com uma pitada de algo de terror, que faria qualquer um ficar temeroso em andar sozinho naquela noite.

O silêncio entre os dois presentes era algo que irritava o jovem Garcia que, apesar de querer falar algo, não conseguia pensar em um bom assunto e, mesmo que encontrasse, havia as chances de que a mulher ao seu lado sequer o responderia.

Alex abriu a boca, pronto para perguntar o nome da garota, mas antes mesmo que um "a" saísse de sua boca, ela começa a correr em direção às árvores, e mesmo com o vestido longo se enroscando em suas pernas, ela corria rápido de mais; quase humanamente impossível.

Mas isso, não surpreendeu Alejandro.

O que realmente o surpreendeu foi quando seguiu o rastro luminoso que ela deixou e, chegando até um ponto da densa floresta que se abria em um circulo quase perfeito, encontrar alguns pares de humanos com roupas de outras época, dançando, rindo e comendo em volta de uma pessoa presa à cima de uma grande fogueira.

A pele brilhante não deixava dúvidas de quem era que estava preso mas, apenas para ter certeza, Alejandro apertou os olhos e conseguiu ver a cara dela. O rosto impassível e, apesar do calor do fogo já estar queimando o vestido que ela usava e seus pés, ela não expressava dor e, muito menos, medo.

E aquilo, sim, surpreendeu Alejandro.

Não.

Aquilo, sim, assustou Alejandro.

A forte mulher que, apesar de estar à beira da morte, não demonstrava um sinal sequer de fraqueza; sem lágrima alguma em seu rosto, os olhos sérios e a boca em uma linha reta.

Em algum momento Alejandro invejaria ela.

Talvez não fosse naquele exato instante e talvez nem acontecesse, mas aquela cena estaria marcada pelo resto da vida dele, e isso era algo que ele tinha completa certeza.

Após se perder alguns segundos em sua própria mente ele voltou à realidade: A mulher que sempre aparecia em seus sonhos precisava de ajuda.

Alejandro tentou não ser visto enquanto andava ao redor das árvores que cercavam aquelas pessoas. Ele chegou até um ponto em que as plantas estavam mais perto da jovem, e tentou pensar em algo para chegar até ela.

Ele não sabia como mas, quando pousou a mão em sua própria perna, sentiu o relevo de um objeto pontudo preso de baixo do tecido poroso e, ao direcionar seu olhar para sua coxa ficou confuso em perceber que, em vez de usar suas próprias roupas, usava roupas tão antigas quanto as que as pessoas se divertindo usavam enquanto, lentamente, a garota era sapecada como um frango despenado.

A diferença é que os frangos estão mortos quando tem os restos de suas penas sapecadas, o completo contrário da situação em que a Mujer Luminosa se encontrava.

Sacando a faquinha, Alejandro pensou mais uma vez. Nenhuma ideia boa lhe vindo a mente.

Só havia duas coisas que poderia fazer naquele momento: Correr até a garota e cortar as cordas ou tentar se misturar com os humanos.

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