Restaurante

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O telefone de Juliette tocou mais uma vez, ficou me olhando, esperando que eu dissesse alguma coisa, mas coloquei os óculos escuros, e saí. Ela veio logo atrás, mantendo uma pequena distância que não me impedia em nada de ouvi-la falar em italiano, obviamente que não entendi nada.

Ela falava tão rápido, as palavras tropeçavam em meus ouvidos num tanto de erres e tes. Parecia um tanto irritada e isso dava pra sentir em seu tom de voz, entretanto falou pausadamente sua última frase antes de desligar.

- E cosa si aspettano da me? - “ e o que eles esperam de mim?”

Foi o que disse.

Seriam seus novos parceiros? Será que depois daqui já havia a quem atender?

Merda!

Ela vai me deixar!

Por mais vontade... não iria perguntar nada, ela disse que quando voltássemos me contaria, tentei manter a ansiedade sob controle, era mais um dia de espera apenas. Mais que Diabo estava pensando? E o homem do restaurante? Precisava escapar até a entrada de Penedo!

Juliette não se despediu, desligou, enfiou o telefone no bolso do short jeans e com três passadas largas me alcançou, eu estava de braços cruzados e ela me abraçou por trás, beijando minha bochecha.

- Desculpe, minha linda.

- Tudo bem. - Juliette nos parou, me virou para ela e encostou as costas da mão em minha testa.

- Tá doente? Não vai perguntar nada, logo minha curiosa incurável?

- Não e não. Não estou doente e não vou te perguntar nada.

- É mesmo?

- São detalhes... - minha Nossa quanta mentira.

Estava a ponto de ter um treco!

Entramos na cozinha pelos fundos, tia Ana e as ajudantes preparavam o almoço, mas ela nos serviu de café, bolo, pão doce e iogurte, ficamos à mesa da cozinha e por algum milagre, tia Ana não sentou-se conosco para trocar informações.

Na verdade estava reclamando um bocado, não estavam acertando parte de uma receita nova que ela queria servir no almoço.

- Tia Ana, sabe da Camila?

- Saiu cedo com a Mônica. - sabia.

Mônica era prima da Luiza e ela era bissexual.

- E meus primos?

- Alan ainda não saiu do quarto com a namorada, Gil está na piscina com Arthur, e Rosane foi na rua com a Camila e Mônica.

- Tio Bento, tia Emília?

Tia Emília era irmã de tia Ana e Rosane e Gil, seus filhos, não eram meus primos de sangue, mas era como se fosse. Muito embora Rosane fosse uma dessas periguetes.

- Bento não sei, Emília acho que na horta arrumando a tela que despencou.

- Hmm...

- Mais que droga! - tia Ana vociferou de um jeito que fez a mim e a Juliette olharmos espantadas.

- Tia, que tanto a senhora tenta fazer?

- É o molho da caçarola de frutos do mar, não está ficando bom!

Juliette esticou os olhos na direção dela e sorriu balançando a cabeça.

- Que foi, Juliette?

- A pimenta está errada.

- O que disse? - tia Ana tinha um ouvido muito bom.

Credo!

Juliette falou tão baixinho. Se levantou ainda mastigando o bolo de laranja, parou ao lado de tia Ana, caramba, ela era muito pequenininha perto da Ju, Juliette empurrou o bolo para o canto da boca.

A acompanhante - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora