Repelente

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Vesti um short jeans e uma camiseta branca, saí do chalé e fui até o salão onde eram servidas as refeições, não o encontrei.

- Bom dia, tia Ana, a senhora viu a Juliette?

- Ela saiu bem cedo, mas disse que voltava antes do almoço.

- Que estranho.... Não me avisou nada.

- Somos todos estranhos, não vê o seu tio Bento?

- O que tem o tio Bento?

- Também saiu cedo e ainda não trouxe o que eu pedi!

- Tia, alguma notícia do Fiuk? Ele disse se chegava logo?

- Devem estar chegando, passaram a noite no Rio de Janeiro, então já devem estar na estrada, daqui a pouco chegam.

- O que vai ter no almoço?

- Ah, como eles estavam em clima de praia achei melhor não fazer truta, vamos servir um cozido.

- Cozido, tia? - sei que minha voz saiu em tom de reclamação e melosa, mas poxa, precisava ser algo tão pesado?

- Seu irmão e a Juliette adoram. Cozido sim.

- Ah tá, mas me dá a opção de frango grelhado...

- Vai emagrecer mais o quê daí? Daqui a pouco sobra apenas a bunda e sua caveirinha. - torci um bico contrariada e cruzei os braços. - Ah. Você sabe que sempre coloco opções. Que menina mais chata! Frango com salada, tá bom?

Sorri e lhe dei um beijo, tia Ana era uma matraca, adorava partilhar informações confidenciais ou restritas da vida alheia, queria obrigar-nos a comer só o que ela achava que tinha de ser, mas ela nunca resistiu a um bico que fazia, acho que se recordava da minha infância e acabava me fazendo as vontades.
Realmente não queria, ou melhor, não podia engordar, estava decidida a desfilar no carnaval, precisava sentir aquela emoção mais uma vez e se antes era pra espantar a tristeza, naquele momento era pra celebrar minha alegria.

Juliette chegou de carro enquanto me balançava na rede da varanda do chalé principal. Sorriu assim que me avistou e meu coração pulou, estava me sentindo uma garotinha com seu primeiro amor, acho que no fundo era isso mesmo, era uma garota com seu primeiro e verdadeiro amor.

- Oi, bom dia. - se inclinou e nos beijamos, agora sim, parece que meu dia estava começando, às onze da manhã.

- Bom dia. Foi ver aquele seu amigo?

- Hmmm... Não.

- Então aonde você foi?

- Comprar flores pra você.

- Está brincando?

- Não. Falo sério, mas agora comprei as flores certas, sei que detesta rosas.

- Não que deteste, mas... espera um minuto, deduziu que eu não gosto de rosas?

- Bom, mandei algumas para o seu apartamento e todas foram devidamente jogadas no lixo.

Bateu uma certa vergonha com ela falando daquele jeito.

- Não foi bem assim, só achei que estivesse tripudiando de mim. E não quero falar disso!

- Certo.

- Que flores você comprou?

- Flores do campo.

Sorri.

Ela acertou, eram minhas favoritas. A mistura das cores alegres me deixavam muito feliz.

- Tem razão, minhas favoritas.

A acompanhante - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora