Deuteronômio 17:7

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#favodemel


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No momento em que deitei a cabeça nas águas sagradas do batismo, entreguei-me ao Senhor. Quando decidi seguir adorando-o, pensei que este seria um caminho jubiloso.

Ilusão a minha, pois nada no momento conseguia ser tão prazeroso quanto sentir a pele ser abraçada pela língua macia e úmida, cicatrizando minhas feridas, tirando-me as imensuráveis dores de cada uma delas. O purpúreo cintilante dos olhos fascinando minha alma, levando-me para o submundo da sua luxúria. O sangue fluindo de sua mão gotejou em minha boca, o sabor do mel preenchia o paladar. Em instantes toda minha força foi restabelecida, e minhas mãos agarraram-se à cintura delgada. Seus lábios selaram os meus, e desenhos envolveram seu pescoço magicamente.

Senti sob meus dedos a pele cálida, os meus olhos refletiam nas águas tendenciosas que habitavam o carmim da bela criatura abaixo do meu corpo, sobre os meus lençóis manchados de impurezas. Estavam tão tempestuosos quanto aquele mar que eu encarava, sentia serem tão traiçoeiros quanto os olhos de uma víbora.

Enigmaticamente não me causava medo, longe disso, provocava a labareda desconhecida que incendiava completamente o meu inconsciente.

Sabia que em minhas mãos residia o verdadeiro pecado, que minhas conclusões para aceitar aquele acordo foram precipitadas. Se houvesse alguma volta, eu certamente não o faria. Era difícil redimir-se quando se estava a beijar o Diabo, quando sua desgraça estava sendo cessada por ele.

O corpo era belo, palpável e tentador, sua voz era como um cântico deífico, que arrastava-se em sons deleitosos, invadindo meus ouvidos, deixando-me à beira da insanidade. As ondas de prazer estremeciam minhas carnes, desorientando os meus sentidos, impulsionando-me a ir mais fundo naquele abismo.

Ele curava-me, e eu deixava marcas por seu corpo nivelando o imaculado. Marcas que se apagavam em segundos, fazendo-me repeti-las, atiçando o animal que habitava em mim. Ele trazia para fora algo que meu consciente desaprovava, mas que sempre esteve me fazendo companhia.

Cada vez que eu o contundia, ele sorria e mais eu me perdia. Quando percebi, meus lábios repetiam os mesmos movimentos e a fumaça negra de seus chifres cobriam meus olhos, cegando-me no fim daquele prazer libidinoso.

A aflição inexistente por, enfim, nada mais me causar dor. Meu coração repleto de angústias estava tão limpo quanto minha pele.

Como prometido, ele salvou-me. E os meus pensamentos mais profanos e profundos rogavam-me por uma última ação, que o verdadeiro sofrimento deveria ser encerrado pelas minhas próprias mãos.

E não era difícil alcançá-lo...


*

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