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[ 27 / 04 / 2018 ]

Segunda-feira, 8:00 da manhã

Suspirei.

São nesses pequenos momentos em que eu me apercebo que minha família é em partes, extremamente tóxica.

Ela ainda discute com ele sobre assuntos do trabalho, coisas que deveriam ser resolvidos em outro momento e em outro lugar. Porque, veja bem, estou dentro do carro, meu pai lá fora com a minha mãe claramente tentando controlar para não fazer uma cena quando estavam fazendo uma.

Eu aperto minha mochila contra meu peito, jogado no banco e abandonado. Eu odeio andar de ônibus, mas nesse momento parece a melhor opção.

Sabe, minha mãe é muito ocupada com o trabalho, ela se sente inútil no que se trata de cuidar do filho, e quer o melhor para mim; então, ela está constantemente me perguntando se está tudo bem em me deixar sozinho algumas noites. Claro que está, tenho dezessete anos, sou bem capaz de me cuidar.

O problema está justamente na parte em que ela culpa meu pai por ele sair quase todas as noites para fazer sei lá o quê, sem dar uma explicação. E eu acredito que ele tenha uma boa explicação. Ela... nem tanto.

Isso me faz pensar que alguns casais são bem dinâmicos e muito diferentes. Eles com certeza são diferentes da família do meu primo, e às vezes eu invejo-o.

Ouço o diminuir do barulho de suas vozes irritadas, respirando fundo ao ver através do retrovisor, meu pai vindo para o carro. Me ajeitei, olhando uma última vez para o quintal de casa. Minha mãe entrou batendo a porta, irritada.

— Mais um daqueles dias?

Meu pai me olha, com um meio sorriso, colocando o cinto. Suspira, respondendo de bom humor:

— São coisas bobas, filho, não se estresse muito com isso — ele coloca o celular em cima de sua coxa, arrancando o carro. — Conhece sua mãe.

— Conheço, e você também. Já deveria saber que esta discussão vai seguir até amanhã de manhã. — suspiro, apoiando a cabeça no assento.

— É. Ela não vai esquecer tão cedo. — deu um risinho. — Jeon Hyuna sempre foi uma mulher decidida e teimosa.

— Você não está a enganando, está? — pergunto depois de alguns segundos, virando o rosto para ele.

Ele fez uma careta com certa surpresa, rindo em seguida. — Claro que não, eu nunca faria isso.

Confiança é algo importante.

E eu com certeza confio no meu pai, porque ele deu razões e provas para merecer minha confiança. Então, eu não faço mais perguntas, porque só quero que ele saiba que acredito nele. Suponho que ele também tem direito à sua privacidade.

O caminho para a escola é a mesma de todos os outros dias, calmas e repletas de músicas dos anos 90, porque meu pai ama todas. Eu não me dou ao trabalho de reclamar, já que ele motivou o meu gosto a música, desde pequeno, e meio que amo também.

Jeon Jonny sempre foi uma pessoa extrovertida e calma, sempre enfrentou as coisas sérias de uma maneira positiva, nunca se deu ao trabalho de ser pessimista. Ao contrário de mim. Eu sem dúvidas herdei boa parte da minha personalidade de minha mãe. Sempre estressada, introvertida e nunca sabe lidar com assuntos sérios.

Epiphany |    Jjk/pjm Onde histórias criam vida. Descubra agora