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[ 07/05/2018]
Quinta-feira, 08:20 da manhã

Hoseok odeia ter atenção indesejada.

Ele sempre foi esse cara aberto a novas amizades, extrovertido, e bondoso; desde que o conheço, apenas tratando com frieza quem ele realmente odeia. E é bem raro encontrar uma pessoa que ele odeie, acredite em mim.

E é por isso que eu confio em seu julgamento mais do que tudo.

Assim que sua opinião for positiva - como foi em relação a Park Jimin -, eu sou obrigado a rever minhas perspectivas e mudar de rota completamente. Ele nunca fez um amigo que fosse cruel, porque sabe como conhecer uma pessoa apenas encarando e estando atento a cada movimento.

Ele uma vez contou-me que a única vez em que leu uma personalidade erroneamente, ele sofreu as consequências disso. Ele conheceu um cara mais velho, mais ou menos uns vinte anos, e Hoseok tinha dezesseis na época, então sim, um menor de idade.

Esse homem já crescido ofereceu-lhe boas conversas e "doces", toda vez que encontravam-se no parque da cidade. Hoseok não falou desse homem às mães, e quando elas souberam, foi tarde demais.

O problema era que, aqueles benditos doces eram drogas sob disfarce para mais rápida troca numa multidão. Hoseok não soube de primeira, e quando percebeu fez perguntas ao cara; tendo como resposta um dar de ombros e "só queria testar o produto" como explicação. É, ele foi cobaia de uma pequena elite criminosa nos subúrbios de B.C. O problema desenvolve-se quando Hobi não reclamou, apenas pediu mais da droga e passou a ser algo normal eles terem esses encontros e meu primo usar tais substâncias mal testadas.

Hoseok era uma criança, um garoto que queria ser "legal" pros coleguinhas. E, em sua percepção, se um adulto como seu novo amigo estava usando aqueles doces, ele também poderia, já que é "legal" e "maduro". Ele queria ser um homem corajoso e legal.

Aos dezessete, tornou-se um viciado.

Ele nunca mais teve confiança em pessoas novas. Às vezes fica em silêncio sempre que o tópico em questão torna-se alvo de avisos para mim, infelizmente feitas pela minha mãe. Ela sempre diz "não seja como Hoseok, ele confiou num estranho e veja no que deu". Eu amo minha mãe, sério, mas às vezes ela diz umas coisas desnecessárias.

Hoseok sempre pede perdão quando a vontade de usar aquelas substâncias acerta-lhe, e sempre confessa que quer voltar a usar, só mais uma vez e depois terá uma parada definitiva. Ele nunca para.

E parece que cometeu o erro de novo.

De rosto baixo, casaco vermelho cobrindo até a cabeça, meu primo está sentado ao meu lado na sala, aula de geografia decorrendo enquanto minha atenção está focada unicamente em Hobi e sua face deprimida e cansada.

Parece que teve uma péssima noite de sono. Olheiras, lábios roxos e secos, corpo jogado na cadeira, mãos trêmulas em cima de suas coxas. Ele está péssimo, e eu não sei como melhorar seu humor e evitar mais desastres.

E eu sei que ele está odiando toda atenção da sala nele, e do professor também. Claro que todos sabem de seu problema, e claro que todos estão doidos para mais fofoca.

Cidade pequena sempre sabe de tudo e de todos, né. Mesmo assim até hoje ninguém bota a culpa naquele cara, e ninguém procura fofocar sobre seu nome; já que o que ele fez é um crime grave que pode muito bem resultar a meses ou anos de prisão.

Epiphany |    Jjk/pjm Onde histórias criam vida. Descubra agora