A loba da revolução

XIII

Scarlett on

Cristopher havia saído logo depois do almoço para conversar com Irene. Ainda não conseguia entender que ele era supremo

Ele estaria no trono algum dia se desejasse, ele seria forte o bastante para derrotar os homens de seu irmão e reivindicar seu lugar no trono

Um lobo forte, um guerreiro nato e experiente. Ah, aquela experiência... era isso que fazia com que ele tivesse aquela calma letal. Aqueles olhos analíticos, aquela paciência irritante

Eu o odiava por isso. Odiava como se para ele o tempo fosse uma futilidade. Não aguentava isso, não suportava isso.

Ele não temia nada. Não tinha praticamente nenhum sentimento forte o suficiente para desfazer a feição plena que descansava em seu rosto na maior parte do tempo.

Pela Lua como isso me estressava

Eu era puro fogo. Pura agitação. E ele parecia uma enorme parede gelo

Completamente diferentes, incompatíveis

Eu não fazia questão de disfarçar minha indignação, minha raiva, minhas atitudes explosivas, quando estava perto dele. Aquela era eu, sempre fora: uma pessoa incansável, agitada e que não conseguia ficar parada

E talvez seja por isso que eu estou andando de um lado para o outro pela casa: porque não consigo me manter quieta

E foi por esse motivo que quando ouvi batidas na porta da cabana, quase pulei de surpresa e contentamento

Caminho até a entrada da mesma e abro a porta analisando Steve. O homem usava uma calça larga e blusa colada ao corpo revelando os músculos por debaixo do tecido.

Suas mãos estavam casualmente nos bolsos enquanto um sorriso leve estava em seus lábios. Sorriso esse, que se desfez ao me analisar de cima abaixo e só então me lembrei das roupas justas que estava usando

Por algum motivo não me sinto corar. Por algum motivo minhas bochechas ficavam vermelhas em situações muito específicas -e com uma pessoa específica- e eu me odiava por isso. Mesmo que na maioria das vezes o sangue em minha bochecha fosse causado pela minha raiva incontrolável e vontade de voar no pescoço de um certo alguém

-Só um segundo-peço deixando a porta aberta antes de disparar pelas escadas e entrar em meu quarto, vestindo uma roupa mais apropriada

Suspiro me encarando no espelho ao notar calças menos justas e uma camisa branca aceitável antes de soltar os cabelos e chegar no andar debaixo vendo o homem sentado em meu sofá

-Desculpe-balbucio um pouco envergonhada e ele sorri para mim

-Como você está?-indaga se levantando e eu caminho até ele devolvendo o sorriso

Steve esteve ao meu lado a quase todo momento nos últimos anos em que lutei pelo Sul. Esteve comigo antes que eu fosse capturada pela primeira vez e esteve comigo nos meus dois anos em fuga

Ele era um bom homem

-Estou bem-digo suspirando- agora morrendo de tédio, mas estou bem

-Se aquele homem-começa, mas eu o interrompo

-Não se preocupe com isso. Cristopher não me fará mal-apresso-me em dizer- e mesmo que tentasse, duvido que seria ágil suficiente para me alcançar

E então ele sorri e se aproxima de mim em passos lentos e silenciosos. Uma mão sua ousa tocar em minha bochecha e eu sinto algo estranho no estômago

Seus olhos estavam fixos nos meus e sua mão na lateral de meu rosto, enquanto seu polegar acariciava o local

Quando vejo que faz menção de erguer a outra mão, me desvencilho de seu toque com um sorriso envergonhado