XXXIX

16.3K 1.7K 315
                                    

Cristopher on

-Nem tomamos café-ela murmura com a cabeça em meu peito e eu sorrio, ainda mexendo em seus cabelos

-Café é superestimado-pontuo e ela ri, erguendo a cabeça para me encarar

-Não, café é necessário. Superestimado é você-diz e eu ergo uma sobrancelha, ofendido

-Você sabe que eu vou começar a gravar cada uma das coisas que você me fala e usá-las contra você de um jeito extremamente divertido para mim, não é morena?-indago vendo suas bochechas corarem pouco demais para meu gosto

Eu a quero vermelha. Vermelha como ela ficou quando gemeu meu nome há alguns minutos

-Cris...-começa vendo meu olhar sobre ela- eu acho lindo toda vez que você me ameaça e me olha assim, como se eu fosse uma gazela raquítica e indefesa correndo um leão, mas precisamos levantar

Ela faz menção de se afastar, mas com um sorriso ladino eu me ponho por cima dela mais uma vez

-Se levantar da cama não é nada necessário, e com certeza é superestimado-pontuo convencido e ela ri, dando um tapa em meu ombro

Eu quero ouvi-la rir para sempre

E lá estava seus olhos brilhantes e seu sorriso leve me encarando. E eu não queria mais nada a não ser estar ao seu lado. Eu não quero uma relação meramente carnal, não só a quero para mim, eu a quero comigo.

Eu queria encará-la por horas, gravar cada detalhe de seu rosto. A queria ao meu lado pelo resto de minha vida.

Mas a batida estridente na porta do andar debaixo foi suficiente para que meus sentidos fossem atiçados

Suficiente para que nos olhássemos pela última vez, com certa decepção, mas com a compreensão que só líderes poderiam ter. Sabíamos o que viria e entendíamos isso, por mais irritante que fosse

Suspiro antes de dar um beijo demorado em sua testa e sair de cima dela, vestindo a cueca e calça do chão antes de ir até a porta do quarto

A lanço um último olhar e ela apenas faz sinal para que eu vá seguido de um sorriso triste. Podia ser alguma emergência e sabíamos que Mark poderia muito bem ter enviado soldados para qualquer lugar

Scar sabia se defender e por mais que eu odiasse, ela teria de lidar com algumas coisas sozinhas daqui para frente

Corro até a porta e a abro, vendo Irene com um olhar duro. Faço sinal para que ela entre e a mulher aperta as mãos por cima da bengala quando para no centro da sala

-Acabamos de receber uma notícia de um dos nossos informantes. Mark mobilizou um exército para atacar o Sul-diz e meu coração falha uma batida- soldados treinados Cristopher, homens fortes, lobos fortes. Não temos todo esse preparo

-Quanto tempo?-escuto a voz do pé da escada e vejo Scarlett vestindo uma blusa minha e seu short- quanto tempo temos?

-Até o fim do dia. Eles se movem rápido demais-diz cabisbaixa e Scar desce os últimos lances de escada até nós

-Eles são quantos?-indaga

-Muitos-sussurra Irene, desviando o olhar

-Conseguiríamos convertê-los alguns para o nosso lado?-indaga Scar de modo profissional e Irene nega

Em qualquer outra situação eu a analisaria com orgulho. Em qualquer outro momento eu sorriria ao vê-la dando ordens, ao ver o modo
como ela lidera, mas eu só conseguia pensar no quão injusto o mundo era. Só conseguia pensar no quanto eu queria algo que não poderia ter.

A loba da revolução Onde histórias criam vida. Descubra agora