UM

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{POV. Caio}

  Estaciono minha Suzuki GSX-S1000 preta um antes da entrada do galpão e desço tirando meu capacete, Elias e Júlio param o carro logo atrás e descem cada um carregando uma AK47, meus melhores amigos e guarda-costas.

  Estaciono minha Suzuki GSX-S1000 preta um antes da entrada do galpão e desço tirando meu capacete, Elias e Júlio param o carro logo atrás e descem cada um carregando uma AK47, meus melhores amigos e guarda-costas

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  O morro até que está tranquilo hoje, ninguém de fora atravessa a barreira sem passar por algum vigia meu por lá e qualquer sinal de polícia, a gente chove de balas neles. Esse com certeza não era o destino que eu queria, plenos 24 anos e já sou o traficante que comanda a favela do Rouxinol.
  Mas já que estou nessa vida, vou fazer de tudo para não sair morto dela.
  Meus amigos ficam atrás de mim e eu ando pela calçada de pedras e aceno para alguns cidadãos, posso não ser um líder político de verdade mas pelo menos o tráfico ajudou em algumas coisas por aqui, como as sestas de alimentos que damos a algumas pessoas carentes por aqui, remédios, dinheiro para consultas médicas e etc.
  No caminho até meu galpão de desmanche, passo pelo bar que fica ao lado do mesmo onde fornecemos bebidas e vários tipos de drogas para alguns drogados daqui de perto, claro para aqueles que pagam bem e não fazem grandes apreciações pois não podemos deixar tão nítido que aqui, na verdade, é uma boca de fumo.
  Mas uma pessoa ali me intrigou, uma mulher jogada sobre o balcão onde uma das garçonetes serve bebida, ela parece já ter certa idade e está toda vestida de branco em uma calça longa e uma camisa de mangas até os pulsos. Mesmo com rosto colado ao balcão quase desacordada, não tirava a mão da garrafa de whisky ali. O que mais me intrigou é que eu nunca a vi por aqui, visitantes sem informação não são bem vindos.

- Conhecem aquela ali? - Pergunto a meus amigos e eles fazem que "Não" com a cabeça.

  Então resolvo entrar no bar, o local é esta meio escuro com uma subluz vermelha em lâmpadas de led nas paredes, apesar de passar das 15:00 horas da tarde o local já está quase cheio. Pessoas bêbadas para todo o lado, drogados, prostitutas baratas e também drogadas se esfregando em alguns homens, e isso me traz muito dinheiro. Enquanto esses idiotas sem matam em alucinógenos, eu fico cada dia mais rico.
  Me aproximo do balcão e a recepcionista está limpando o balcão.

- Quem é essa?
- Não sei, senhor, está aí desde ontem aí.
- Ela não tem cara de quem tem dinheiro. - Comento.
- Eu tenho dinheiro sim. - A mulher solta um resmungando e levanta o rosto amarrotado e babado.

  Ela é bonita apesar de velha, mas o rosto está enrugado e parece totalmente detonado pelas drogas.

- Pode me dizer como entrou aqui. - Digo sério mas a mulher parece tão bêbada que nota meu tom.

  Já lidei com esse tipo de idiota, parece que eles pedem pra morrer.

- Entrando, caralhos, estava lá e eu entrei.
- Me responde direito, caralho!

  Puxo o braço da mulher com força e nesse mesmo instante, Júlio e Elias apontam suas armas para a mulher. Ela arregala os olhos, como se ficasse lúcida de uma hora para a outra.

- Eu... eu tinha um dinheiro, mostrei para um dos teus guardas e disse que... que queria umas paradas pesadas. - Ela explicou gaguejando de medo.
- Ela já usou de tudo, sonhor, cocaína, lança, crack, maconha, bebeu pra caralho mas o dinheiro que ela deu não pagou nem metade. - A garçonete informou e eu bati com força no balcão.
- E como você me vende esse tanto de merda pra essa puta velha sem dinheiro? Enlouqueceu? Como pode vender sem a garantia de um pagamento? - Digo irritado e a garota fica pálida como papel. - Com você eu me resolvo depois, quero saber como você vai pagar isso tudo. - Me viro a mulher.
- Eu... eu posso buscar o dinheiro... A minha filha tem e... - A mulher fala nervosa e eu solto uma risada.
- Olha isso, Elias e Júlio, ela acha que aqui é bagunça. Você não vai buscar porra de dinheiro nenhum, eu quero esse dinheiro aqui, agora!

  Grito e a mulher treme inteira.
  Não entrei no caralho desse mundo do crime pra qualquer um vir passar a perna em mim.
[...]

{POV. Virgínia}

- Aqui, meu bem. - O homem alto e moreno joga as notas sobre mim na cama e eu gargalho com a chuva de dinheiro.
- Ui, alguém gosta de ser bonzinho.

  Digo com a voz aveludada sentada complemente nua na cama enquanto meu cliente, que eu não faço ideia qual seja o nome, já estava vestido em sua roupa social.

- Apenas agradando aquela que me agrada. - Ele segura meu pescoço com delicadeza e me beija.

  Para mim, o mesmo beijo sem sal e sem emoção igual a todos, um fingimento que eu aprimoro em todos esses anos mas que em meu interior é sempre a mesma dor. Eles jogam dinheiro em mim porque me acham imunda e fácil, e eu sei que sou imunda e fácil, eu tenho que ser para poder não morrer de fome.

- Até a próxima, meu bem. - Digo sorridente ao sair do beijo.
- Te espero em breve.

  Ele se afasta com um sorriso malicioso e eu sorrio de volta enquanto me apoio em meus cotovelos apoiados na cama do quarto do motel, fazendo o homem ter uma visão de todo o meu corpo nu. Uma ótima despedida para ele voltar mais vezes com mais dinheiro.
  Enfim, ele sai fechando a porta e eu suspiro me jogando na cama. 6 anos como prostituta: 2 ano como prostituta de rua e 4 anos como profissional do sexo. E é sempre o mesmo sentimento após um atendimento, o mesmo vazio de sempre.
  Me olho no espelho no teto do quarto, meus olhos são verdes um pouco amarelados, meu cabelo loiro bem liso, meu rosto fino mas sensual, minha cintura impecável, seios fartos, bunda farta e pele delicada. O corpo perfeito que eu me mato todo dia para manter, mas enquanto isso minha alma continua dilacerada a cada dia também.
  Olho o relógio na parede e já se passam das 17:00 horas da tarde, vou passar em casa antes dos meus atendimentos extras da noite.
[...]

  Abro a porta do meu apartamento e dou de cara com Raquel jogada no sobre meu sofá com a TV ligada e um balde pipoca, nunca vi uma pessoa tão folgada e que me deixasse com tanto ódio.

- Aí meu Deus, ainda bem que você chegou! - Mel sai de seu quarto. - Onde você estava? Te liguei e mandei umas mil mensagens.
- Acho que meu celular descarregou e nem percebi, o que houve? - Digo já em pânico.
- Um cara me ligou, ele está mantendo tua mãe refém em uma favela.

Continua...

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  Conferiram o book trailer? Não percam tempo, gente.
  Então o que estão achando da história até agora.

Um Anjo entre o Céu e o Inferno (Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora