DEZESSETE

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{POV. August}

- Quando o diabo não comparece, manda um assistente... - Sussurro para mim mesmo, enquanto me viro.
- O que disse? - Camila me olha confusa.
- Não, nada. Esquece. - Balanço a mão. - Então o que quer? - Suspiro.
- Tenho que preparar algo para nosso evento daqui há alguns meses, queria saber se tem alguma ideia ou pelo menos alguma exigência. - Minha esposa explica andando até mim e eu continuo sem entender.
- Que evento?
- Como assim que evento, August? - Camila dispara. - Não acredito que você esqueceu.
- Camila diz logo o que é e pronto, sem dramas. - Reviro os olhos.
- Como assim sem dramas? August mais um ano e você esquece de nosso aniversário de casamento, esse ano fazemos 14 anos de casados. Pelo amor de Deus, August! - Camila diz irritada e eu suspiro.
- É sério isso? Camila, todo ano você faz uma festa enorme sem nem me perguntar nada, qual a diferença esse ano? - Dou de ombros.

  Camila caminha devagar até mim, aqueles passo elegantes e sexys revelam que eu sei o que ela quer, quer algum jeito de me dominar e fazer o que quiser. Mas já estou casado tempo demais para já saber todas as artimanha dessa mulher.
  Camila para a pouquíssimos centímetros de mim e segura a gola de minha camisa social branca com cuidado.

- Eu só queria que você mostrasse um pouco de interesse pela nossa festa de casamento. - Sua voz sai aveludada, como a voz de anos atrás quando ela me seduziu e me levou para a cama para engravidar de mim, e em seguida me arrastar para o altar.
- É apenas uma festa que vai acontecer daqui há alguns meses, Camila. - Rebato.
- Não é apenas uma festa, meu querido, é o nosso casamento. - Ela rebate de volta mas sem mudar sem tom. - Acha que não sinto tua falta quando você vira para o outro lado da cama toda noite? Eu sinto, sinto muito a tua falta, August. Sinto falta do meu marido.

  Meu corpo fica rígido quando sinto uma das mãos de Camila descer por meu corpo até chegar a meu membro ainda debaixo de calça, ela o apalpa e eu viro meu rosto tentando reprimir qualquer instinto primitivo e idiota que possa aparecer. Mas é quase impossível, Camila pode ser uma verdadeira cobra manipuladora mas com certeza é uma bela mulher, o corpo cheio de curvas fartas, independente de qualquer coisa, eu lembro que ela sabe muito bem como trabalhar com seu corpo.
  E, puta merda, só de pensar das coisas infames que fiz com ela quando estávamos no auge do nosso início de casamento, me sinto enrigecer.
Droga de pau, só responde quando não é perguntado.

-  Você vunca mais me procurou, August, eu ainda tenho esperanças de darmos um irmão a Ana.

  De repente, como uma bomba jogada em mim, lembro-me do quão Camila piorou depois que Ana nasceu, Ana é a fechadura que me cela a ela para uma eternidade de reclamações e intrigadas. Outro filho com ela seria um novo cadeado que eu definitivamente não quero.

- Nunca! - As palavras pulam de minha boca e eu seguro as mãos de Camila lhe afastando devagar.
- Que?! - Camila quase grita. - August, porque me rejeita?!
- Porque você faz da minha vida em um inferno há 14 anos! - Disparo com raiva.
- Somos casados, seu filho da puta, querendo ou não eu sou sua esposa! - Camila grita com raiva.
- Nosso casamento é a porra de uma aliança de empresas que você me abrigou a fazer depois que engravidou de Ana! Nosso casamento é uma mera conveniência, então não venha me cobrar o que não cabe nesse pacote! - Desabafo em gritos.
- Eu ia pedir uma carona para a escola mas pelo visto, vou pedir para ao motorista mesmo.

  Ouvimos a voz de Ana atrás de nós e nos assustamos a perceber que ela ouviu quase toda a discussão.

- Ah oi, filha... - Digo meio nervoso tentando me acalmar. - Vem, eu te levo.

  Ana me observa por alguns minutos e em seguida olha para a mãe, Ana usava sua camiseta gola polo do colégio, uma calça preta jeans rasgada, all start, um casaco preto por cima e uma touca moletom na cabeça. Estranhamente, ela me olha e sua boca torce várias vezes, enrugo a testa e ela vira o rosto rapidamente.

- Não, eu vou com o motorista mesmo. - Minha filha diz voltando para dentro da casa, provavelmente para chamar o motorista.

  Camila me olha por um instante e logo sai também.

- Droga! - Dou um chute no pneu de meu carro.

  Ana já é uma adolescente problemática e anti-social, e sei também que eu ainda não aprendi como lidar com isso.
  Não são nem 08:00 horas da manhã e minha cabeça já está explodindo de estresse, eu preciso relaxar, preciso sair desse inferno de casa, desse inferno de casamento.
  Eu preciso de Virgínia. O meu anjo.
[...]

{POV. Virgínia}

  Júlio estaciona o carro em frente ao prédio de meu apartamento e eu desço com minha bolsa grande sobre o ombro. Eu estava bem cansada, usava uma calça legging preta, um casaco moletom largo e um tênis preto, a preocupação já martelava em minha cabeça ao lembrar que em breve Vera me mandaria meus clientes de hoje, ela não sabe o que aconteceu na noite anterior. Eu daria tudo por uma manhã de folga.
  Levo um enorme susto quando vejo Mel sentada sobre um banco de cimento que há em frente a meu prédio e assim que ela me ver, ela da um salto e corre até mim.

- Ai meu Deus, Virgínia! - Minha melhor amiga se joga nos meus braços quase me enfocando e pouco depois se afasta. - Você está bem? Ele te machucou? Aí meu Deus, fiquei com tanto medo.

  Melyssa tem seus olhos marejados e também me emociono ao perceber que estava tão ludibriada por alguns instantes no morro que não percebia a periculosidade de onde eu verdadeiramente estava.

- Ela está super bem, relaxa. - Júlio fala por mim.
- Cala a boca, seu bandido. - Mel dispara e eu fico surpresa.
- Ei, olha a boca! - Digo rápida.
- Ah agora vai defender eles só porque passou uma noite lá? - Ela rebate. - Aliás... - Ela me da um tapa no braço. - Você vai me contar tudo direitinho sobre lá, eu estava quase tendo uma síncope de tanta atraso. Era para você está aqui as 07:00, Virgínia Candeluz.

  Melyssa me recebeu com uma série de tapas no braços até que eu consegui segura-lá.

- Ei! Para de me bater! - Reclamo e então ouvimos Júlio gargalhar atrás de nós, escorado no carro.
- Para de rir da gente, palhaço! - Melyssa dispara e eu lhe seguro, percebendo as pessoas ao redor nos olharem com espanto, enquanto passam.

  Minha amiga enlouqueceu? Acabou de chamar um traficante assassino de palhaço?

- Chega, Mel, vamos entrar antes que você leve tiro. - Digo empurrando-a.
- Eu jamais atiraria em uma boneca dessas. - Júlio fala atrás de nós.
- Vai para o inferno!

  Melyssa lhe manda um gesto obsceno com o dedo do meio, e recebe apenas gargalhadas em resposta e provocação.
[...]

Continua...

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  Só confusão atrás de confusão, isso que digo kkkk

Um Anjo entre o Céu e o Inferno (Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora