A deusa, e a condenada

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  O palácio dourado está lindo, como sempre. Ando calmamente enquanto um Josh saltitante está a minha frente, apreciando a vista pelas enormes janelas abertas que ornamentam o corredor, não o reprimo por correr pelos corredores, e nem ninguém ousa também, sabem o que ele é para mim, é o ômega é doce demais para que alguém oussase magoa-lo, todos já o amam.

— Mãe, olhe! – Diz apoiados em uma das janelas, olhando para baixo e dando pulinhos animados enquanto aponta para algo, me aproximo e olho para onde apontada, extasiado.

— São flores do amor, Luz que as fez. – Poder falar de minha irmã sem dor é uma benção bem acolhida por mim, ela estava bem agora, livre das garras de Trevas e se recuperando bem, e eu nunca deixarei algo parecido acontecer a ela novamente. Algumas das flores se soltam de onde estavam, no gramado do jardim de uma varanda, e flutuam até minha mão estendida, onde pousam suavemente. Elas são lindas e não me impressiona elas terem chamado a atenção de Josh, eram de um tom azul bem claro, mas suas bordas eram de um dourado vibrante  e no meio delas eram rosados, pequenos fios de pólen vermelhas  saltavam do centro delas, elas cheiravam muito bem.

— É para mim? – Pergunta dando vários pulos animados quando eu coloco as duas flores que peguei em sua orelha, prendendo o caulhe em seu lóbulo, elas obedientemente se entrelaçam e se prendem na orelha do meu ômega.

— Mas é claro, para um ômega tão lindo e obediente eu só poderia dar as flores mais lindas do reino! – Seus olhos brilham, exalando a inocência que apenas uma criança, como ele, é capaz de ter. — Agora vamos, sim? Temos um jantar para ir ainda. – Ele acena com a cabeça, obediente, e volta a pular pelo corredor, as flores felizmente estão presas o suficiente para não cair, sei que ele choraria caso deixasse elas caírem e suas pétalas se machucassem na queda, ele era tão sensível...

  Eu nunca parei para conversar sobre o comportamento de Josh, eu o entendi no primeiro momento que olhei para seus olhos assustados.  Meu pequeno havia perdido sua infância quando menor, havia sido humilhado, chicoteado e esmurrado por simplesmente ser quem era, um ômega, uma raça tão pura e tão rara. Quando o acolhi como meu servo, quando cuidei dele e o dei amor, seu comportamento mudou para mais infantil, eu não o questionei sobre isso, apenas o acolhi em meus braços e disse que ele poderia agir como bem entendesse, e ele desde então age com uma idade inferior a sua a maioria das vezes, ele ainda fica grandinho e age como meu servo muitas vezes, principalmente quando tenho reuniões importantes, mas quando nos recolhemos ele volta a sorrir bobo e se acomoda em meus braços, pedindo por um cafuné que eu não nego em lhe dar. Josh é meu pequeno ômega frágil, e eu cuidarei dele por toda minha vida imortal.

— Minha senhora, tem certeza que quer fazer isso? – Me questiona quando paramos a frente do portão da masmorra, onde apenas uma prisioneira está algemada e exposta a luz para que enfraqueça. Sua prisão em uma alta torre, longe da escuridão que lhe fortalece. — Não gosto quando fica triste.

Sorrio para ele, passando as pontas de meus dedos sobre seu rosto, arrumo as flores que escorregada um pouco e beijo sua testa.

— É algo que preciso fazer, me espere com Matheus, eu não demoro, e logo mais nós iremos nos encontrar com Thoren para comermos, ja estou escutando sua barriguinha pedir por comida. – Suas bochechas ficam coradas, mas ele acena com a cabeça.

— Me chamou, senhora? – Pergunta surgindo atrás de mim, aceno com a cabeça e olho por cima do ombro para Matheus.

— Chamei, leve Josh para se arrumar para o jantar de hoje, Katrina ja está arrumada, eu presumo? – O rosto bonito de meu guardião se contorce em uma careta quando cito sua companheira.

— Sabe que não, Kat pode demorar muito para se arrumar, de acordo com ela, ela está apenas na metade. – Balança a cabeça e rio baixinho. — Mas vamos lá, pequeno, vamos arrumar algo bonito para você.

ANOITECER- Contos de Rejeitada Pelo AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora