Gaiola de Pandora

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Sempre me importei muito com as pessoas 
São passarinhos fofos que guardo na gaiola
Que guardo na minha mente
Que prendo na minha mente

Sabe os passarinhos?
Eu corro atrás deles
e chamo eles
Quantas recordações boas...

Adoro escutar eles cantarem 
Adoro vê-los voarem 
Adoro acariciar as penas macias
Até que recebo uma bicada 

um estralo, um aviso

Por mais que prenda todos na gaiola,
eles não são de verdade 
Só tenho a ideia de passarinho 
Os verdadeiros se foram

Eles encontraram outras gaiolas
gaiolas melhores
E deixaram a minha aqui
Vazia

O que há de errado com a minha gaiola?
Não é boa o bastante?
Não é brilhante?
Não é cativante?

Fiquei muito tempo perdida na ideia de vocês 
Esperei
Esperei pela vinda de vocês 
Mas nada

Esperava no café da manhã,
no almoço,
no café da tarde,
no jantar e nada

Nada de seus cantos
Nada dos seus vôos 
Nada das suas penas macias
É isso mesmo?

Tinha a esperança de vocês voltarem
A esperança alimentava esse desejo
Não os vejo
Queria que vocês me amassem

Sempre deixei a portinha aberta
Quem se lembrar, entre
Quem chegar, entre
Quem voltar, entre

Só que meses se passaram
Anos se passaram
Passarinhos, vocês não voltaram
Cansei, agora a portinha para vocês está fechada

Não tenho mais esperança 
A esperança ficou na Caixa de Pandora
Prefiro minha gaiola vazia do que passar por todas essas idas e vindas
Minha gaiola é de Pandora 

Poemas noturnos e aleatórios Onde histórias criam vida. Descubra agora