Poemas noturnos e aleatórios

Asas de medo

Eu não quero me ver
Eu não quero me olhar 
Eu não sei o que quero ser
Eu não sei se quero mudar

Eu preciso desta fumaça
Ela embaça o espelho do banheiro
O que me cobre são asas
Não são asas de anjo, são de medo

Quanto mais tenho certeza, mais me afogo
As perguntas me afundam
A confusão eu não controlo
Meus pensamentos lutam

Eu são consigo enxergar 
Olho para o espelho e me pergunto:
"Quem é você?"
Mas sempre respondo: "Eu não sei"

Não consigo decidir 
Não consigo seguir
O que há de errado?
Algo está acontecendo comigo, isso é claro 

A escuridão é tentadora e amarga
Tento, em vão, ter calma
Para onde meu corpo está me levando?
Como posso acordar de um sonho que caio de um precipício? Não era para eu estar voando?

A cada bater das asas, cacos de vidro se espalham, eu não sei quem eu sou, eu nao sei quem quero ser. Essa confusão me cansa, me prende como uma aliança de um compromisso tóxico e mórbido. Eu não consigo me ver no espelho, estou com medo.

Quem é você?

Iury Batata