Eijiro estava chorando.
Katsuki estava acariciando suas costas.A situação emocional de Eijiro estava melhorando aos poucos, mas isso não o impedia de acordar no meio da madrugada aos prantos. O apoio do seu namorado estava pouco a pouco o fazendo se sentir melhor.
Tudo piorava quando saíam nas ruas. Os olhares de desaprovação retrocedia com tudo que conquistaram e fazia ele se sentir mal de novo; mas estavam trabalhando nessa parte.
A primavera estava chegando ao fim.
A estação que os forneceu os mais diversos tipos de sensações, os levou a transtornos e felicidade, mudou os pensamentos de um certo loiro à respeito de flores e selou os laços de União entre os dois jovens apaixonados.
Longos meses, vivenciando a companhia um do outro e se sustentando na reciprocidade de seus sentimentos.
Os pais do loiro receberam o ruivo de braços abertos, felizes que o filho pudesse realmente ser feliz ao lado de alguém.
Os dois andavam na calçada de mãos dadas, a rua estava pouco movimentada. Kirishima estava cansado, não dormiu bem nas últimos dias.
_ Eu estou com medo... _ disse o ruivo, seguido de um bocejo.
_ Não se preocupe... Vou estar aqui com você _ Bakugo apertou a mão dele como uma demonstração de segurança.
Estavam agora frente ao portão da casa de Kirishima, iriam fazer algo que viviam adiando:
Revelar o relacionamento ao pai do ruivo.
Kazumi não fazia ideia de que Eijiro era gay, portanto não sabia o que esperar da reação dele. Estava com medo, não suportaria ser rejeitado pelo próprio pai.
Separaram as mãos ao entrar na casa, o rosto de Eijiro transparecia nervosismo.
Kazumi estava de saída novamente, mas foi parado com o pedido do ruivo de conversarem. Sentaram-se à mesa e puseram-se a conversar, com um pouco de dificuldade já que não sabia como tocar no assunto.
_ Quem é esse rapaz com você Eijiro?
Engoliu em seco. Tentou pensar em algo mais elaborado mas decidiu ser direto.
_ P-Pai... Esse é Katsuki Bakugo. Meu n-namorado.
Bakugo intercalou o olhar entre os Kirishimas e por fim disse:
_ É um prazer conhecê-lo senhor.
Kazumi os encarou, não sabia exatamente o que fazer, resolveu perguntar:
_ Há quanto tempo?
_ Três meses.
_ Estava namorando escondido de mim há três meses? Com um garoto ainda por cima?
Essa última parte foi desnecessária, sabia disso mas não conseguiu evitar. Ainda não acreditava que seu filho fez escondido de si, era só os dois agora, tinham que se apoiar e tudo mais, mas Eijiro ocultou coisas de si. Coisas importantes. O que mais ele fazia escondido?
Eijiro estremeceu com a última parte, será que seu pai o rejeitaria?
_ D-Desculpe. Não deveria ter escondido isso do senhor... Está... Tudo bem?
_ Vai ser difícil me acostumar com a ideia de que você é gay. Mas não há muita coisa a fazer a respeito. Deveria ter me contado antes, não esconda mais coisas de mim. E você - Apontou para Bakugo que engoliu em seco ao encara-lo, Kazumi estava com uma aura assustadora - Se eu ficar sabendo que magoou meu filho vou te caçar e quebrar o seu pescoço..
_ Não se preocupe. Isso não vai acontecer.
❇ ❇ ❇
Eijiro estava aliviado. Seu pai não brigou consigo e isso era uma Vitória para si.
Estava sentado em um banco do mesmo parque onde recebeu sua declaração, observava as plantas pouco a pouco deixarem de florescer e se tornarem apenas folhas verdes. Já não existiam muitos lírios vivos por ali, assim como as cerejeiras que estavam nuas de suas flores.
Sentiu-se completo ao lado de Katsuki, não seria fácil superar o luto, mas poderia contar com todo o carinho e atenção do seu namorado, ajudando-o a não se sentir sozinho.
Sem dúvidas conversar com o emo solitário da sala de aula foi a melhor decisão que poderia ter tomado.
Para Bakugo foi ter dado atenção àquele garoto estranho de cabelo colorido.
Apreciava o cheiro adocicado que emanava do ruivo, apertava a mão dele carinhosamente e tinha a cabeça dele apoiada em seu ombro.
Sem dúvidas... O mundo poderia ser cruel com eles, a rejeição do mundo é desmotivadora, mas melhor que tudo isso é a vontade de viver.
E fariam isso. Juntos. Não seria fácil, sabiam disso, mas desistir não é uma opção.
Agora, a primavera se esvai indicando o início do verão. As férias se iniciariam em breve.
No fim, Bakugo aprendeu a apreciar a primavera e Kirishima realizou seu desejo de passa-la junto da pessoa amada.
Com certeza nada foi como planejaram, não foi somente paixão que sentiram na tão acolhedora "Estação do amor"... Mas mesmo assim... Foi bom.
_ Oe, Tsuki.
_ Fala.
_ Eu te amo.
Coraram.
_ E-Eu... Eu também te amo.
Com as juras de amor recém renovadas, apreciaram o restante do dia lado a lado.
As flores descansaram, os pássaros levantaram vôo, a atmosfera se aqueceu... É... É verão.
Assim a primavera se encerra, carregando junto às suas Pequenas Pétalas dançantes, as memórias daqueles que compartilharam do amor mútuo.
"Sejamos como a primavera que renasce cada dia mais bela...
Exatamente porque nunca são as mesmas flores."Clarice Lispector
Fim.
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Musiquinha que eu amo e acho que tem tudo à ver com os dois 💛
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Pequenas Pétalas
RomanceUma lembrança primaveril. Um período que marcou a vida de Bakugou e Kirishima de muitas maneiras diferentes. Uma notícia totalmente inesperada, trazendo consigo sentimentos que desejara nunca precisar sentir. Será que somente a companhia e afeto um...