Capítulo 9 - Primeiro Passo

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Acordei incrivelmente descansada pra alguém que encheu a cara e transou a noite toda.

Tentei me espreguiçar, mas um braço musculoso ao redor da minha cintura me impediu. Abri meus olhos e eles levaram um segundo pra se ajustarem a claridade. Quando focaram numa janela que não era a minha me lembrei que não estava na minha casa.

Eu não apenas dormi fora. Eu dormi de conchinha com Sirius Black.

Tentei me levantar, sem acordá-lo. Sentei no lado da cama e o observei. Sirius dormia, sem camisa, o rosto relaxado.

E então senti. Aquele sentimento querendo preencher meu peito novamente, aquela afeição. Mas ao contrário de ontem, dessa vez eu fiquei completamente apavorada.

Me levantei rapidamente, pegando minha roupa e me vesti. Passei as mãos nervosamente pelo cabelo, pensando na melhor forma de sair dali.

- Eu vou almoçar hoje com a minha irmã. Você quer conhece-la?

Me assustei de ver que ele estava acordado. Achei muito difícil, para não dizer impossível, sustentar o olhar dele.

- O que aconteceu com ter amnésia?

- Dane-se a amnésia. Eu gostei de te conhecer melhor. – Ele esticou o braço na minha direção.

Se eu voltasse para aquela cama eu jamais ia sair. Então fui em direção a sala. De repente me senti sufocada. Eu queria, não, eu precisava ir embora.

- O que houve? – Sirius veio em minha direção, vestindo um short. Parou a uma distância segura, sentando-se no braço do sofá.

- Olha... Isso aqui era pra ser divertido, casual e leve. E isso só foi possível porque não falamos sobre de sentimentos, porque não criamos expectativas ou apego...

- Eu estou apegado. – Ele me interrompeu, dizendo com simplicidade. – Eu estou apegado a você e eu não vejo problema nisso. – Ele deu de ombros como se realmente não fosse nada demais.

E agora uma cambalhota no meu estômago queria fazer coro ao sentimento no meu peito. Mas tudo o que eu pude sentir de fato foi um medo paralisante.

- Eu não quero me apegar. – Confessei em meio a um suspiro. – Eu não me sinto pronta.

E isso era a verdade. Certo ou errado, não importava. Eu precisava acolher o sentimento que gritava dentro de mim. E me senti aliviada de falar aquilo em voz alta.

Sirius deixou a cabeça cair. Ficou de braços cruzados, olhando os próprios pés por um momento. Quando levantou a cabeça tinha uma ruga na testa, ele estava considerando minhas palavras.

- Eu respeito isso. – Ele disse me encarando – De verdade. Mas, se isso é tudo o que você quer, eu acho que devemos parar por aqui. – Ele suspirou abaixando os olhos. Parecia ser difícil sustentar meu olhar. – Porque eu vou me apaixonar por você a qualquer minuto e eu não posso ser tão idiota me apegar a alguém que não quer se apegar.

Ele disse a última parte muito rápido, muito baixo, de olhos fechados. Parecia falar mais pra si mesmo do que pra mim. Como se precisasse se convencer daquilo.

Em mim, aquelas palavras foram um soco duplo no meu estômago.

Porra, eu quase mudei de idéia.

Quase.

Eu também não respondi imediatamente, pois esperei o efeito das palavras passarem por mim. Fiquei com medo do que sairia da minha boca se não desse esse tempo.

- É... seria bem idiota mesmo. – Foi só o que eu consegui dizer. E percebi que eu também tava tentando me convencer.

Sirius me olhava agora. Aquele mesmo olhar que me causou tantas sensações na noite anterior.

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