¡!AZUL!¡

04. Lábios

Armin observou as pessoas presentes na sala se organizarem.

Algumas vasilhas de pipocas estavam na mesinha de centro, junto com latas de refrigerante e sacos de batatas e diversos salgadinhos.

O garoto voltou sua atenção para as irmãs, que se encontravam na cozinha, preparando algumas besteiras doces.

Suspirou pequeno. Mesmo após a pequena introdução dos amigos de Mikasa, Armin não conseguia lembrar o nome de todos.

Tinha aquela garota de rabo de cavalo, Sasha. Ou será que era Ymir? Não se recordava.

Connie e Eren eram uma excessão, desde que Armin já havia os conhecido antes.

Jean também era uma, desde que o rosto do garoto era fácil de memorizar. Além de que já havia visto fotos dele umas duas ou três vezes.

Começou a contar nos dedos. Jean era o garoto com cara de cavalo - por Deus, Armin se sentia tão culpado por lembrar dele daquele modo - Ymir era a garota com sardas, certo? Niccolo era loiro de cabelo dividido ao meio. Sasha, a de rabo de cavalo. E o garoto alto de cabelo preto era Berthold. Ou era Bernardo?

— Quer?

Seus pensamentos foram afastados quando o garoto sentiu algo gelado tocar seu ombro.

Armin virou-se para o moreno ao seu lado.

— Ah, sim. Obrigado.

Sorriu pequeno para Eren, que apenas deu um sorrisinho como cumprimento. Abriu a latinha de refrigerante.

Ficaram alguns segundos em silêncio. Armin se encontrava na sua típica posição protetiva — Pés em cima do sofá, joelhos bem próximos do seu rosto — e Eren não pôde deixar isso passar despercebido.

Até acharia fofo, se não fosse esperto o suficiente para saber que Armin não estava tão confortável quanto as outras pessoas ali.

Brincou com seus próprios anéis, pensando se deveria ou não deixar o loiro quieto. Hesitou duas vezes, antes de se pronunciar.

— Aquele livro que você tava lendo hoje mais cedo. Era sobre o que? A capa era bonita.

O de coque mexeu as mãos, fazendo gestos aleatórios.

— O livro? Ah, o Homem de Giz!

Armin respondeu, virando levemente seu corpo.

— É sobre um homem, que narra coisas que acontecem no presente e no passado dele. Envolve assassinato, mistério e mais um pouco. Eu não sei te explicar, mas é um livro bem interessante. É a segunda vez que leio ele.

Sorriu pequeno, tomando um gole de seu refrigerante. Sempre se animava quando o assunto era livros. E mesmo que O Homem de Giz tivesse o decepcionado - furos no roteiro e coisas não resolvidas - ele ainda gostava de falar sobre.

— Segunda vez? Se você já sabe o que vai acontecer no final, porque tá lendo de novo?

Eren perguntou, se esticando para pegar uma latinha de refrigerante para si.

— Porque eu posso perceber coisas que eu não tinha percebido antes.

O loiro deu de ombros.

— As pistas ficam escondidas entres os capítulos, e muito fácil deixar algo passar.

Terminou, e Eren inclinou a cabeça.

— Porque é um livro de mistério. Não pode deixar nada passar.

O moreno concluiu sorrindo, e Armin afirmou com a cabeça.

— Tô passando, tô passando.

A voz de Mikasa se fez presente, chamando a atenção de Armin, que se pôs a observar a irmã, enquanto Eren se contentava e continuar olhando o de olhos azuis.

— E aí, já decidiram que filme querem colocar?

A morena perguntou, se sentando no chão, ao lado de Jean, e deixando a panela de brigadeiro sobre a mesinha.

Eren voltou sua atenção para o casal.

— Eu queria colocar 10 coisas que eu odeio em você, mas o Eren não quis.

Sasha reclamou.

— Aquele filme é chato e meloso, pelo amor de Deus.

Eren resmungou, revirando os olhos.

Não suportava mais aquele filme. Não mesmo.

— Realidade: Você tem inveja do que eles têm.

Jean zombou virando-se para Eren, que lhe deu o dedo do meio, o deixando encostado na cara de Jean.

— Claro claro, óbvio que eu vou ter inveja de um casal que só começou a sair por causa de um acordo pra outro cara pegar uma 'mina.

Falou. Jean se contentou em tirar a mão de Eren de sua cara, dando um sorrisinho. No fundo, bem lá no fundo, sabia que estava certo.

— Eu gosto. A Kat e o Patrick ficam bonitinhos juntos.

Armin se pronunciou em tom calmo, enquanto jogava algum jogo em seu nitendo.

— Até você? Meu Deus.

Eren levantou as sobrancelhas, e Armin apenas deu um sorrisinho.

— Mas como é que é? A gente vai assistir essa caceta ou não?

O tom de Ymir saiu apressado.

— Eu preciso voltar pra casa mais cedo hoje.

Berthold avisou baixinho. O garoto dividia um apartamento com o namorado, e já que Reiner estava fora, o moreno queria ir mais cedo, para que pudesse cozinhar algo gostoso para o loiro.

— Ah é, por falar nisso, onde tá o Reiner?

A voz de Niccolo fora ouvida e Ymir bufou, sussurrando um 'pelo amor de Deus', enquanto escorava sua cabeça no ombro de Historia.

Iriam assistir filmes ou não?

— Ele teve que ficar cuidando da Gabi e do Falco hoje.

Berthold mexeu a mão, fazendo gestos aleatórios.

— Que bonitinho, ele foi cuidar da minha cópia.

Sasha sorriu pequenininho e Connie animou-se.

— Aquela criatura é a sua cara. Além de ser esfomeada do mesmo jeito.

Connie tirou graça, arrancando a risada da melhor amiga.

— Okay pessoal, escolhi o filme.

História falou em tom calmo, assim como o irmão, e se inclinou para colocar o filme. Armin viu Ymir encarar a bunda da loira, levantar a mão, hesitar e desistir, dando um suspiro frustado.

O gêmeo mais velho arqueou a sobrancelha, mas decidiu ignorar, voltando sua atenção para tv.

— Sobre o que esse filme fala?

Niccolo perguntou.

— É sobre uma prisão com vários andares e pouca comida.

Historia disse em tom sério, pedindo silêncio. Queria se concentrar no filme.

Mikasa e Armin trocaram olhares. Os três irmãos tinham um gosto para filme um tanto peculiar.

Sasha enfiou uma colher de brigadeiro na boca.

— Eles vão virar cozinheiros ou algo do tipo?

Sussurrou para Connie, que apenas confirmou com a cabeça. Talvez fosse isso mesmo.

Armin deu um sorrisinho, rindo da cara dos dois, e Eren estranhou.

Armin voltou seu olhar para Eren, e se aproximou, colocando uma das mãos ao lado da boca, como se contasse um segredo.

— Acho melhor você não comer muita coisa.

Falou sem voz, na esperança de que Eren entendesse.

Eren engoliu o seco. Havia entendido o que Armin falara, mas o que lhe preocupava mesmo, era sobre como os lábios do loiro eram levemente rosados.