Para onde ir?

Item 8: Festa (Parte 1)

Vaguei pela cidade.

Não sei quanto tempo fiquei andando em círculo, mas toda vez que chegava na saída da cidade, dava meia volta.

Não sei se era saudade de Miguel ou pelo medo de estar sozinha.

Nunca estive sozinha e desde que comecei a viagem, também não estive.

Mas como posso me encontrar, se eu nem consigo passar um tempo comigo mesma?

Já estava escuro e as pessoas começavam a sair das suas casas para se divertir.

A cidade ganhou um brilho e todos os estabelecimentos tinham pessoas rindo e conversando.

Decidi estacionar o carro e sai andando.

Estava tudo tão movimentado. Tantas opções de lugar, mas eu não sabia para onde queria ir.

Mas algo me chamou atenção. No meio de tudo aquilo havia uma casa, ela estava muito colorida e dos dois lados da entrada do portão haviam bandeiras com as cores do arco-íris.

A casa tinha um brilho diferente, na verdade, tudo ali brilhava muito, desde a decoração com pisca-piscas no telhado até as roupas extravagante e as perucas coloridas que as pessoas ali usavam.

Eu nunca tinha visto aquele cenário antes, era tão diferente do meu mundo.

As pessoas ali se destacariam por onde passassem, ao contrário de mim, que estava com roupas escuras e um casaco preto.

Eu fiquei vários minutos olhando, impressionada, para tudo aquilo.

–Querida, você não vai entrar? –uma drag queen perguntou parada em frente ao portão com uma expressão confusa no seu belo rosto maquiado.

Ela estava falando comigo?

Olhei para os lados, procurando alguém que pudesse ser o alvo da sua pergunta, mas todas as pessoas ao meu redor ou estavam conversando com o seu grupo ou estavam saindo do carro com as suas roupas coloridas.

–Eu estou falando com você mesma, lindinha. –ela disse enquanto se aproximava de mim. –Você não vai entrar?

–E-e-e-u? –gaguejei. –Eu não. Eu só estou de passagem. Estava andando por aqui quando vi o lugar. –falei envergonhada.

–Então, por que você não entra? Pela sua cara parecia que tinha gostado.

–Eu gostei, mas eu não estou vestida adequadamente para isso. Na verdade, eu nem sei muito bem o que é esse lugar. Mas todos estão tão bem vestidos. E olha para mim e olha para você, você está tão bonita. Eu amei o seu cabelo, sua roupa e a sua maquiagem! –disparei sobre ela com velocidade. Estava tão nervosa com a situação que as palavras só saíram e não filtrei nenhuma delas.

Mas tudo que disse era verdade. Ela estava muito bonita, da cabeça aos pés estava vestida de apenas uma cor, rosa, mas com tons diferentes. Sua peruca era longa com os fios de um rosa claro e o seu vestido ia até os tornozelos, era de um rosa pink com brilhos, assim como seu salto alto. Sua vestimenta ficava incrível no seu corpo e se destacava com a sua pele negra.

–Querida, não precisa ligar para como você está vestida, aqui é um lugar aberto para você se vestir como você quiser. E isso aqui é uma festa LGBTQIA+. Qualquer pessoa pode entrar, contanto que mantenha o respeito.

–Eu não sei se me encaixo aí, as pessoas parecem tão confiantes e seguras de si. –confessei constrangida. –Minha família não fala muito sobre isso. –admiti, me referindo à comunidade que se encontrava ali. –Esse mundo é completamente novo para mim.