Item 10: Drogas?

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Escolhas.

Eu sempre fui boa em fazer questões de múltipla escolha nas provas, respondia as perguntas de forma rápida, mas quando o assunto se tratava da minha vida, eu nunca sabia tomar decisões.

Escolher é difícil, as diversas opções sempre me assustaram.

Escolher uma alternativa de matemática era fácil, fazer contas, trabalhar com os números não era difícil para mim, mas com as pessoas é outra história...

Mas naquele dia eu tinha certeza da minha escolha, eu tinha escolhido me divertir.

A tarde foi repleta de brilho e de cor, vivi um perfeito exemplo de "CARNAVAL DA BAHIA", o que eu sempre via em filmes e escutei falar, com direito as palavras "oxente" e "barril" e com muito acarajé.

Conhecer outra cultura foi incrível, mas me fez sentir falta de casa, do "égua", do açaí, mas principalmente da minha família.

A arquitetura da cidade era maravilhosa com as cores vibrantes nas casas. E eu desejei por um momento nunca ir embora de lá, sobretudo quando olhei para o lado e vi Sandiego, Luz e Lola pulando e dançando.

—O que você acha de irmos para outro lugar? —eu me arrepiei quando a loira se aproximou de mim e falou bem perto do meu ouvido devido à música alta e contagiante.

Eu apenas balancei a cabeça confirmando, com o coração ainda acelerado pela sua aproximação.

Ficamos mais um pouco ali, mas não demorou muito para Lola dizer que um amigo dela que morava na cidade estava fazendo uma pequena social em casa e a havia chamado. Ela convidou Luz e Sandi também, mas Luz disse que eles não iriam, pois eu e Lola deveríamos ficar a sós, depois ela me enviou uma piscadela e foi embora com a promessa de que nos veríamos em breve e eu torci para que aquilo fosse verdade.

—Você gostou? —Lola me perguntou com um grande sorriso.

—Eu amei! —exclamei segurando a sua mão.

Nós entramos no carro antigo que antes pertencia ao meu avô. Olhando mais de perto agora, o carro tinha a personalidade do meu avô e da minha avó. Afinal, o que combinaria mais com os dois do que um fusca amarelo com as poltronas de couro branco?

—Você quer escutar alguma música? —Lola perguntou assim que eu coloquei o cinto de segurança.

—Pode ser.

Lola mexeu no rádio e logo uma melodia calma se expandiu pelo carro. O som me encheu de alegria e me lembrou de Luz, Sandiego, Lola e Miguel...

Enquanto a canção tocava, eu só conseguia observar a paisagem da cidade iluminada. A minha atenção foi desviada quando Lola segurou a minha mão e começou a cantar.

Parei o carro em um sinal vermelho e olhei para ela. Ela me olhou tão intensamente que senti minhas bochechas ficarem vermelhas, o aperto em minha mão ficou mais forte e isso fez o meu coração acelerar.

—"Talvez não seja nessa vida ainda. Mas você ainda vai ser a minha vida. Então a gente vai fugir pro mar. Eu vou pedir pra namorar. Você vai me dizer que vai pensar. Mas no fim, vai beijar."

Mesmo que a música tenha sido escrita e cantada por um artista, naquele momento eu senti que a letra estava saindo apenas da boca de Lola para mim, como se ela tivesse escolhido aquelas palavras especialmente para mim.

O sinal do trânsito ficou verde, os carros atrás da gente começaram a buzinar, mas eu não me mexi e não liguei para nada ao meu redor. Os automóveis começaram a passar pelo fusca amarelo, mas eu não fiz nenhum movimento, eu só conseguia olhar para Lola, meus olhos não desviaram dos seus em nenhum momento.

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