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Any Gabrielly
07 de abril de 2020
Manhattan, New York

Nunca pensei que me rebaixaria ao nível de arrumar um namorado falso e ainda pagar ele por isso. Mas a vida tem dessas coisas e cá estou eu, encarando Josh Beauchamp na minha frente, enquanto ele toma calmamente um café gelado.

Tive que superar três pessoas que surtaram após saber do meu acordo com o Beauchamp: Sabina, que saiu gritando meu nome pela escola, Sina que riu de mim e depois me zoou e Noah, que não gostou da ideia.

Claro que fiquei surpresa quando o menino me procurou e me ofereceu tal proposta, isso não é uma coisa que acontece normalmente. Mas até que o plano não é ruim, Josh vem de uma família rica e atende todos os critérios de Adelaide Franco, mais conhecida como minha adorável avó, sentiram a ironia né.

- Então - Beauchamp começa e saio do meus pensamentos - o que você tem em mente?

Resmungo algo totalmente sem nexo e tiro uma agenda da minha bolsa. Eu tenho a mania de escrever tudo, absolutamente tudo, com isso tenho a certeza que não vou esquecer de algo. Podemos comparar minha agenda com um diário, mas não chega a ser algo tão íntimo.

- Minha avó ficará um mês na cidade, então nosso namoro falso vai ter que durar esse tempo - aviso ao loiro que assente - ela é muito apegada aos detalhes, então nossa história não pode ter nenhuma lacuna vazia.

- Não sou bom em inventar histórias - Josh comenta e mexe o café com uma colher.

- Eu já fiz isso - respondo e acho a página que escrevi o enredo.

Deslizo a agende de capa de couro pela mesa do Starbucks e Beauchamp pega ela. O loiro olha atentamente para a página e assente de vez em quando enquanto lê. Josh é um garoto bonito e sei que boa parte das meninas da Constance tem uma queda por ele.

- Você é boa nisso - Josh me elogia - quer ser escritora?

- Jornalista - murmuro e o loiro concorda - bem, você deve decorar isso de cabo a rabo, de trás para frente, enfim, você deve decorar isso.

- Ok - ele molha os lábios com a língua - você não acha de devemos saber um pouco um sobre o outro?

- Pode ser - dou de ombros - bem, minha cor favorita é vermelho vinho.

- Que fato encantador - reviro os olhos - eu tenho dois irmãos, Sofya e Jaden. Meus pais se chama Ron e Ursula e os dois são engenheiros.

- Só tenho a Sabina de irmã - conto e batuco meus dedos na mesa - meus pais se chamam Priscila e Andrew, minha mãe não tem emprego e meu pai é fuzileiro naval.

- Nossa - Beauchamp murmura baixinho - coisas banais agora?

- Tenho alergia a amora - aquelas frutas vermelhas e suculentas são meu maior pesadelo - gosto de ler romances de época e não assisto muitas séries, não tenho paciência.

- Eu como de tudo - dou uma risadinha e Josh me acompanha - não sou muito fã de livros e também não gosto muito de séries, prefiro filmes de ação.

Tomo o último gole do meu chá gelado e brinco com o canudo de aço com o gelo que sobrou no copo. Não sei bem o que contar para Josh, não somos amigos e isso está ficando meio desconfortável.

- Por que você precisa de um namorado para apresentar para a sua avó? - ele pergunta meio receoso e tiro o foco do gelo.

- Minha avó sustenta minha família - conto com um pouco de vergonha - um das condições dela para pagar minha faculdade é que esteja namorando alguém e como ela virá na semana que vem, eu preciso apresentar alguém para ela.

- Então a Sabina só está com o Jonah por isso? - nego rapidamente com a cabeça - é que os dois tem um namoro estranho.

- Eles tem a forma deles de se gostarem - dou de ombros, ao contrário da minha irmã, não me meto em sua vida amorosa - nós temos que ter algumas regras.

- E temos que falar sobre quanto irei ganhar - Beauchamp lembra e assinto.

- Primeiro que só daremos selinho quando minha avó estiver vendo, segundo que não quero nenhuma mão boba - digo séria para o loiro a minha frente - terceiro que não precisamos fingir isso na escola e quarto, você tem que ser o melhor namorado do mundo.

- E adiciona um quinto item, minha família não precisa saber - concordo e por força do hábito anoto na minha agenda - agora sobre o financeiro.

- Bem, 2o dólares? - dou um número e Josh me olha ofendido.

- 500 dólares - me engasgo com minha própria saliva, ele só pode estar brincando.

- Sem chance, no máximo 50 dólares - garanto ele que nega com a cabeça.

- 400 dólares então - ele rebate.

- 150.

- 350 dólares.

- 250 é pegar ou largar - digo para ele.

- Feito - ele me estende a mão e eu aperto ela - quando irei receber o dinheiro?

- Só depois que minha avó for embora - solto a mão macia de Josh e a coloco no meu colo.

- E ela ficará quanto tempo mesmo? - ele não prestou atenção em nada do que eu disse?!

- Um mês - respondo ácida.

- Certo então - ele sorri e bebe mais um gole do café - quando sua avó chega?

- No domingo de manhã - aviso - você irá com nós buscar ela no aeroporto.

- Não estou disponível no domingo de manhã - reviro os olhos com o comentário.

- Não esquece que estou pagando você, então você tem que fazer tudo que eu dizer - sou um pouco mais rude do que gostaria - vamos passar buscar você e esteja com roupa esporte fino.

- Ela é sua avó ou a Rainha da Inglaterra? - ele pergunta sarcástico e me seguro para não rir.

- Ela bem que gostaria de ser a Rainha da Inglaterra - dou um sorriso com a imagem da minha avó sentada no trono e com uma coroa na cabeça - ah, você só deve me chamar de Any ou Gabrielly na frente dela.

- A sua irmã chama você de Elly, não posso chamar assim também? - me surpreendo ele saber do meu apelido.

- Vovó acha vulgar chamar a pessoa pelo apelido - dou de ombros - é melhor não discordar dela.

Dou uma olhada no meu celular e vejo que está quase na hora do ballet. Guardo minha agenda na minha bolsa e tiro minha carteira de dentro dela, pego uma nota que pague o chá e que deixe uma gorjeta para o garçom.

- Eu preciso ir - digo me levantando - a propósito, eu teria pagado 500.

- E eu teria aceitado por 50 - ele retruca e dou risada - até amanhã Elly.

- Até Beauchamp - paro na porta e me viro para ele - outra coisa, você não pode se apaixonar por mim.

- Não vou - ele garante - e nem você por mim.

Aceno com a cabeça e saio da cafeteira. Estendo o braço tentando parar algum táxi e vou correndo até um no outro lado da rua. Bem, agora não tem mais volta, eu estou namorando Joshua Kyle Beauchamp.

No boyfriend - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora