No boyfriend - Beauany

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Any Gabrielly
19 de abril de 2020
Manhattan, New York

Sinto alguém mexendo no meu cabelo, então sinto dedos tocando minha pele, fazendo pequenos círculos na minha bochecha. Lentamente abro meus olhos e encaro Josh deitado de frente para mim, com a mão na minha bochecha.

- Você fica tão linda dormindo - ele murmura com uma voz rouca.

- Eu fico linda de qualquer forma - respondo pegando na mão dele que está na minha bochecha e tirando ela do meu rosto.

- Meu Deus Elly, você estragou todo o clima - ele reclama e senta na cama.

- Clima que não era para estar tendo - retruco grossa e me sento na cama.

Olho para a televisão e vejo que os créditos ainda estão subindo, isso quer dizer que dormi a maior parte do filme. Pego meu celular que está no criado mudo e vejo que já são meio dia.
Minha mãe mandou uma mensagem dizendo que saiu para almoçar com a Georgie, uma amiga dela e que deixou dinheiro na mesa.

- Está com fome? - pergunto para o loiro ao meu lado.

- Morrendo - ele diz rapidamente e dou risada - você sabe cozinhar?

- Eu sei fazer macarrão instantâneo - dou de ombros, não sou um talento na cozinha - quer almoçar fora?

- Ótima opção - ele se levanta da minha cama - vou esperar você na sala.

Assinto com a cabeça e Josh sai do meu quarto. Tranco a porta só por garantia, tiro minha camisola e coloco um sutiã confortável, olho meu guarda roupa e decido colocar um vestidinho fresco. Vou até o banheiro e penteio meu cabelo, decido não usar maquiagem, afinal, só vou sair para almoçar com o Beauchamp.

Encontro o loiro mexendo concentrado no celular, engulo um seco ao me pegar pensando como ele fica bonito sentado naquela posição. Josh e eu estamos muito próximos ultimamente, apesar de estar sendo bem divertido, considero isso um erro terrível.

- Vamos? - chamo ele que levanta em um pulo.

- Vamos Presentinho de Deus - abro a porta do apartamento e deixo Josh sair primeiro, depois saio e tranco ela - tem algum restaurante de preferência?

- Podemos almoçar no Starbucks - dou uma hipótese e ele me olha incrédulo - eu quero tomar chá gelado.

- Chá gelado é como cocaína para você - ele compara revirando os olhos - você deve gostar mais de chá gelado do que de si mesma.

- Eu poderia me casar com um chá gelado que não reclamaria - brinco e Josh ri sem humor - com certeza tem algo que você não viva sem.

- Oxigênio é um ótimo exemplo - ele fala e mostro a língua para ele - quem mostra a língua é porque quer beijo.

- Eu quero é um chá gelado - resmungo e Josh me puxa para a primeira cafeteria que vê.

Entremos na cafeteria, ela tem um estilo meio anos 60 e uma decoração bem retrô. Josh puxa uma cadeira para mim e dou um sorriso como agradecimento, logo uma garçonete vem atender nós.

- O que vocês desejam? - ela pede com os olhos fixos no Josh e tenta elevar os seios, para que ele olhe.

- Ah, um pedaço dessa torta da casa e um suco de uva - Josh pede lendo o cardápio - e você?

- Um pedaço de bolo de cenoura e um chá gelado de maçã com canela - informo e a moça anota em um bloquinho.

A moça joga mais um "olhar sedutor" para Josh, que ignora ela completamente. Meu namorado falso me olha com um sorriso no rosto e sinto um calafrio percorrer meu corpo. Pego meu celular e finjo estar mexendo nele.

- Quem era aquele menina de ontem? - tomo coragem e pergunto.

Josh não esperava que perguntasse isso e vejo que a pergunto o abalou. Ele cruza as mãos em cima da mesa e respira fundo. O loiro abre a boca mas nada sai, ele fecha ela e depois de alguns segundos finalmente fala.

- Nós ficávamos no início do ano - ele conta - eu estava apaixonado por ela, achava que era a mulher da minha vida, então ela me trocou por um universitário.

- Sinto muito - murmuro e ele nega com a cabeça.

- Eu fui um bobo - ele fala dando de ombros - mas já foi.

- Ter o coração partido faz parte da vida - comento e dobro um guardanapo.

- Você já teve? - ele me pergunta curioso e paro de dobrar o guardanapo.

- Não, bem, eu nunca me apaixonei por ninguém de verdade - digo olhando para ele - já gostei de alguns meninos, mas nunca me apaixonei.

- Se apaixonar é assustador - ele diz - não saber viver sem uma pessoa é o que torna a paixão assustadora, saber que tudo o que você precisa está em uma pessoa e que ela tem muito poder sobre você.

- Mas o que tem de assustador tem de belo - retruco a fala dele - se apaixonar fosse tão ruim assim, as pessoas não se apaixonariam.

- Me diz alguém que você conhece que é apaixonado um pelo outro - ele pede me desafiando.

- Meu pai e minha mãe - digo óbvia - eles são apaixonados um pelo outro, você olha para eles e sabe que se amam loucamente.

- Mas vamos concordar, isso é difícil de se encontrar - não tenho como discordar dele - a paixão, o amor, estão cada vez mais raros.

- Por isso devemos valorizar quando encontramos ela - termino o pensamento sobre paixão e amor - ficou muito filosófico esse assunto.

- Ficou mesmo - ele concorda comigo - você não acha que devíamos almoçar algo mais saudável?

- Mais saudável que isso? - brinco vendo a garçonete trazendo nosso pedido - nós somos o exemplo de pessoas fitness.

Josh da uma gargalhada gostosa de se ouvir e para quando a garçonete coloca nossos pedidos na mesa. Ela demora mais do que o normal para tirar as coisas da bandeja e pisca para ele quando sai.

- Me surpreendo ela não ter anotado o número dela no guardanapo - comento colocando o prato do bolo mais perto de mim.

- Ela colocou - ele me mostra o guardanapo e tenho que me segurar para não dar risada - como você se sente sabendo que seu namorado é desejado por todas?

- Adorável, afinal ele me escolheu - brinco, já que nós dois sabemos que não é nada disso.

- Então um brinde ao nosso não amor - ele levanta o copo de suco.

Pego o meu copo com chá gelado e levanto ele, nossos copos se tocam e dou uma risada baixinha. Um brinde ao nosso não amor. Seria tão trágico que no final disso tudo nós tirássemos o "não" do brinde. É só seguirmos as regras que nada disso acontecerá, é só seguirmos as regras.

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Queria ser uma mosquinha para ver o tombo de quem veio do spoiler que teve nos storys da conta kakakka.

"Talvez" amanhã tenha mais capítulos.