No boyfriend - Beauany

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Any Gabrielly
19 de abril de 2020
Manhattan, New York

Domingo é com toda certeza meu dia da semana preferido, dormir até tarde, passar o dia inteiro comendo besteira e deitada na cama, isso é a perfeição. Além do que, Sabina geralmente dorme no Jonah e minha avó já tinha combinado um almoço com suas amigas. Então o apartamento é só meu e da mamãe.

Entro dentro da cozinha com a cara amassada, arrumo a alcinha da minha camisola e sento sem nenhuma delicadeza na baqueta. Minha mãe tira uma panqueca da frigideira e deixa o xarope de bordo do lado. Tomo meu brunch em silêncio, quanto mamãe lava a louça na pia.

- Chegou muito tarde? - ela pergunta rindo - como é estranho perguntar isso para você.

- Não, chegamos antes da meia noite - informo e corto um pedaço da panqueca.

- Josh faz bem a você - minha mãe diz - você está mais feliz essa semana.

- Estou normal - respondo com a boca cheia e ganho um olhar reprovador dela.

- Se seu pai estivesse aqui, concordaria comigo - ela argumenta e descanso os garfos na borda do prato - já estamos quase no final do mês.

- Ele vai ligar - garanto para ela - fica tranquila, quando menos esperar, papai ligará.

Meu pai só entra em contato com nós uma vez por mês, regras de ser fuzileiro. Minha mãe fica ansiosa até meu pai ligar, eu também fico e com toda certeza Sabina também, mas minha mãe é a que mais deixa transparecer.

Alguém bate na porta no apartamento e franzo as sobrancelhas, quem será uma hora dessas? Vovó está em um almoço e Sabina tem a chave. Olho para minha mãe e vejo que ela está tensa, a primeira hipótese é que seja alguém do exército vindo trazer uma carta, pode ser informando desaparecimento ou morte de meu pai.

- Atende para mim - minha mãe pede rouca e assinto.

Me levanto da banqueta e vou até a porta, com a mão trêmula pego no trinco e giro ele. Devagar vou puxando ela, deixo um suspiro escapar pelos meus lábios quando vejo quem é e ao mesmo tempo arqueio uma sobrancelha.

- O que você está fazendo aqui? - pergunto assim que vejo o loiro.

- Vim ver a minha namorada - ele responde óbvio e entra dentro do apartamento - bom dia Senhora Soares.

- Bom dia Josh - minha mãe está com a expressão mais relaxada - já tomou café? Any está tomando um brunch, quer também?

- Então a Senhora Franco não está em casa - Josh raciocina e volto a me sentar na banqueta - já tomei café, muito obrigada Senhora Soares.

- Não precisa de formalidade - murmuro e jogo xarope de bordo em cima das panquecas - não vai querer mesmo?

- Acho que uma não vai fazer mal - ele diz sorrindo e minha mãe pega um prato no armário, já colocando uma panqueca quente nele - obrigado Priscila.

Comemos as panquecas em silêncio, minha mãe da uma piscada e vai para o quarto. Priscila me paga, ela vai ver. Termino de comer e levo o prato até a pia, lavo ele e Josh fica ao meu lado, passo o prato molhando e ele seca o prato com uma toalha.

- Já que está aqui e creio que não está afim de ir para casa, o que quer fazer? - pergunto sentando no braço do sofá.

- Podemos ver um filme - ele da um palpite e concordo com a cabeça.

- Então vamos para o meu quarto - digo e Josh sorri maliciosamente para mim - que nojo Beauchamp, é para assistir o filme.

- É que você está muito gostosa com essa camisola - ele pega na minha cintura por trás e dou uma cotovelada na barriga dele - que merda Gabrielly, doeu!

- Você mereceu - falo brava - se você encostar em mim mais uma vez, eu vou aplicar um mata leão em você.

- Any, não viaja - ele fala despreocupado e me segue para o meu quarto.

- Meu pai é fuzileiro naval, ele ensinou várias coisas para mim e para Sabina - explico e abro a porta do meu quarto.

Minha cama ainda está desarrumada, já que meu plano era passar o dia inteiro deitada nela mofando. Deito na minha cama e Josh tira o tênis e se deita ao meu lado, os únicos homens que já deitaram na minha cama são: papai, Noah e Mikkel. É estranho ter Josh deitado ao meu lado.

- Vai querer ver o que? - pergunto ligando a televisão.

- Qualquer coisa - ele diz dando pouco importância - por que tem vários pôsteres da marinha no seu quarto?

A decoração do meu quarto se resumo em alguns pôsteres da marinha, portas retratos da minha família e com meus amigos. As paredes são pintadas de um azul claro e tenho uma estante enorme com meus livros.

- Quando eu era criança queria ir para a marinha - conto e arrumo o travesseiro - eu queria ser igual o meu pai, sabe? Servir o país.

- Por que desistiu? - me surpreendo com a pergunta dele, ninguém nunca me perguntou isso.

- Foi no ano passado que desisti - começo a contar - meu pai quase morreu no Afeganistão, eu vi todo o sofrimento da minha mãe quando ela achou que meu pai tinha morrido, não posso deixar ela aflita a cada missão.

- Então você desistiu da marinha por sua mãe? - assinto - que fofa, muitas pessoas não fariam isso.

- Além que jornalismo faz mais a minha cara - digo e Josh concorda - enfim, vamos assistir Ilha do medo?

- É terror? - ele pergunta confuso e nego.

- É mais um suspenso, é com o Leonardo DiCaprio e com o Mark Ruffalo - digo e coloco ele na televisão.

- Então vai ser esse - me ajeito na cama e Josh coloca o braço ao redor do meu pescoço - é mais confortável.

- Ok então - me aconchego no peito dele - se eu dormir, favor não me acordar, só se o apartamento estiver pegando fogo.

- Ok capitã - ele faz continência e dou risada - seus olhos ficam brilhantes quando você da risada.

- Sério? - pergunto curiosa e olho para o loiro.

- Não, mas até que o elogio saiu bonitinho - dou um tapa no peito dele e Josh ri.

- Agora fica quietinho e vamos assistir o filme - dou play e o filme começa a rodar.

Josh deslisa a mão devagar e coloca ela na minha cintura. Faço uma cara feia para ele e rapidamente a mão dele fica no meu ombro. Me preparo mentalmente para assistir alguns minutos do filme e depois tirar um cochilo. Inalo o perfume de Josh e dou um sorriso fraco, ter um namorado é divertido, mesmo que seja falso.

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Capítulo fofis, amanhã tem mais.