Sociedade Impura [PAUSADA]

🌾 IV - O Pomar De Farmer Old

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"Querido Leopoldo.
Como descrever...? Irei começar do início.
Ontem, fui à Feira de Tecidos e no momento em que paguei por um tecido (um muito belo, aliás) avistei um velho senhor puxando uma carroça acabada. Como tu bem sabes, não parei até ele me dizer o que havia na carroça... Livros! Todos mofados, porém igualmente maravilhosos.
Achei um livro estranho... Depois dou-lhe mais detalhes.
E agora finalmente chegamos ao que eu queria falar.
Bem, ontem eu estava na presença daquele devasso, lembra-se de que falei dele? Pois bem... Aconteceu algo Leopoldo, algo que nunca aconteceu e que está me assustando, algo que parece me consumir...
Que Deus lhe proteja sempre!
Sua Clarinha e dê-me conselhos.
Mande lembranças a tia Ana!"

    Lady Moryless caminhava pelo pomar da fazenda do Marquês de Farmer Old, seu pai.

Enquanto olhava para as maçãs vermelhas e suculentas penduradas nos galhos das árvores, que seu pai exportava para fora do país, sua mente dava mais voltas no tempo, para a semana anterior; no exato momento em que não inibia seus olhos do Conde Maximiliano.

Sua consciência não parava de recordar o minuto em que seu coração bateu mais forte para o lado do Conde. Sabia que era impossível ter um romance com um conde já que o odiava veementemente. E se martirizou só em cogitar a possibilidade de um impossível romance.

Ela não daria seu coração a homem nenhum no mundo, eles só trazem caos para a vida de uma mulher revolucionária e cheia de ideais indomáveis. Vão querer empurra-lá para baixo como seu pai faz. E talvez o velho Marquês tenha planos para um futuro matrimônio com sua unigênita. E, obviamente, Clara não deixaria que esses planos se sucedessem. Nem que para isso terá de salvar seu amor...

Seus pensamentos também voltaram para o momento em que conseguiu contrabandear livros velhos para dentro de casa sob o nariz de seu pai. Sentia-se ansiosa a lembrar das pilhas de livros que ela escondeu por cantos estratégicos da casa, para que, quando quisesse ter qualquer um a sua disposição teria-os.