Capítulo 5

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Rowland acordou estarrecido, mas preferia não ter aberto os olhos, talvez era melhor nunca mais ter aberto.

Ao seu redor, tudo era esverdeado, escuro e frio. As paredes estavam mofadas, a tinta branca desfazia-se como uma casca de ferida, revelando a sujidade da parede, manchas secas de algo marrom ferrugem haviam escorrido por todos os lados, era como se as paredes tivessem chorado, mas elas não seriam as únicas coisas que chorariam ali.

Ele tinha os batimentos acelerados e a sua respiração descompassada, ele levantou-se sentindo uma dor lancinante percorrer o seu tórax, estava sem roupas, vestia apenas uma cueca vermelha cuja cor condizia com as feridas espalhadas abertas por todo o seu corpo, que chorava escarlate.

Ele soltou um gemido de horror e tentou erguer-se na cama, mas as suas mãos impediram-no de se levantar, os seus pulsos, em carne viva, estavam atrelados a correntes de ferro, tentou pôr-se de pé, mas esses também estavam presos.

Aos poucos apercebia-se da sua situação, estava preso a uma cama de ferro antiga, o colchão por debaixo de si era tão imundo quanto o ambiente e a corrente de ar gélido assoprava a suas feridas. Num impulso, puxou o seu braço esquerdo com força, arrependeu-se de imediato, as argolas enterrara-se ainda mais na carne do seu pulso que começou a deslizar mais facilmente com o sangue. Ele soltou um gemido, praguejando.

Ele respirou fundo e depois contraiu o todo o seu corpo, esticando as correntes. A cama estalou, as correntes não se partiram e as argolas enferrujadas aprofundavam-se cada vez mais nos seus pulsos e tornozelos. Ele gritou sentindo o ferro rasgar a sua pele.

Uma risada cortou o seu choro. Rowland calou-se, procurando com os olhos a fonte da risada. Ouviu-se o tamborilar de dedos sob uma superfície metálica e o som de passos, mas a luz néon não era intensa o suficiente para iluminar todo o recinto.

— Um atleta tão bom não consegue se soltar dessas simples correntes? – Perguntou a voz, reverberando pelo quarto.

— Me solte daqui, filho da p...

Antes que Rowland pudesse terminar, o mascarado pulou da escuridão, cravando a adaga em sua coxa direita. Ele gritou de novo. O assassino estava no pé da cama, ele levou a sua mão até o cabo da adaga e desenterrou-a lentamente, enquanto o sangue jorrava, tingindo a sua máscara. Ele ficou ali debaixo, assistindo Rowland contorcer-se e arfando enquanto a lâmina cortava o que não havia conseguido na entrada.

— Mesmo numa situação tão... peculiar. – Falou ele, sua voz soava eletrônica. — Jamais abaixa a cabeça, não é?

— Eu...eu sou...um homem! – Grunhiu Rowland por entre inspirações descontroladas. — Diferente de você.

Outra risada.

A mãos enluvadas fizeram a adaga deslizar pelas suas coxas até a sua cueca, a lâmina pontiaguda recostou-se delicadamente sob o seu membro.

— Não! – Gritou Rowland, debatendo-se.

O mascarado guardou a lâmina e levantou-se da cama.

— Parece que descobri o seu ponto de rutura. – Falou ele, deslizando os seus dedos pela pele machucada do rapaz. — Não que fosse um grande mistério, já que vocês têm usado a cabeça errada para planejar os seus atos, não é?

Rowland estava confuso, não fazia ideia de onde ele queria chegar.

— O que você quer de mim? – Gritou ele, sua voz beirava o desespero.

Ele aproximou-se do rosto de Rowland fitando-o de perto, ele até era capaz de ouvir a sua respiração por trás do plástico que envolvia o seu rosto. O rapaz virou a cabeça para o outro lado.

Alter Ego (Em Hiato até Agosto de 2024)Onde histórias criam vida. Descubra agora