Capítulo 7

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Nos capítulos anteriores: Samanta conhece a sua vizinha e alguns membros da irmandade mais importante da universidade; Rowland, namorado de Joana, a vice líder da Shakespeare é raptado e assassinado, seu corpo é encontrado posteriormente na catedral do campus; o vídeo do assassinato é exibido misteriosamente no dia das eleições das irmandades, Samanta sente uma forte dor de cabeça quando vê o assassino encarar-lhe pela gravação; uma inspetora reune os principais suspeitos; o conflito entre Ethan e Elias aumenta. 

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O relógio marcou oito horas.

Lá fora, o sol já havia desaparecido e a noite fria assentava-se sob a cidade pacata de Tommeham. Samanta fechou a cortina do dormitório, numa tentativa de se desprender dos seus pensamentos perturbados, ela voltou a sentar-se sob a poltrona ao lado da sua cama, pegou no livro que a doutora Davies havia recomendado e continuou a folhear as páginas, sublinhando com marca texto os parágrafos que considerava relevante.

Apesar do esforço para se concentrar nas informações sobre a síndrome do sonho interminável, o conjunto de lembranças dos últimos dias mergulhava a sua mente num caos persistente e atormentador, o vídeo do assassinato de Rowland passava em looping na sua cabeça, a convocatória para depor da inspetora causava-lhe coceiras por todo o corpo e o fato de Rowland ter sido raptado no mesmo corredor do seu dormitório era estranhamente desconfortável, como se o mascarado caminhasse pelo lado de fora do quarto, esperando a hora ideal para atacar.

Batidas na porta. Samanta congelou, incerta.

— Sou eu. – Falou Caroline numa voz abafada. — Não é o mascarado.

Samanta suspirou, aliviada. Saltou da poltrona e destrancou a porta, abrindo-a logo de seguida. A vizinha tinha um sorriso no rosto, algo admirável, seus lábios eram de um vermelho escarlate e trajava um casaco impermeável, calças pretas justas e uma bota da mesma cor.

— Aonde vai tão ajeitada? – Perguntou Samanta, recostando-se no batente da porta.

Caroline arqueou uma sobrancelha.

— Aonde NÓS vamos. – Corrigiu-a Caroline, empurrando Samanta para dentro do dormitório. — Vista alguma coisa e seja rápida.

Samanta chacoalhou a cabeça, confusa.

— Eu não vou a lugar algum! – Ripostou ela. — Tem um assassino a solta lá fora.

— É uma festa na casa de um amigo do Elias, não vai ter nenhum assassino lá, o mais interessante que pode acontecer lá é alguém se vomitar inteiro.

Caroline abriu as portas do armário e puxou de lá uma muda de roupas. Arremessou para Samanta umas calças jeans claras, uma blusa de lã vermelha e um casaco preto impermeável. Samanta adorava a maneira como Caroline invadia o seu quarto e agia naturalmente ao revirar um móvel que nem era seu.

Ela não sabia ao certo quando ela e Caroline começaram a se dar bem, talvez a vizinha fosse apenas inconveniente, mas Samanta gostava de quando ela estava por perto, não se sentia tão sozinha e as piadas e expressões de Caroline faziam-na esquecer um pouco a saudade que tinha dos avós. Apesar de ser uma invasiva, desbocada, agressiva (com quem lhe provocava), irônica e mais outros adjetivos negativos, Caroline era uma boa amiga.

— Precisamos estar mais juntas do que nunca. – Falou a vizinha enquanto faziam o caminho em direção a porta de saída da república.

— Por qual motivo? – Perguntou Samanta, empurrando a porta de vidro.

— Se formos atacadas pelo mascarado, posso te empurrar para ele e ter tempo para fugir. – Explicou ela.

Caminharam até a rua Forks, no extremo norte do bairro universitário. A casa de Thomas era uma construção desconcertante, com traços vitorianos e telhados pontiagudos, destacando-se das demais construções modernas inglesas do bairro. Luzes azuis e vermelhas brilhavam das janelas e eram a indicação perfeita de que uma festa ilegal acontecia bem ali. A inspetora havia sido muito clara que as festas deveriam ser evitadas até encontrarem o mascarado.

Alter Ego (Em Hiato até Agosto de 2024)Onde histórias criam vida. Descubra agora