No dia seguinte, eu acordei com o som de pessoas conversando no andar de baixo da minha casa. A luz do sol passava pelas cortinas na janela. Eu coloquei meu travesseiro em cima da minha cabeça.
Depois da pizza de ontem, nós voltamos para casa e ficamos conversando até tarde. Já era quase uma hora da manhã quando eu fui me deitar. E eu ainda demorei para dormir, já que eu estava conversando com Alice que tinha me mandado muitas mensagens me perguntando se eu estava viva. Ela consegue ser bem exagerada quando ela quer.
Então eu percebi que a voz que eu estava ouvindo era bem familiar. Era uma voz que eu estava muito acostumada a ouvir desde que eu tinha treze anos.
Eu me levantei com um pulo. Era Luiza! Eu coloquei meus chinelos e desci as escadas correndo.
Assim que eu entrei na cozinha, eu vi que ela estava conversando com a minha mãe enquanto elas colocavam as coisas para o café da manhã na mesa.
Ela abriu um sorriso de orelha a orelha, que espelhava o meu, quando me viu e me abraçou apertado. Eu estava com muita saudade dela. Até dos abraços apertados.
- Eu estava morrendo de saudades! Literalmente. Nunca mais suma por tanto tempo! - Ela falou e nós rimos.
- Eu prometo que eu não vou. Você está diferente! - Eu a encarei ainda sorrindo. Ela usava uma calça jeans, uma camiseta e estava com o cabelo, que antes ia até o ombro e agora ia até a cintura, solto. - Seu cabelo está muito lindo! Combinou demais com você!
- Obrigada! O seu também! Enquanto eu deixei meu cabelo crescer você cortou o seu. - Ela riu. - Ficou muito bom, Gabi. Vem, sua mãe e eu estávamos preparando o café da manhã agora mesmo. Você estragou a surpresa que eu ia fazer pra você! Eu queria te acordar! - Ela fez um biquinho. - Mas, de qualquer forma, vamos tomar café logo porque eu quero que você me conte tudo sobre esse acidente e sobre esses quatro anos que você passou fora.
- Luiza, eu te ligava todas as semanas!
- Mesmo assim. Nunca é a mesma coisa. Você sempre esquece de falar alguma coisa importante. - Ela falou arregalando os olhos.
Eu ri e minha mãe assentiu.
- Eu concordo filha! Vocês duas precisam colocar muita conversa em dia. Mas eu estou é te estranhando, você nunca acorda cedo assim! E ontem nós fomos dormir bem tarde.
- Têm razão! Mas vocês falam tão alto que nos meus sonhos eu ouvi as suas vozes. - Eu brinquei com elas enquanto me sentava na mesa. - Meu Deus, vocês ainda guardaram essa caneca? - Eu falei olhando para uma caneca de flores roxas que eu tinha desde que eu viajei para a faculdade.
- Sim, claro! Nós a guardamos durante esse tempo todo. - Minha mãe disse. - Eu tinha certeza de que você voltaria para casa.
- Espera! Você veio para ficar? - Luiza falou, animada. Eu desviei os olhos.
- Então, eu ainda não terminei a faculdade. Ainda faltam dois semestres e eu não tenho muita certeza de que eu vá voltar... - Eu falei, baixinho. Luiza encarou a minha mãe, franzindo as sobrancelhas. Mas logo voltou a olhar para mim, percebendo que eu não queria falar sobre isso e mudou de assunto.
Ela me perguntou sobre o acidente e eu contei o que aconteceu antes e depois. Nós conversamos durante o café até que Luiza começou a levantar e me puxar junto.
- Vamos logo! Hoje nós temos que conversar muito! E nós temos que encontrar a Bia ainda. Ela está com tanta saudade quanto eu, mas não pode vir porque estava ocupada com a loja da mãe.
- Tudo beem! Eu já estou indo. Só me deixa terminar o meu leite! - Eu terminei de beber e coloquei a caneca na pia.
Nós subimos para o meu quarto e ela foi direto para o meu guarda-roupa.
- Eu estava com muita saudade de você amiga! É tão bom que você esteja aqui agora! - Ela falou puxando um cabide. - Você ainda gosta desse vestido? - Ela puxou um vestido rosa bebê que tinha a barra estampada com margaridas. Eu assenti. - Ele ficava muito bem em você. Experimenta!
- O quê? Ele nem deve caber mais em mim, Lu! Eu vou pegar alguma roupa da mala mesmo.
- Que bobeira. É claro que cabe! Você não mudou nada! Vamos! Experimentaa! E coloca essa jaqueta jeans também. Está um pouco frio lá fora. - Ela me jogou uma jaqueta jeans de outro cabide.
Eu sorri, sabendo que essa briga eu havia perdido. E comecei a colocar o vestido.
Dois minutos depois eu estava com o vestido e a jaqueta, e surpresa com o fato de que eles ainda cabiam em mim.
- Olha elaa! Amiga você ainda fica linda com ele! E ele ainda cabe você viu? Eu te disse! - Ela riu. - Vamos, a Bia está nos esperando e nós temos muita coisa pra fazer!
- Mas nós não íamos só encontrar a Bia e voltar para a minha casa? Pra ficarmos conversando e só?
- Claro que não! Hoje nós vamos fazer muitas coisas. Como ir na sorveteria, almoçar fora. Ver algumas pessoas que estão morrendo de saudades de você... Essas coisas. Como nos velhos tempos!
- Ah sim. - Eu olhei para ela, sorrindo um pouco. - Como nos velhos tempos.
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O último "Eu Te Amo"
RomanceEm cinco minutos , tudo pode mudar, todos os seus planos, sua carreira, e além de tudo, sua vida. Cinco minutos. Um acidente, uma mudança repentina de volta para a sua cidade natal que trará muitas lembranças do passado que Gabrielle tentava esquece...