𝙰 𝚟𝚘𝚕𝚝𝚊 𝚙𝚛𝚊 𝚌𝚊𝚜𝚊

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Como combinado, as enfermeiras vieram no meu quarto de duas em duas horas me ver e checar se estava tudo bem comigo.

Alice  tinha saído dizendo que ia arrumar algumas coisas na sua casa e que assim que pudesse iria voltar pra esperar a minha alta.

No fim da tarde, ela já havia voltado e estávamos conversando até que a doutora foi até o quarto para me dizer o que fazer durante o repouso.

Ela me perguntou se eu estava bem, se ainda sentia dor na cabeça e se estava pronta pra voltar para casa. Sim, só um leve latejar - o que ela me disse que era normal - e sim

Depois de responder eu perguntei se eu poderia viajar de avião, já que teria que voltar pra casa com a minha mãe. Ela disse que eu precisaria tomar os cuidados necessários, como repousar e, novamente, não forçar muito meu cérebro, mas que até lá, eu já estaria quase cem por cento e poderia sim, viajar de avião.

Depois dessas dicas, ela me deu alta e eu saí do hospital com a ajuda de Alice.

Nós fomos até o meu apartamento e quando chegamos eu me sentei na cama e pedi pra Alice se sentar comigo. Nós estávamos conversando quando o interfone tocou e o meu celular começou a tocar.

Minha mãe já estava no portão esperando para entrar e Alice abriu a porta pra ela.

Quando ela entrou no apartamento, foi direto na minha direção, falando - gritando na verdade - como tinha sido difícil pra ela chegar aqui já que ela não era boa com aviões e como ela provavelmente se perdeu em algum momento no aeroporto, mas chamou um táxi e deu tudo certo. Ela estava quase me abraçando quando parou bruscamente - provavelmente se lembrando que eu tinha sofrido um acidente - e sorriu pra mim como se estivesse se desculpando.

-Filha como você está? Eu fiquei tão preocupada, você me deu um susto enorme! Eu estava com tanta saudade de você filha! Você já está bem agora? Sabe que pode falar tudo para mim, não sabe?

- Mãe! - a interrompi - Calma, eu estou bem. Respondendo às suas mil perguntas, eu estou ótima - pra quem sofreu um acidente à menos de quarenta e oito horas -, e eu também estava morrendo de saudades!

Minha mãe olhou para Alice e agradeceu por ela ter me ajudado e por ter me levado pra casa. Ela respondeu que não era nada demais e que sempre me ajudaria se eu precisasse.

Depois disso, eu me sentei em um sofá com a minha mãe e Alice  se sentou no outro. Eu coloquei em um programa de tevê que estava passando e minha mãe começou a contar sobre o voo e sobre uma mulher que sentou do seu lado no voo e contou que tinha trigêmeos - dois meninos e uma menina - e que tinha se divorciado quando eles ainda eram pequenos porque o marido a tinha traído.

-Quer dizer, - ela continuou - eu nunca tinha visto a mulher na minha vida! E isso não é algo que se fala pra um desconhecido! Mas pelo menos o fim da história foi bom, a mulher conheceu um homem bom e honesto depois de alguns anos que foram bem duros com ela, ele não a recusou por causa dos filhos e ainda a ajudou! Ela está feliz agora, e até passou a ignorar o ex-marido. O que - nas palavras dela - é um avanço enorme. Ela conseguiu ficar estável no emprego e até que ganha bem... Mas enfim, não vou falar mais nada, isso nem é da minha conta não é? - Eu ri. Minha mãe sendo minha mãe...

Depois que Alice  saiu - me dizendo que voltaria no dia seguinte e pedindo por favor pra eu tomar cuidado -, minha mãe e eu conversamos um pouco até que fomos jantar.

-Olha filha, você está de parabéns, essa comida está deliciosa!

- Obrigada mãe, eu aprendi com a melhor! A vovó me ensinou direitinho não é? - Eu falei rindo, e ela jogou o pano de prato em mim.

Depis do jantar, eu dei algumas cobertas e um travesseiro pra minha mãe e arrumei - com muito cuidado - o sofá pra ela dormir. Depois de fazer isso, desejei boa noite pra ela e fui para o meu quarto.

Eu mandei uma mensagem pra Diana explicando que minha mãe estava aqui no. apartamento e me desculpando por não ter avisado antes. Eu contei que eu ia pra casa dali a três dias - ela já sabia do acidente - e disse que ia ficar fora até o fim das férias.

Ela me respondeu logo em seguida dizendo que ia passar a noite fora , e que queria que eu ficasse bem.

Depois disso eu tentei encontrar uma posição mais confortável na cama pra dormir e peguei no sono logo em seguida.

Nos dias que se passaram, eu levei minha mãe para passear e relembrar alguns pontos turísticos que ela já tinha visitado quando veio pra cá outras vezes.

Eu fui para a faculdade e expliquei para o professor sobre o acidente e o que aconteceu , e dei uma cópia do pen-drive para que ele visse o trabalho. Ele me disse mais tarde que tinha achado incrível, e que por mais que eu não tivesse entregado no dia, ele entendia os motivos e me deu nota máxima.

Yago nos fez uma visita e eu posso dizer que minha mãe amou. Ela sempre gostou do Yago, desde que ela veio pra cá há dois anos. Eu tinha acabado de conhecer Yago, mas ele vinha no apartamento direto por conta da Diana, então esse encontro foi uma surpresa pra nós duas. Ele se apresentou e foi completamente formal, até que minha mãe começou a contar várias histórias sobre os pacientes dela na clínica, das quais Yago amou. Eles são amigos desde então. Ele diz que ela é sua "Segunda Mãe". Eu acho que é por isso que nós somos tão amigos.

No dia anterior a viagem, nós arrumamos as nossas malas e arrumamos o apartamento - coisa da minha mãe - e dormimos bem cedo, para não perdermos a hora.

No dia seguinte, nós fomos ao aeroporto, e chegando  lá, já fizemos check-in e entramos no avião. O voo começou e eu - como fiquei na janela -  contemplei a vista. A última vez que vi essa vista maravilhosa foi há quatro anos, quando eu vim pra Minas Gerais.

Naquela época eu estava nervosa e ansiosa pra saber o que me aguardava - o que não fugia muito do modo como eu me sentia agora -, além de não ter a certeza de que eu iria bem na faculdade. De que eu iria fazer amigos... Mas eu consegui tudo isso!

Houveram algumas turbulências durante o voo, mas tirando isso, tudo correu bem. Eu fiquei confortável, pelo menos o máximo que eu podia, e deu tudo certo.

Os comissários de bordo começaram a instruir o que deveríamos fazer quando o avião pousasse.

Nós sentimos o impacto do avião quando ele aterrissou e começamos a sair dos lugares pra pegar as bagagens de mão.

Quando saímos do avião, eu só podia pensar duas coisas :

Primeira : Eu estava morrendo de saudade daqui!

Segunda : Por favor que tudo dê certo!

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