Catarse

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Dizem que a sua casa reflete o seu interior, que é o espelho que reflete como está sua vida. Não que seu apartamento fosse sujo ou bagunçado, longe disso, afinal, Bulma faz questão de pagar uma diarista toda semana para manter a casa impecável e suas roupas muito bem lavadas e passadas. Ela que não vai estragar suas belas unhas perfeitamente feitas e nem suas delicadas mãos mexendo com produtos de limpeza ou coisas do tipo, não, nada disso. Portanto, ela não economiza com esse tipo de gasto e mesmo que Chichi não se incomode em fazer serviço doméstico, acaba não tendo muito o que fazer, com exceção de uma louça ou outra quando vai cozinhar e por isso o apartamento está sempre impecável.

Mas como sua vida está meio que de cabeça para baixo, Chichi decide arrumar o quarto. E assim que passa o seu sábado inteiro, praticamente.

Ela tira do armário várias coisas velhas, roupas que já não usa e não gosta mais, calçados, objetos, livros, muitos livros, roupas de cama e banho. Tudo o que pode tirar, ela tira. Mete tudo dentro de grandes caixas e sacolas, o que está bom para doar, vai pra caridade, o que não está bom, vai pro lixo.

Talvez organizando seu quarto sua vida volte a entrar nos eixos...

Ela suspira, um pouco abatida, parcialmente chateada, frustrada pra caramba.

- Arg! Eu devia ter ido para a balada sertaneja com a Chirai!

Desde que ficou solteira, Chirai vivia chamando-a para ir com ela na balada sertaneja, mas Chichi sempre arrumava uma desculpa ou outra, mas depois do fiasco que foi a noite passada, ela se arrepende de ter ido para aquela porcaria de happy hour quando poderia ter ido pra balada, enchido a cara e pegado uns caras gatos e gostosos.

Mas nãooooo, ela tinha que ir para lá, tinha que ouvir Goku falar da vizinha, tinha que ouvi-lo enaltece-la e dizer que passou a noite com ela. Merda! Ela esperava o quê, afinal de contas? Eles são amigos e amigos. Não pode ficar criando falsas expectativas. Não de novo. Não mais uma vez.

- Por favor Chichi, coloca a cabeça no lugar, não tem nada ali pra você... – Ela diz para si mesma. Ela não pode se deixar pensar em Goku desta forma, não. Ela vai apenas se machucar, se magoar e criar um drama por algo que não existe, por um sentimento não correspondido.

Ela termina de examinar o guarda-roupas e então vai para a última parte: de baixo da cama. Chichi ergue o baú da sua cama para se deparar com outras parafernalhas e roupas de cama. Entre as coisas ali, a caixa com os objetos de Lápis que ela tinha guardado há alguns dias.

Ela morde o lábio inferior e retira a caixa. Sem pensar mais de uma vez, ela taca tudo dentro de uma sacola. A destinada ao lixo.

Ela prefere não se dar ao trabalho de avaliar o que presta e o que não presta ali, prefere não mandar nada para doação do que está ali. Não. Aquilo tudo pertence ao passado e no passado ficará, não serve nem para ser passado pra frente. Vai tudo par ao lixo.

Lápis voltou a mandar uma mensagem ou outra perguntando se estava bem. Ela não o bloqueou e nem apagou o número dele, porque não faz sentido algum, já que sabe de cor, mas ela apenas o respondeu para não ser antipática e não prolongou em nenhum assunto. Ela não quer ser amiga dele. Não se vê pronta para isso ainda.

A proposta de Suno, agora, até parece bem razoável. Ela precisa mesmo sair, conhecer pessoas novas, outros homens, beijar na boca, fazer sexo... Ela não precisa namorar agora, se apegar a ninguém, apenas curtir.

E como se fosse obra do destino, ela escuta o celular apitar com uma notificação. Um pedido de amizade no Facebook de, ninguém mais, ninguém menos que: Shallot.

Tudo que eu sempre quisOnde histórias criam vida. Descubra agora