Capítulo 5

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Samuel

Fazia alguns meses que eu não vinha à casa do lago. Na verdade, eu evitava tanto quanto eu conseguia. Nos meses que o tempo ficava um pouco mais quente, meus pais amavam nos trazer até aqui, Sofia era muito pequena para participar de qualquer coisa. Eu e Serafina amávamos explorar a área, subir nas árvores, ficar no lago até nossos queixos tremerem para depois sentarmos perto da lareira. Quando ficamos mais velhos, aqui tornou-se um lugar que nós poderíamos nos libertar de todas as regras que nos prendiam, era bom poder ser algo diferente do que esperavam da gente.

Agora, vir aqui era quase uma sessão de tortura. Não havia nenhum canto dessa casa que não me fizesse lembrar dela, da sua voz ou da sua risada. Já fazia anos que ela havia ido embora, mas, em momentos como esse, era muito difícil não lembrar de Fina. Acontecia com menos frequência, parecia que eu finalmente havia me acostumado com a sua ida para a Camorra, e uma parte de mim me odiava por ter deixado isso acontecer. Estava muito absorto em meus pensamentos quando ouvi o barulho suave de um SUV parando em frente à casa. Eu estava parcialmente escondido na varanda da casa dos seguranças, apenas um observador mais atento poderia me ver.

Um homem loiro desceu do lado do motorista e correu para abrir a porta do passageiro. Ele falou alguma coisa antes de tirá-la do banco do carro e subir os dois degraus da varanda. Emma parecia estranhamente confortável com a proximidade de seu segurança, pousando um de seus braços no ombro dele e conversando amigavelmente. Seus olhos brilhavam enquanto olhava para o homem que a levava para a casa, os dois sorriram de algo que ele disse e aquilo me fez sentir estranho. Poderia apostar que ela gostava de sua companhia. Será que ele gostava dela? Estaria tentando seduzi-la ou manipulá-la? Duvidava que Danilo colocasse alguém de caráter duvidoso para cuidar de Emma, ainda mais depois de seu acidente, mas talvez eu devesse conversar com ele sobre o loiro que a estava carregava no colo.

Emma havia feito 18 anos algumas semanas atrás e a marcha nupcial parecia mais alta a cada segundo. Ninguém falou com todas as letras que deveríamos marcar a data do casamento, mas era apenas uma questão de tempo. Antes de conhecê-la melhor, eu não cheguei a me importar o suficiente com os seus sentimentos por mim, estava com muita raiva de todos os motivos que me levaram até esse casamento arranjado, mas agora era diferente. Emma era muito mais do que mostrava, ou melhor, do que as pessoas gostariam de ver. Os últimos meses haviam mostrado isso.

Eu sempre odiei todos os eventos sociais. Antes, era apenas pela enorme atenção que eu recebia, o número infinito de pessoas tentando um pouco da minha atenção, depois da saída de Fina, eram os sussurros que pareciam nunca acabar. Eles tentavam ser discretos, mas nunca eram eficientes o suficiente. No entanto, nos últimos tempos, diversas vezes me vi observando as entradas e as mesas mais escondidas, em busca da garota de cabelos e olhos castanhos. Obviamente nossas conversas nunca duravam mais do que alguns minutos, mas eram revigorantes, de qualquer maneira.

Ela sempre parecia genuinamente feliz em me ver, ao mesmo tempo que não me olhava com todo aquele deslumbramento que todas as garotas com idade de se casar me olhavam. Eu odiava que fosse por achar que eu nunca teria olhos para ela. Emma era incrível, bonita e inteligente, adorava saber mais sobre ela, cada pedaço de si que ela compartilhava comigo. Eu não tinha me dado conta do quão sozinho eu me sentia até aquelas conversas roubadas, ou as trocas de mensagem quase diárias.

Passei a nutrir um enorme afeto por Emma, a cada dia tinha mais certeza de que poderíamos ter uma casamento feliz, muito melhor do que a maioria dos casamentos arranjados da Outfit, mais do que eu poderia ter imaginado a princípio. Para que isso acontecesse, no entanto, ela nunca poderia descobrir sobre as circunstâncias do nosso noivado, e, definitivamente, não deveria ocorrer noivado e casamento repentinos. Como eu faria para convencer Danilo eu não estava fugindo do compromisso era uma incógnita para mim, porém seu bom senso com certeza falaria mais alto. Eu poderia achá-lo um verdadeiro filho da puta oportunista, mas era inegável o seu amor por Emma, ele escolheria o que fosse melhor para a irmã.

Nothing Without You • Emma & SamuelOnde histórias criam vida. Descubra agora