Nothing Without You • Emma & Samuel

Capítulo 7

Samuel

Eu passei a maior parte da noite acordado, observando Emma dormir e refletindo sobre o que eu tinha feito nas últimas horas e como eu poderia ter fudido tudo e, mesmo assim, ter começado algo maravilhoso.

Conforme o casamento de Sofia se aproximava, meu pai dizia que Danilo começava a ficar mais impaciente. Era mais do que esperado que a minha parte do "acordo" fosse cumprida o quanto antes, afinal não havia motivos para adiar o casamento que aconteceria inevitavelmente. Eu tentei convencê-los até agora de que seria melhor esperar, algo muito repentino poderia gerar desconfiança e esse tipo de exposição não seria positivo para nenhum de nós, mas, bem lá no fundo, eu sabia que meu tempo estava se esgotando.

Meu único receio era que Emma me odiasse se descobrisse que o nosso noivado havia surgido praticamente praticamente de uma chantagem, eu sabia que isso aconteceria dependendo da forma como ela fosse comunicada sobre o casamento. Talvez tenha sido uma ideia horrível ter virado amigo dela antes de tudo, enquanto Emma nem poderia imaginar que o nosso destino já estava traçado, mas eu não conseguia me afastar, por mais que eu tentasse. Estar com Emma era como uma chuva depois de um longo período de seca, ou qualquer analogia romântica tosca para dizer que ela havia mudado a minha vida. Amava o seu senso de humor, sua inteligência, seu sarcasmo. Não me culparia por me sentir bem estando próximo a ela.

Sabia que a vinda de Danilo para Mineapolis não tinha sido apenas por causa do aniversário de Sofia. Ele queria também me pressionar para oficializar o noivado. Embora eu ansiasse por casar com Emma, fui ensinado desde muito jovem a comandar, que os outros se dobrariam às minhas vontades, não o contrário. Entendia o receio de Danilo, pelo que Emma me disse, e o que eu percebi ao longo dos anos, ele é um bom irmão e viu nesse arranjo uma oportunidade de garantir um futuro melhor para Emma. Mesmo apreciando o seu cuidado com ela, não poderia não me irritar com essa pressão toda em cima de mim, ainda mais quando não só o meu orgulho estava em jogo, mas também o bem estar de Emma.

Boa parte da minha irritação se aplacou quando eu olhei-a na hora do jantar, no entanto. Seus cabelos castanhos caíam pelos seus ombros e eu me perguntava se eram tão macios quanto me lembrava. Eu tentava me concentrar nas conversas, mas minha atenção estava nela, no seu sorriso, na forma como ela falava com as amigas e na melodia da sua risada. Vê-la completamente à vontade na minha casa me trazia uma satisfação diferente, como se aquele lugar a pertencesse desde sempre. Minha mãe a adorava, sempre falava sobre como ela era bonita e inteligente e me faria bem, e meu pai, mesmo com o tempo tendo-o transformado em alguém bem mais frio do que antes, parecia satisfeito com o noivado.

Todas as vezes que nossos olhares se encontravam eu prendia a respiração. Eu não era mais um garoto imaturo que nunca tinha visto uma garota bonita antes, esse tipo de reação era totalmente injustificada, mas aquilo era diferente. Emma não era mais só uma garota bonita, ela era minha amiga, eu a conhecia e ema conhecia a mim. Talvez justamente por isso estava tão difícil manter uma distância segura entre nós. Trocamos alguns sorrisos discretos, havia uma tensão entre nós, mas também sentia um tipo de paz que só existia quando ela estava por perto.

Qualquer calma que eu tenha reunido durante o jantar havia sumido quando eu entrei no escritório do meu pai. Danilo exigia que falássemos com Emma sobre o casamento amanhã, sem mais adiamentos. Nem mesmo meu pai estava mais do meu lado e meu tio concordava com Danilo. Será que ninguém via que Emma acharia aquilo estranho demais? Que, se descobrisse, talvez matasse algo dentro dela? Que um noivado repentino causaria insinuações, piadinhas e insultos direcionados a ela? Emma já havia sofrido o suficiente, vir de uma família abastada não foi o suficiente para protegê-la de comentários maldosos. Eu preferiria morrer a ser mais um que a machucava.