Nothing Without You • Emma & Samuel

Capítulo 2

Emma

Estava tudo lindo. A casa estava ricamente decorada para a festa de noivado de Sofia e Danilo. Meu irmão preferiria que fosse na nossa casa, para que eu me sentisse mais confortável, mas eu prometi para ele que estava tudo bem, não seria a minha primeira vez em um evento social fora de casa, de qualquer forma.

Os olhares me seguiriam sempre, onde quer que eu esteja. Aprecio que Danilo sempre fez o impossível para que eu me sentisse bem, para que eu tivesse a melhor qualidade de vida possível, mas do que adiantava se eu permanecia presa à Outfit? Eu jamais seria aceita, eu continuaria sendo a aleijada, a inválida. Como se eu tivesse culpa por estar numa cadeira de rodas.

O pior é que eu nem sempre fui tratada assim. Já fui bem recebida no meu meio, as mães suspiravam quando me viam, imaginando como seria bom ter a mim como nora, cheguei até mesmo a ser prometida para o herdeiro de Cincinnati. E de uma hora para outra, meu mundo ruiu. É estranho ver como a vida pode mudar tão depressa por causa do erro de outra pessoa.

Eu era jovem demais para entender o que estava acontecendo comigo. Eu amava andar, correr, dançar. Fazer coisas que qualquer criança de 10 anos faz. E então, um cara resolve beber e pegar um carro para dirigir. Eu nunca soube o que houve com ele. Se morreu no acidente, se saiu do local ileso, se meu irmão o encontrou e sabe-se lá o que fez com ele. Eu realmente não sei. E não me importo.

Tudo isso já foi doloroso demais para mim. As várias cirurgias, tratamentos experimentais, internações e fisioterapias, mas nada disso foi mais doloroso do que ter esperança. Minha lesão não foi tão grave quanto se imaginava a princípio, depois que diminuiu o inchaço na área, a cada dia eu ia tendo mais e mais sensibilidade nos meus membros inferiores, quando consegui ficar de pé, foi como se eu tivesse uma segunda chance. A vida não poderia ter tão dura com uma criança de 10 anos, certo? Pelo menos foi isso que eu pensei, até que chegou uma época em que tudo estava igual. Tinha fé que no dia seguinte eu melhoraria, ainda teria um longo caminho pela frente até que eu conseguisse andar como antes e que minha vida voltasse ao normal. Eu sabia que eu iria superar isso. Óbvio que eu não poderia estar mais errada.

Tudo foi triste e exaustivo, mas me ensinou algo muito valioso: eu não deveria ter esperança. Nunca poderia sair nada de bom vindo daí. Por que esperar dias melhores quando eu não tinha certeza se viria ou não? Eu tive que aceitar, e rápido, que a minha vida nunca seria um conto de fadas. Sem finais felizes. Sem príncipes encantados. Eu seria para sempre a pobre garota Mancini que sofreu um trágico acidente. Teria que contar para sempre com a generosidade do meu irmão, da sua esposa e dos seus futuros filhos até meus últimos dias. Já havia feito as pazes com o meu passado e aceitado o meu futuro, isso bastaria.

Por sorte, Danilo se casaria com Sofia. Ela era diferente das outras garotas, nunca foi rude ou me tratou com desprezo. Por muito tempo eu achei que era por causa do meu irmão, afinal ele nunca fez segredo quanto a me incluir em sua vida e ela parecia poder fazer tudo para agradá-lo. No entanto, com um tempo percebi que ela era assim, uma pessoa com o coração enorme, gentil e acolhedora, porém muito preocupada com o que os outros pensavam dela. Com o que Danilo pensava dela. Sofia seria bem mais feliz se pudesse sair da sombra que do escândalo da irmã.

Agora, ela parecia radiante na sua festa de noivado. O cabelo não tinha um único fio fora do lugar, a maquiagem tão perfeita e o dedo anelar ostentava agora um enorme diamante. O vestido rosa claro fazia com que parecesse um anjo e seus saltos quase faziam com que ela chegasse à altura de Danilo. Sofia parecia ser da realeza, tão bonita e educada, sendo prometida a um dos homens mais poderosos da Outfit. Ela era minha amiga e eu a amava como uma irmã, mas, em momentos assim, eu não conseguia me impedir de sentir um pouco inveja. Sofia era tudo o que eu poderia ser, viveria uma vida parecida com a que sonhei para mim. Casaria com o homem que ama, seria amada e desejada, teria filhos e construiria uma família. Vê-la era um doloroso lembrete de tudo o que eu perdi.