Eu lia um livro parcialmente grande quando Soobin bateu a minha porta. Usava suas vestes costumeiras, um tênis all star preto, camiseta longa e folgada e principalmente aqueles shorts que eu sempre ria por ficarem engraçado nele. Eram daqueles mais despojados, de ficar em casa e afins e eu sabia o quanto ele gostava disso.
Sua destra se mantinha oculta atrás das costas, e com a canhota, ele me cumprimentou. Deixei de lado o livro que li marcando sua página com o marcador, apertei sua mão e tentei ver o que ele tinha. Sem sucesso.
— Ainda não, Terry.
Desde que fomos criando uma certa intimidade ele vivia a me chamar assim, igualzinho a Kai em tempos passados. Kai se sentia bem ao saber que somente ele me chamava assim, não deixaria que uma atitude boba estragasse isso.
— Mas, Binnie... - murmurei tentando fazer aegyo e falhando nas primeiras tentativas. — Me diga o que é, por favor.
Insisto algumas vezes para que ele me conte o que guarda atrás de si, vendo que eu não iria desistir tão fácil, me mostra o que é. Era um envelope branco, mais precisamente uma carta. Estava enderecada a mim e o remetente foi o que mais me chamou a atenção.
Era uma carta escrita por Choi Beomgyu.
[...]
"Antes de tudo, não sei escrever cartas, então peço desculpas desde já. Sabe que minha facilidade é para dançar ou cantar, ainda não cheguei lá no quesito escrita certa e bonita. Sei que deve está estranhando algo vindo, ainda mais em um papel tão branco como esse. Porém a verdade é que, pouco a pouco, estou evoluindo. Alguns vêem essa mudança, outros, não. Você não era obrigado a me dizer que ia viajar, Taehyun, e eu não podia impedir ou despejar ideias contraditórias em sua mente. Yeonjun me deu a ideia de lhe mandar cartas como uma forma de tentar, acredite, ele consegue dar alguns conselhos positivos e não só vive a beijar aquele namorado da voz grossa dele. Enfim, eu espero que você consiga responder a essa carta e espero que não me deteste por ter ido atrás. Às vezes, é necessário."
[...]
A carta de Beomgyu me deixou sem palavras. Ver que ele acabou sabendo da viagem e onde moro me deixou bastante pensativo. Não sabia quem havia dito a si sobre tal coisa e era isso que me deixava um pouco confuso. Após o término da carta, Soobin quis saber o que existia dentro da carta. Deixei que ele lesse, eu não conseguiria realizar tal feito novamente.
Suas expressões variavam conforme a leitura ia se progredindo. Quando a concluiu, ele parecia igual a mim. Sem palavras.
— Esse é o tal cara que você sofre de amor?
Lhe olho sem dizer nada. Custava—me acreditar que em minhas mãos estava uma parte bem pequena de Beomgyu, uma parte que a muito eu próprio afastei.
— Ele mesmo. Preciso pensar sobre isso, espera. — vou dizendo enquanto busco meu celular pela cama, ao encontrar o aparelho rapidamente pesquiso o contato de Kai dentre os que se mantinham ali. — Aqui. Heuningkai, melhor que o Google em algumas situações.
Clico no botão indicado e ligo para Kai. Demora alguns segundos para que ele me atenda e quando o faz, escuto um grito vindo de si.
— Não Yeonjun eu iá disse que se a gente for casar vai tocar sim SHINee e se reclamar a gente não casa. — falou tudo numa velocidade um tanto quanto rápida. Escuto sua respiração ir se acalmando e ele diz: — Oi, Terry, como você tá meu pequeno esquilo?
— Eu tô bem, diga oi ao Soobin que está aqui comigo.
Choi fala um oi audível perto do celular, ele pegou novamente a carta e ficava analisando a caligrafia de Beomgyu.
— Oi, Soobin, tudo ok? — Choi diz um sim meio desatento, isso tudo porque olhava a carta. — A que devo o prazer de sua ligação meu caro Kang?
— Beomgyu me mandou uma carta, acredita?
Escuto a linha ficar em silêncio por um longo tempo, tempo este que achei incrível considerando que Kai fala muito.
— Então foi para isso que você pediu o endereço do Taehyun três dias atrás? Hein? Responde, Yeonjun!
Aquela informação dada pelo mais novo me era confusa. Como assim Choi tinha pedido meu endereço ao namorado?
— O que tá acontecendo? — perguntei tentando chamar a atenção de Kai para mim, ele parecia ainda estar discutindo com o mais velho.
— A três dias atrás Yeonjun me perguntou qual seu endereço, eu, como boa alma que sou, lhe disse pois não via nenhum problema. Mas acabei de descobrir que essa imitação de trevas deu o endereço para o Beomgyu.
Deixo o celular de lado por alguns instantes e caminho pelo enorme espaço do meu quarto, me apoio no parapeito da janela e observo um pouco do mundo. A verdade era que eu não queria encarar — mesmo que virtualmente — Kai. Ou até mesmo as palavras escritas por Beomgyu, elas me eram como espinhos de rosas. Induzem você a tocá-los, apenas para descobrir como é a sensação e quando menos espera, a dor se faz presente.
É algo tão óbvio que chega a ser irritante. Por que desejamos ir atrás de coisas que sabemos que vão nos fazer mal?
Um pensamento meio bobo começou a passar pela minha mente, talvez seja o efeito das músicas que Kai tanto me mostrou. 'Eu disse que você mudou mas na verdade eu que mudei mais'. Queria entender as razões de minha mente pensar em coisas com sentidos instigantes para mim
Volto a realidade quando sinto os dedos de Soobin em meu ombro. Ele me entrega o celular — que agora estava normal, não mais no viva voz — e escuto o chamado de Kai.
— Terry, me desculpe. Eu acabei dizendo a Beomgyu que viajou e sem querer dei sua localização. — pediu em um tom um tanto quanto tristonho, conseguia até mesmo visualizar seus lábios em um biquinho naquele momento. — Mas não fiz por querer. Você me desculpa pequeno esquilinho?
— Sabe que não consigo ficar de mal com você. Aconteceu, vamos ver como tudo vai se desenvolver. Tenho de desligar e tente não brigar com Jun hyung, ele não deve ter feito por mal.
Disse—me um eu te amo baixo antes de desligar e eu fiz o mesmo. Soobin me olhou com atenção e me abraçou, era basicamente o que eu necessitava para me sentir bem naquele instante.
— Amores são como as estações, vem e vão. Porém se ele for o certo ele será como o sol e a lua, será algo fixo em sua vida.
Estar apaixonado é uma porcaria e saber que devo responder Beomgyu me deixa mais nervoso ainda.
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Your kisses addicted me ( taegyu ).
Fiksi PenggemarEle lhe era como um vício, o pior deles, talvez. O instigava cada vez mais, eram doses maiores que o necessário e prendia seu coração a si. Era como um belo emaranhado de sensações e sentimentos. A causa das batidas erradas, dos sorrisos involuntári...