À primeira vista
Amor é nobre singelo parasita
Se instala e cresce sem pedir licença
Num onde e como contrário à Ciência.A fonte secou
E algo mudou
O curso do rio não tem mais saborO jardim virou
Um canto sem cor
E o meu girassol
Já sem sol se fechouBem-te-vi se calou
Beija-flor nem voou
A alma da festa se distanciouE um olho piscou,
Água dele rolou
Em nome do fim
De um período de amor.Nada nem ninguém pôde definir
Esse sentimento que move o mundo,
Que torna as belezas mais belas
E verte mares ao se sorrirNinguém foi capaz de medir o amor,
De somar as lágrimas ou reunir o calor;
De desenhar a saudade, o desejo ou a dor;
De explicar a magia contida na flor.Não. Ninguém, ninguém ensinou.
E mesmo sem cartilhas, teoremas ou professor,
O ser humano opta por amar,
Tropeçar, e cair, e levantar
E amar, e amar, e amar.Simplesmente porque o amor é isso,
Isso onde nada é sabido,
Mas certamente já foi vivido
E ainda será.Prova, cheira, chega perto
Errar nunca me pareceu tão certo
Liga, chega, vai, não pensa
Já sabe que é tentando que se tentaNão pergunta, vive, sente, peca
É do caos que se desprende o Eureka
Acredita, dita, escolhe, marca
Opereta, mais visceral que a farsaDesabrocha, arrocha, prostra, encosta
Compra o produto quem já gostou da amostra
Desapega, pega, se joga, afoga
Morra em furor, viva de ioga.Me falta a sensação que não se pode ter se só:
De um gesto, um carinho, aconchego, olhar cativo,
Voz tremida, mão gelada, arrepio no umbigo.Me falta a sensação que só se pode ter a sós:
Ternura, incentivo, silêncio esclarecedorSe só, me faço companhia,
Apenas não me faço amorSó me faço companhia
Mas, se só, me falta amor.
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Coisas que só conto ao meu espelho
שיריםDores, amores, sabores e experiências Poemas, músicas, reflexões e desabafos Gritos em meio ao silêncio Coisas que só conto ao meu espelho E no final, tudo é poesia