3 | Encontro com Viviane e Rafael |

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     - Acha que vai demorar? - Cecília perguntou depois que a ajudei a ficar de pé

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- Acha que vai demorar? - Cecília perguntou depois que a ajudei a ficar de pé.

- Como assim?

- É que minha mãe disse para eu estar em casa até meia noite.

Ela bateu as mãos na saia para tirar a poeira, então tirou uma pequena mochila das costas e isso me intrigou, ela estava com aquilo o tempo todo? Talvez eu não devesse beber mais por hoje. Mas também, em minha defesa, a mochila era bem pequena, estava escuro e era ela quem ficava me seguindo.

- Já são quase dez, olha - virou, para mim, o celular que tinha pego na bolsa.

- Você pode dizer que vai dormir na minha casa - sugeri.

- Isso até pode funcionar, se você se apresentar para ela.

Eu não estava acostumada com aquilo: me apresentar para a mãe das pessoas, principalmente de uma garota, chegava até a ser irônico. Mas Cecília esperava minha resposta com um olhar tão esperançoso e ansioso. Não era do meu feitio negar uma noite memorável para almas inocentes.

- Tudo bem - cedi e ela pareceu ficar ainda mais animada. - Chama um Uber, não estou nada afim de andar.

- Certo - ela sorriu e focou sua atenção no aparelho.

Ficamos encostadas na parede da padaria por alguns minutos esperando o carro aparecer e quando chegou, silenciosamente dei graças a todas as entidades divinas por ser uma mulher quem dirigia.

- Boa noite, meninas - ela acenou de dentro do veículo, era jovem, talvez pouco mais de vinte anos, pele morena e um sorriso alegre.

Cecília e eu escolhemos ficar atrás, nos sentamos nas janelas e colocamos os cintos. O carro era espaçoso, confortável e estava bem limpo, tanto que tinha até um cheiro agradável no ar. No rádio, tocava alguma música pop em um volume bem baixo. Tudo indicava que a viagem seria ótima.

- Você é um anjo, sabia? - Falei para a motorista, assim que ela saiu com o carro. ― É praticamente impossível encontrar mulheres nesse aplicativo.

― Exatamente por isso que estou aqui ― ela me olhou rapidamente pelo retrovisor. ― Cansei de apenas ficar vendo as várias reclamações de assédio na internet e resolvi fazer alguma coisa. Por conta do meu trabalho, só posso fazer corridas nos fins de semana, também não consigo levar todas as mulheres que aparecem, mas faço o máximo que dá.

― É de pessoas como você que o mundo precisa ― falei. Muitas coisas na sociedade me tiravam do sério e me faziam ter ódio da raça humana, mas atitudes como a dela me faziam pensar que talvez o mundo não estivesse tão perdido assim.

― Não precisa me agradecer por fazer o mínimo ― consegui ver, pelo espelho retrovisor, um curto sorriso em um dos cantos de sua boca. ― Mas, me digam, como está sendo a noite?

A Eternidade Em Uma NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora