Todos estão destinados a ter apenas uma noite ou a eternidade com sua alma gêmea.
Elas se encontram por acaso em uma festa que claramente terminaria com a intervenção da polícia. Mas a noite ainda era uma criança, precisava ser aproveitada e que man...
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O quarto de Cecília era claro e parecia ter saído de um filme ou série estadunidense. O chão era forrado por carpete, as paredes, em um tom azul pastel tranquilizante, tinham enfeite de gesso por toda a quina com o teto. Sua cama era encostada na parede e estava coberta com um edredom branco que, mesmo no calor, era impossível não querer ao menos tocar nele. Na parede em frente aos pés da cama, tinha uma mesa de canto em que um dos lados servia como escrivaninha e o outro como penteadeira. Do outro lado do quarto havia um guarda roupas embutido com portas espelhadas e um diferencial no último compartimento, onde Cecília o havia transformado em uma estante repleta de livros e algumas decorações.
Terminando minha inspeção pelo quarto, parei meus olhos em Cecília de pé no meio do cômodo com as mãos atrás do corpo.
― Você costuma se vestir combinando com o seu quarto? ― Apontei preguiçosamente para a roupa que ela usava, a saia branca com o estreito xadrez preto e o moletom azul idêntico às paredes.
Ela seguiu meu dedo, olhando para baixo, seus cachos caindo ao lado do rosto e soltou um riso ainda meio contido.
― Não, eu nem tinha reparado, foi realmente uma coincidência.
― Até que faz sentido ― ela voltou a me encarar, meio confusa. ― Pensa só, seria muito estranho se seu quarto não se parecesse com você.
― Tem razão. Ah, você fez um ótimo trabalho lá, meus pais gostaram de você.
— Eu te disse, é o carisma — dei uma piscadela para ela e fui na direção da estante. Era bonita e divertida, os livros estavam organizados por cor e na frente ou em cima deles tinham vários objetos decorativos que eu penso serem relacionados às histórias. — Vocês gostam bastante de ler, não é? Essa é a segunda estante lotada que vejo na sua casa.
— Meu pai é jornalista — ela parou do meu lado, também olhando para os livros —, então a leitura é muito incentivada aqui em casa. E você? Gosta?
— Não tanto quanto você, pelo visto, mas de vez em quando, sim. Teve uma vez, acho que na oitava ou nona série, que a professora de português recomendou alguns livros, um deles era Mau Começo, escolhi ele por ser pequeno, eu só não estava esperando que tivessem outros doze depois dele.
— Desventuras em Série sempre consegue enganar — ela sorriu.
— Mas eu li todos — disse com orgulho.
— Isso é impressionante.
Me virei para ela que realmente tinha um olhar meio surpreso com minha revelação.
— Saiba de uma coisa: eu sou teimosa e insistente.
— Isso eu já percebi — aquele sorriso convencido surgiu no canto da boca dela.
