6 | Encontro com Cicatrizes |

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     Pode ser bastante pretensão minha, mas não acho que exista um estilo melhor de música para se dançar em par do que o forró

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     Pode ser bastante pretensão minha, mas não acho que exista um estilo melhor de música para se dançar em par do que o forró.

     Sabe? O corpo colado, o gingado simples, as pernas se entrelaçando — e por vezes quase nos fazendo cair —, a risada da outra pessoa ressoando bem perto de seu ouvido junto com o embalo de uma sanfona e uma viola. Se o paraíso for assim, me levem hoje.

     As músicas seguiram de uma playlist temática para festa junina — que eram as melhores comemorações anuais brasileiras, diga-se de passagem — , Cecília tentava prestar atenção nos passos para não cair e minha mãe ainda se remexia enquanto equilibrava a taça de vinho.

     Soltei a mão que segurava a de Cecília e me estiquei para tomar a bebida de minha mãe, mas quando toquei na taça, ela segurou-a com força e deu um tapa em minha mão.

     — Não toque no meu vinho, Caroline! — Repreendeu um pouco irritada, o que só me fez rir.

     Então, ela virou o restante da bebida e foi para cozinha. Observei seu andar meio desajeitado até a geladeira para pegar mais uma garrafa de vinho e eu tinha certeza que ela não conseguiria abrir.

     Um pisão no meu pé fez com que eu esquecesse minha mãe e voltasse rapidamente para a dança com Cecília.

     — Meu Deus, desculpa, desculpa, desculpa — ela começou a repetir sem parar, completamente preocupada, aquilo era adorável. — Foi muito forte?

     — Não, tá tudo bem — sorri e ela ficou mais aliviada. Tinha doído, mas não tanto quanto ela fez parecer.

     — Sou um desastre para dança, eu desisto.

     — Não é nada, você estava ótima, volta aqui — segurei novamente sua mão e passei um braço em sua cintura, puxando-a para perto. Era bom tê-la perto, já não sentia mais o desespero de quando ela fez minha sobrancelha.

     — Carol — minha mãe chamou da cozinha —, abre o vinho para mim?

     Eu sabia.

     Soltei Cecília, que logo se sentou no chão e começou a brincar com Dante, e fui até o outro cômodo onde dona Catarina estava tendo uma enorme dificuldade para tirar a rolha da garrafa. Ela tentou uma última vez antes de suspirar e deslizar a garrafa para o meu lado.

     — Achei ela uma gracinha — comentou apontando rapidamente para Cecília e levou a taça à boca, esquecendo que já tinha acabado. — Vai investir nela?

     — Não — levantei o olhar para ela que estava praticamente tomando um banho com as lambidas de Dante —, ela disse que é hétero.

     — Desde quando isso te impediu? — A expressão dela variava entre descrença e tédio.

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