A Porta mágica para a Felicidade

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Aquela manhã de Sexta-feira amanheceu diferente e alegre para Júlia, afinal era o dia em que antecedia ao casamento dela com Augusto, o amor de sua vida. Ela estava nervosa? Sim, muito. Poderia dizer que ela estava uma pilha, pois com tanta coisa para agendar do casamento nós últimos meses, acabou que ela não teve tempo para respirar fundo no meio do caos que normalmente um casamento deixa e tirar um momento para si, mas ela andava tão duvidosa nós últimos dias que ela já não sabia mais. Vamos dizer que andava fechada para as novas possibilidades que o Amor poderia mostrar para ela, devido à toda uma relação sofrida que teve com esse sentimento no passado.


Então, com o grande dia chegando não devia ser difícil dar um passo para essa nova etapa de sua vida, decidiu que o melhor a ser feito seria tirar um momento para relaxar sua mente e excluir alguns pensamentos duvidosos de sua vida. Para poder casar com o Augusto no Sábado precisava saber quem ela foi, quem era e o que queria. Não podia se casar estando indefinida, não é verdade? Era um processo de auto descobrimento que precisava ser feito, pois era uma nova fase de sua vida que estava se iniciando. Então, ela deixou tudo para trás por um dia e foi rumo ao desconhecido, precisava de um lugar onde não conhecesse, onde pudesse se perder de tudo e se reencontrar novamente. Talvez assim, ela encontrasse a porta mágica da felicidade que estava procurando durante muito tempo, e assim trazer de volta o equilíbrio do seu eu interior


                                                                                             ......


Algumas horas atrás ela estava sentada na varanda de sua casa com uma taça de vinho do seu lado e mergulhada por algumas lembranças do passado. Foi difícil reviver essas lembranças, mas foi necessário. Precisava organizar sua vida, pois ela estava uma bagunça. Mas as vezes achava mais fácil ficar nesse mar de incertezas e permanecer irresolvida pelo resto de sua vida. Mas ela estava começando a perceber que talvez fosse preciso passar por esse caminho turbulento e doloroso do Amor para assim se encontrar em quem ela era hoje. E quem ela era hoje quanto as questões do coração? Ainda não sabia, estava buscando essas respostas.


Ainda dentro de suas lembranças Júlia percebeu que o passado lhe trouxe coisas boas também, que foi sua formação como Jornalista e também seu grande sonho de ser mãe. Grandes conquistas ela teve, mas quando o assunto é Amor ela tende a se esquivar dessas lembranças. Mas agora ela viu que estava cansada de tudo isso. Queria amar sim, loucamente e intensamente como foi no passado, mas por incrível que pareça o medo limitava toda essa vontade de querer sentir esses sentimentos efervescentes.


                                                                                          .....


O primeiro breakheart de Júlia foi bem antes de ela saber o que seria mesmo o Amor(foi na faculdade) quando ela era muito inocente e imatura. Diria que foi um Amor intenso, louco e avassalador, mas não durou muito, foram apenas alguns meses, mas para ela parecia que era para sempre, que nunca ia acabar, era igual nos contos de fadas. Só que um belo dia, ele resolve acabar tudo, assim sem mais nem menos, apenas disse que foi um erro e que não queria ter distrações. Pra ele foi fácil, claro, mas para ela o chão desabou, se sentiu coberta por um vazio incontrolável. Tudo perdeu o brilho em sua vida. Enfim, sua vida continuou e ela superou, foi aí que ela se apaixonou novamente meses depois pelo pai de sua filha.


Tudo ia lindo, incrível, um mar de rosas, com aqueles mesmos formigamentos do Amor onde houve uma entrega imediata, declarações eternas e promessas de amor, quando de repente deu o segundo breakheart dela e o Amor se desfez mais uma vez dentro dela e dando lugar novamente a um vazio infinito, onde as lágrimas não tinham nem mais espaço para elas, elas se evaporaram. Simplesmente, não conseguia chorar mais, porque é como se já soubesse que isso fosse acontecer. Ela pressentiu a distância dele com ela semanas antes do fim e na hora do término é como se o sofrimento tivesse ficado ali, adormecido. Ela não conseguia esvaziar esse sentimento tão doloroso. Tudo na vida dela a partir daquele momento ficou off.


                                                                                             .....Voltando a realidade, antes de tomar qualquer decisão sobre seu casamento precisava buscar algumas questões dentro dela sobre o que seria o Amor. De onde vem esse sentimento tão pulsante e acelerador que enfeitiça os sentimentos em cada respiração gritante? A origem dele talvez fosse um pouco difícil de achar, nem os poetas e grandes escritores sabem de onde vem esse nobre sentimento repleto de contentamento que preenche a vida de cada um de deslumbramentos. Mas Júlia tinha suas suposições a respeito desse enlaçamento que envolve esse sentimento.


Para ela o Amor quando está cheio é composto por uma felicidade infinita, é onde se permite sentir completa e leve e uma vontade de querer mais e desejar mais sempre a envolvia. Agora quando o Amor está vazio ela perde dentro de si aquele brilho que encantava seus dias e coloria sua vida, e acabava que tudo ao seu redor se tornava insignificante, sem sentido e sem beleza, apenas rodeada por uma gigante nuvem escura cinzenta.


Mas quando o Amor chega na vida de uma pessoa, ele pode vir de mansinho ou pode ser instantâneo e em um piscar de olhos ele entra na vida de qualquer um e faz um estrondo, modificando a vida daquela pessoa significativamente. É um mundo maravilhosamente lírico e sonoro enriquecido por pura poesia e magia. O Amor é ofegante, paralisante e tende deixar a pessoa em transe, às vezes delirante, porque ele é instigante a todo instante. Simplesmente, é como se o mundo parasse e tudo que era comum e normal se transformasse em um mar de felicidade e infinitas possibilidades alterando os sentidos e pensamentos mais profundos no íntimo daquela alma.


E o que a Júlia e o Augusto eram para o outro? O Augusto amava a Júlia desesperadamente, mas rodeado de uma leveza que deixava o relacionamento deles sempre com uma beleza sem igual e coberto por encantos todos os dias sem perder o entusiasmo. Todo dia era uma aventura, era um aprendizado que ele tinha com ela. Ao mesmo tempo em que eram ao extremos juntos, eles tinham uma calma. Eles conseguiam manter essa balança em equilíbrio adicionando sabedoria e maturidade para resolver os problemas . Já a Júlia sentia a mesma coisa, porém, o medo de perder essa faísca do romance, essa chama, fazia ela se afastar cada vez mais dele, aí gerava a insegurança e todos os pensamentos negativos. Então, o que fazer? Fugir da felicidade? Dizer não ao homem mais incrível de sua vida? Permanecer sendo singular e indefinida e solitária ao mesmo tempo é muitas vezes exaustivo, então não seria melhor ser plural e definida ? Seria a resposta correta? Ainda não sabia, restava a dúvida. O que faltava para enfrentar esse medo? Faltava ela confiar em si, nele e no que eles representavam juntos. A confiança sim, era a resposta correta para a chave da sua felicidade.


Foi então que para fechar esse capítulo de sua história e iniciar um novo, decidiu ter uma conversa com o Augusto sobre seus medos, sobre o futuro e o novo, pois na conversa tudo se resolveria. E deu certo, pois Júlia percebeu que um casamento podia ser assustador, como também ser só um frio na barriga de empolgação do que está por vir. As expectativas eram altas? Bastante. Iria ter muitos desafios nesse novo caminho dos dois, mas sempre valia a pena correr esse risco com a pessoa que se ama. Porque a montanha que move a vida de cada um é o que nos preenche com esse misto de sensações e excitações inexplicáveis que sempre faz a gente querer se jogar e aproveitar cada momento. É isso sem dúvidas é Amar, é Liberdade e Felicidade.

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