O dia passou e aquele sonho, ou seja lá o que foi não saiu da minha mente de forma alguma. Ana voltou a ignorar minha existência depois que o jogo terminou e, Joaquim estava exausto demais para me dar atenção, tanto que ele apagou no sofá pouco tempo depois e Ana teve que o carregar no colo até seu quarto.
Eu estou sentada na sala, minha mente ainda está uma confusão. É estranho não se reconhecer, supostamente eu me tornei uma pessoa completamente diferente do que eu era antes, supostamente eu sou perdidamente apaixonada pela pessoa que eu nunca desejei nem a amizade, supostamente nós somos felizes. Ou éramos.
Por que isso tinha que acontecer? Não queria estar passando por nada disso, nem ela merece sofrer. E não é pena, é só compaixão? Acho que sim. Os olhares tristes de Ana mexem comigo de forma que nunca mexeu antes. Eu não entendo só... Sinto, me sinto estranha quando ela me olha como se estivesse pedindo ajuda, ou não sei. É complicado tentar entender ela, nem ao menos conversamos. Eu sei que tenho que falar com ela, ninguém quer me contar nada, dizem que eu tenho que perguntar diretamente a minha esposa.
Esposa.
Isso é tão assustador.
Ouço passos na escada e discretamente olho por cima do ombro, é ela, está coçando um olho e bocejando. Como eu tinha dito antes, Ana parece estar cansada o tempo inteiro, eu queria entender o motivo. Ela termina de descer as escadas e apoia as mãos em sua lombar, logo curvando as costas e estalando seus ossos. Balança a cabeça, uma careta engraçada em seu rosto, seus cabelos desprendem do coque mal feito e caem sobre seus ombros.
Por que estou olhando tanto para ela?
Quando ela olha em minha direção eu arregalo os olhos e viro para a frente, ouço ela suspirar alto, exaustão. O som de seus pés descalços colidindo com o piso ecoa pela sala de estar, a casa está silenciosa demais, é possível até mesmo ouvir os irrigadores no lado de fora. Silêncio me incomoda.
– Não está com sono?
Ela surge ao meu lado e eu quase salto com sua voz, meu coração ainda acelerado parece bater mais rápido em meu peito. Tento dizer algo mas, minha voz parece presa na garganta. Ainda estou assustada por ela ter me pego encarando-a.
– E-eu... Sim. – suspiro, apertando meus dedos no forro cor de creme que cobre o sofá. – Já vou subir.
– Não precisa subir só porque eu estou aqui, se você quiser pode assistir televisão. – ela está séria, mas sua voz sai num tom calmo, controlado, eu diria que é até simpático. – Amanhã sua irmã volta de viagem. – olho para ela curiosa, nossos olhos se cruzam e ela capta meu olhar questionador. – Bruna.
Levanto as sobrancelhas e aceno com a cabeça, finalmente verei minha pequena irmã.
Isso é uma péssima ironia, Manoela.
Mentira não é não, é bem engraçada na verdade.
– Onde ela estava?
– Grécia.
Meus olhos se abrem surpresos. O que raios aquela gigante fazia na Grécia?
– O que ela foi fazer lá?
Ana está usando uma calça escura de moletom, antes de se sentar ao meu lado, ela puxa o tecido um pouco para cima, depois se joga no sofá.
– Lua de mel.
Responde simples e sorri de lado. Um meio sorriso. Mas estou confusa, Bruna já não é casada?
– Eu achei que ela já fosse casada.
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Stupid Wife [Caevassi Version]
FanfictionVocê já se imaginou casada com alguém que você nunca suportou na vida? Manoela também nunca tinha imaginado isso, muito pelo contrário. Era para ter sido apenas uma manhã normal, Manu acordaria, tomaria seu café com sua família, depois iria para a e...