A Nova Era

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Ele estava parado no 20º andar do prédio. Na sacada de seu escritório ele observava toda a cidade podia ser vista dali. Dono de uma empresa tão poderosa, seus braços já chegaram a lugares que muitos nem imaginam. Países longínquos, línguas que muitos nem mesmo sabem falar, onde havia vida inteligente ou aonde a vida inteligente tiver chegado ele chegou também.

Ele sorria vitorioso, já foi tudo desde que nasceu. Mas na verdade nasceu só por um motivo. Ser grande. Ser o senhor de tudo. Claro ele tinha problemas com a igreja, mas em breve teriam uma reunião e resolveria tudo. Ainda mais agora que apareceram duas pessoas dizendo serem profetas. Deveria tomar cuidado, mas se os convencesse teria mais sete anos de controle do povo.

Seu cabelo era bem cortado. Sua pele escura definia bem quem ele era e por isso se sentia superior. Onde ele nasceu era odiado. Mas agora era amado como nunca. Era um salvador. Não que já não tivesse sido no passado, agora tudo ficou mais interessante.

Começou a trabalhar naquela empresa como estagiário hoje ele era mais, muito mais. Agora ele era presidente. Entrou na área de informática em 1995 e agora era quase o dono do mundo.

Logico que não conseguiu isso sozinho.

Ele tinha que assumir que não tinha conseguido sozinho. Ele não passava de um nerd viciado em ocultismo quando tomou a atitude que mudaria sua vida.

Nascido de uma família pobre ele sempre passou necessidades, porem encontrou um livro antigo em uma feira e decidiu comprar. O homem que o vendeu parecia não ter mais do que 35 anos tinha um sorriso amável e um jeito de negociador. Na verdade ele estava ali procurando por algo pra passar o tempo. Mas aquele livro era promissor.

Era um livro de iniciação na magia, nada que parecesse verdade, mas era interessante. Eram rituais simples além da introdução. Ele já estava cansado da vida de misérias então por que não tentar algo diferente?

Lembrando-se dessas coisas ele sorri novamente. Como alguém poderia acreditar em rituais e coisas ridículas como aquelas, chegava a ser hilário se não tivesse funcionado.

Claro, ele era esperto e não chegou tentando coisas grandes. Começou querendo algo simples como uma forma de impressionar seu patrão. O ritual era bem simples. Ele deveria usar uma gota de seu sangue para manchar uma folha de papel, nela ele deveria escrever o que queria, e pronto era só esperar.

E foi o que aconteceu. Enquanto trabalhava ele percebeu uma falha grave no sistema da empresa. O novo software era cheio de falhas e uma delas expunha todas as informações sigilosas da empresa, enquanto corrigia essas falhas, ele descobriu que alguém havia feito copias dos novos planos da empresa e conseguiu identificar qual o disquete usado. Juntando a informação que conseguiu, levou-as ao dono da empresa que impressionado por sua descoberta o promoveu.

Ele mal podia acreditar que tinha sido promovido. Será mesmo que um ritual tão ridículo tinha funcionado? Ele precisava testar mais.

Em pouco tempo ele já havia feito vários pedidos e cada um deles ia se realizando. Carros, dinheiro, mulheres. Nada era negado por esse ritual.

Mas ele queria poder.

Dizem que o poder corrompe. Mas ele não se sentia corrompido. Não havia machucado ninguém. Seus pedidos não eram além da media, ele sempre tomou cuidado com as coisas.

Mas então sua mente o fez lembrar, era um livro. Se esse ritual era tão básico e mudara a sua vida, imagina os outros, o que fariam?

Então sua curiosidade foi mais forte. E ele não tem motivos pra se arrepender, claro que durante a sua escalada teve algumas baixas. Mas não se pode fazer uma omelete se não quebrar alguns ovos correto?

Crônicas do Céu e o InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora