O Assassino Abençoado

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As espadas batiam uma na outra, os golpes calculados não chegavam nem mesmo perto de feri-lo isso deixava Miguel cada vez mais nervoso. Como anjo da guerra ele nasceu compreendendo a arte da luta e estratégia, não era tão bom como Azazel e claro, mas seu poder se igualava ao do anjo que era Mestre de Armas do Céu. Ele deveria ser capaz de derrotar Lúcifer. Tinha que conseguir. Mas nem ao menos conseguia toca-lo. O Primeiro entre os anjos era rápido e um grande lutador. Mas Miguel deveria entregar-lhe a justiça. Caminhou até aqui e seguiu ordens. Esse era seu dever. Levou tantos ao juízo, não poderia deixar o maior pecador livre, não agora. Não no fim dos tempos.

Miguel começou sua caçada a Lúcifer após a primeira revolução. Sempre almejara a posição que o primeiro tinha perante á Demiurgo. Via Lúcifer sempre fazendo parte dos planos dele, entendendo a visão dele. Miguel queria estar mais perto de Deus.

Quando Lúcifer se revoltou Miguel viu ali sua grande chance, o momento que sempre esperou porem foi derrotado.

 Seu orgulho foi ferido. Como anjo da guerra ele deveria vencer. Mas perdeu. Viu seus irmãos sendo corrompidos ou mortos. A guerra só acabou por que o próprio Messias interviu. Miguel se sentiu fraco.

Seu ser estava vazio. Um dia fora chamado por Metatron, e esse disse que Demiurgo o convocava. Havia novos traidores. Pela ordem de Deus deveria descer a terra e caçar seus irmãos que haviam tomado as mulheres humanas como esposas e leva-los a justiça. Deveria prendê-los no deserto de Dudael. Mas isso não era o bastante. Miguel acreditava que as aberrações criadas através dessa união deveriam padecer e ele mesmo se encarregou de matar cada Nephalin que ali existia. Não houve piedade em seu coração e mesmo que Demiurgo não houvesse ordenado cada criança, filha dessa união profana foi morta por sua espada.

Quando o diluvio caiu sobre a terra as lagrimas dos pais e mães desses seres misturaram-se as aguas da ira de Deus.

Mas Miguel estava incompleto.

O tempo passou, o homem voltava a povoar a terra, então em sua observação ele viu uma cidade que se erguia do chão, uma torre que tocaria os céus. Vendo isso ele desceu. Se misturando entre os homens ele ouviu falar de Ninrod, o rei de um reino sem nome que queria uma torre pra que ele pudesse chegar aos céus e falar com Demiurgo. Porém Miguel foi mais rápido e disse a Deus que havia um rei que se intitulava Deus e que sua torre tocaria aos seus como uma afronta ao Senhor. Miguel pediu a Demiurgo para cuidar disso e vendo a sua fidelidade, Deus permitiu.

Então desceu Miguel a terra e proliferou novas línguas entre os humanos daquela cidade e em pouco tempo ninguém mais se entendia. Sem poder se compreender cada um tomou seu rumo e deixou só o seu rei. A tristeza era tão grande que Ninrod se matou e a cidade ficou conhecida como Babilônia que na língua dos anjos quer dizer lamentação, mas entre os homens ficou conhecido como confusão.

Então ele seguiu caminhando pela terra. Com o passar dos anos encontrou duas cidades conhecidas como Sodoma e Gomorra. Lá os homens viviam pela lei dos animais. Nesse momento decidiu que aquelas cidades não deveriam existir. Entrando pelos portões e imaginando como essas cidades deveriam ser destruídas, encontrou por coincidência o sobrinho do humano que Demiurgo chamava Abraão, ficou em sua casa e o avisou que Deus destruiria aquela cidade. Sem questionar o homem apenas implorou ao anjo que deixasse vivas as pessoas boas, mas pelo julgamento de Miguel, essas não existiam naquela cidade e por isso deixaria que saíssem dali apenas aquele homem e sua família.

No dia da destruição, a esposa daquele homem ainda desobedeceu a ordem de Miguel. Na fuga ela esquecera seu recém-nascido no quarto ao olhar para trás para busca-lo foi transformada em sal. Assim Ló perdeu a mulher e filho.

Após vários anos Miguel descobriu que no Egito havia alguns descendentes de Abraão que vivam em escravidão e decidiu que deveria liberta-los. Escolheu uma criança que foi adotada por faraó e o fez matar um dos seus. Por medo a criança fugiu e quando havia crescido e estava preparado Miguel se manifestou diante dele.

Disse que ele seria o libertador do povo de Israel e que o povo de Israel eram seus semelhantes. Usando esse homem Miguel lançou pragas no Egito. Todas as vezes que o próprio faraó decidia libertar o povo Miguel endurecia seu coração para que ele mudasse de ideia, assim fazendo com que Deus se tornasse cada dia mais generoso.

No fim, Miguel matou os filhos dos Egípcios e os guardas afogados no mar vermelho.

Anos depois Miguel fez o deserto devorar o próprio povo que ele salvará.

Mais tarde no futuro, vestido de fariseu condenou um homem que ele acreditava ser louco por se intitular o Messias.

Sem mais o que fazer criou um templo conhecido como Templo da Luz Negra e passou a aprisionar ou matar cada criatura sobrenatural que não era criação de Deus. Tendo falhado apenas na captura de um Gênese. Nada que fosse realmente um problema.

Ele sempre se julgou correto e se Deus nunca interferiu era por que ele estava certo. Com o tempo perdeu seu nome como Miguel e passou a ser conhecido como um dos cavaleiros do Apocalipse, ele era a própria Guerra.  Criava intrigas entre religiões, todas estavam certas, mas apenas uma poderia existir e os homens se de gladiavam pelo que acreditavam.

Agora estava Ali no final dos tempos apenas lutando pra ter sua vingança.

- Desista Lúcifer, eu terei a vitória.

- Depois de tanto tempo ainda não entendeu irmão?

- Não sei do que fala. – diz Miguel atacando com a espada – Não há nada a entender.

- Passou tanto tempo e ainda é o mesmo tolo. – dizia Lúcifer em um floreio – Tornou-se um assassino irmão.

- Jamais Lúcifer, se assim fosse eu já teria caído, por que eu estaria contra os planos de Demiurgo.

- E quem disse a você que esse não é o Plano dele?

Miguel parou por um instante sem saber o que pensar. Será que era esse o plano desde o inicio? Ele deveria se tornar um assassino? Por isso Deus nunca se manifestou?

Sem conseguir entender Miguel não teve tempo de desviar do ataque que decapitou sua cabeça. Lúcifer sem entender percebe alguém caminhando em sua saindo das sombras, empunhando uma foice. Em seu pescoço pende um pingente em forma de cruz com uma rosa enrolada como uma serpente.

- Samael?

- De forma alguma príncipe das trevas. Sou Hemisarê, e isso foi por ele ter matado meus pais.

- É amigo ou inimigo nesse Armagedon filho proibido?

- Você escolhe meu general, mas o primeiro sacrifício já foi oferecido. Correto Samael?

De repente a voz daquele garoto muda de tom e as silabas saem como ditas por uma serpente.

- Com certeza irmão

Crônicas do Céu e o InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora