P.O.V Off
Segunda, 14 de janeiro. 1 mês antes
Não sei o que aconteceu, mas assim que saio do banheiro me deparo com Gun sentado com o celular na mão. Mas havia algo de diferente nele, parecia que ao seu redor havia uma atmosfera sombria, aterrorizante que me deixou com medo até de perguntar o que havia ocorrido.
- Filhos da puta, logo quando não estou. - Essas palavras saíram de sua boca com tom de raiva e ódio.
- O que houve? Algum problema no trabalho? - Pergunto, apesar de não me sentir confortável com o clima que ele me passa.
- Ah, não te vi ai,desculpe. Sim, ocorreu um pequeno problema mas quando eu voltar vou resolver com minhas próprias mãos. Mesmo sabendo que Meu sócio vai cuidar bem do assunto, quero ter certeza de que não ocorrerá novamente.
Assim que ele levanta seu olhar me assusto, parece que seus olhos estão pegando pretos, não há sorriso em sua face e muito menos há brilho em seu olhar. Posso afirmar que estou olhando uma pessoa que está com trevas em seu ser.
Mas da mesma forma que as trevas apareceram, elas desapareceram, sem deixar rastros, como se ela nunca tivesse aparecido.
- Você quer descansar um pouco ou prefere comer algo? - Disse com um sorriso radiante. Impossível acreditar que segundos atrás não havia nem uma forma de um sorriso criar vida naquela boca.
- Vamos comer algo e depois descansamos, o que acha?
- Perfeito. Tem um restaurante muito bom aqui perto, podemos ir lá.
- Você já veio aqui antes?
- Sim, tem uns anos.
- Acompanhado? - Porra Off, por que perguntou isso se você sabe que não quer saber a resposta.
- Sim, acompanhado. As vezes vinha com meus pais, outras com Tay, e apenas uma ou duas vezes vim com outro alguém.
- Hm... vamos comer então....
Digo enquanto saio do quarto, espero que ele não perceba que estou com um leve sentimento de raiva por não ter sido a primeira pessoa que ele trás aqui.
Assim que chegamos no restaurante percebo que nenhuma palavra foi dita desde que saímos do quarto, e que a primeira frase dita foi em alto e bom som e por uma terceira pessoa.
- Gun, você aqui novamente. Sentimos sua falta. - Disse uma mulher de cabelos loiros e olhos claros enquanto ia em direção a Gun com os braços abertos para abraçá-lo.
Mas antes que ela pudesse fechar seus braços ao redor de Gun dando-lhe um abraço mortal, ele simplesmente agarra minha cintura fazendo com que a mulher fique sem graça e simplesmente desista de sua ideia.
- Olá Mary, também senti a falta de vocês. Será que teria uma mesa para dois, bastante reservada?
- Temos sim, me sigam por favor.
Assim que chegamos em nossa mesa consigo observar direito o restaurante.Será que Gun pensa em me conquistar com dinheiro? Mal sabe ele que eu amava aquele pequeno garoto jogando basquete com a cara toda suja. Só percebo que estou de cara feia quando Gun fala comigo.
- O que houve? Por que essa cara fechada?
- Você não acha que esse restaurante é demais não?
- Você não acha que na vida devemos sempre ter do bom e do melhor?
- Nem sempre o do bom e melhor é o mais caro Gun. Sou uma pessoa que fica fascinado por restaurantes nesse estilo, mas que prefere comer em barracas locais pra ajudar os moradores. - Tento melhorar minha cara fechada para não estragar a noite, e para que aquela pessoa sombria não volte. - Mas vamos mudar de assunto, você fez algum cronograma para nós ou só vamos acordar e ver no que vai dar?
- Tenho um cronograma sim, mas só de locais. Nada muito específico.
Graças a Deus a conversa fluiu numa boa e fui melhorando de humor no decorrer dos assuntos.
Acho que ele só tem esse jeito pois é como foi criado, acredito que a medida que o tempo passe, eu consiga fazer com que ele mude de pensamento.
Saímos do restaurante e caminhamos lado a lado no silêncio mais alto que já estive presente.
Ambos com telefones em mãos e mil pensamentos, mas duas áureas totalmente diferentes.
Enquanto eu estava em redes sociais, ele estava conversando com algum amigo sobre o ocorrido. E como eu sei?
Bom, além dele estar novamente com um semblante raivoso, também consegui ler uma parte de sua conversa. Nessa conversa ele dizia "faça de tudo mas resolva essa merda o quanto antes" e a pessoa respondeu "ok chefe". Por esses motivos acredito que ele está conversando sobre trabalho.
O caminho que antes era curto, agora parece cada vez mais longo, parece que estamos há 3 horas andando em linha reta, sem rumo e sem noção de quando chegaremos ao destino final.
Estava tão distraído que nem percebi que estávamos passando em frente ao um jardim com flores das mais diversas cores. Fui obrigado a tirar uma foto, a natureza sempre foi uma das coisas que admiro.
Assim que terminei fiquei observando-o, ele não parou de andar, não sei se chegou a olhar para trás e perceber que eu já não estava mais ao seu lado, mas tendo feito isso ou não, ele continuava seu caminho sozinho, com toda serenidade que havia nele.
Me apresso para tentar alcançá-lo e percebo que na verdade, ele estava parado em frente a porta do nosso quarto, me olhando.
Há somente uma coisa em meu pensamento, puta que pariu, que homem gostoso.
Assim que chego mais perto ele abre a porta do quarto para que eu possa entrar, novamente estamos sozinhos no quarto, essa vai ser nossa primeira noite dormindo juntos e na mesma cama. Minhas expectativas estão oscilando nesse momento, na mesma medida que quero que aconteça algo entre nós eu desejo que não aconteça nada.Segunda, 05 de fevereiro. 1 mês antes
Assim como imaginei, aconteceu. Na verdade, nem tanto quanto imaginei, posso dizer até que fiquei surpreso e decepcionado.
Ambos dormimos um sono tranquilo e sereno, assim que sai do banho me deparo com almofadas separando a cama em duas partes, além também de que ele pediu que dormíssemos com nossas cabeças para lados opostos, ou seja, um 69, mas com travesseiros impedindo nossos corpos de se encontrarem.
Se já não bastasse essa noite mágica, fomos acordados com um barulho alto, que não cessava de forma alguma. Sim, era o telefone.
Acordamos com a merda do telefone do Gun tocando.
Será que o dia vai melhorar?
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The Real Me
RomanceGun Atthaphan é uma pessoa de inúmeros segredos e com seu rosto angelical consegue enganar bem as pessoas e não revelar seu verdadeiro eu, mas tudo começa a mudar quando ele conhece Off Jumpol. Off Jumpol é dono de uma livraria recém aberta no bairr...