XIV. Um pedido

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Domingo, 22 de agosto de 2021. Armação de Búzios – RJ, Brasil.

Bianca POV.

– Rafaella, não! – ela me olha pacientemente – eu não vou andar nisso daí nem fodendo, não adianta.

– Bia, meu amor, minha princesa, a rosa mais bonita do meu jardim – suas mãos se encaixam em meu rosto – você confia em mim?

– Claro que eu confio em você – encaro os olhinhos que tanto amo – eu não confio é nessa coisa aí.

Olho para o pequeno bote que está caindo aos pedaços, e o senhorzinho que está sentado nele sorri simpático.

– É super seguro andar nele, Bia. Sempre que eu venho aqui o senhor Osvaldo leva a gente lá na ilha assim.

"Meu Deus do céu, eu vou morrer se entrar nisso. Olha só esse negócio minúsculo, como que vai aguentar uma raba desse tamanho sem afundar?"

– Essa merda vai afundar e eu vou morrer sendo comida pelas piranhas! – sim, eu estou em pânico – Rafaella, você está rindo de quê?

– Linda – ela diz gargalhando – só existe piranha em água doce.

– Então pior, vou ser comida por um tubarão – digo e ela ri ainda mais.

Paro de pensar nas diversas tragédias que podem acontecer quando os lábios de Rafaella me tomam em um beijo apaixonado. É simplesmente impossível negar qualquer coisa para essa mulher.

– Se eu morrer, eu vou passar o resto da nossa eternidade te infernizando e passando na sua cara que foi culpa sua – digo antes de deixar um selinho em seus lábios.

Depois de muito esforço entrei no bote por pura e espontânea vontade... de Rafaella, é claro, pois ela me jogou em seu ombro e me arrastou até dentro do bote.

– Amor, chegamos – ela me diz e eu sinto que a velocidade do bote está diminuindo.

Os cinco minutos que permanecemos dentro desse amontoado de madeiras de origem duvidosa, eu permaneci sentada no chão dele com a cabeça escondida nas penas de Rafaella, que apenas ria e fazia carinho em meus cabelos.

– Ufa, ainda bem que não houve pânico – digo quando finalmente pisamos no pequeno píer que havia na ilha.

Rafaella me olha com as sobrancelhas erguidas e eu apenas ignoro.

– Vem, quero te mostrar as piscinas naturais que tem aqui – ela segura minha mão e começa a andar em direção a outra parte da ilha.

Por quase uma hora nós ficamos apenas andando pelas piscinas naturais e fotografando cada espécie de peixe que eu encontrava por ali.

– Bianca, passa protetor no rosto antes de vir para a água – Rafaella gritou pela terceira vez.

Desde que chegamos aqui a maior preocupação de Rafaella é me deixar hidratada e protegida do sol, depois de uma pequena discussão na sexta-feira por eu ter esquecido de passar o protetor, a cada duas horas ela aparece com o ele nas mãos e me deixa igual o Gasparzinho.

– Prontinho – me aproximo dela que morde o lábio inferior na tentativa de reprimir o sorriso – o que foi?

– Vem cá – me aproximo e ela começa a passar a mão por meu rosto – você fala de mim mas estava com o rosto todo branco. Fecha os olhos.

Com os olhos fechados, aproveito a sensação do seu toque em meu rosto, é tão quente quanto o sol que beija nossas peles.

– Pronto? – pergunto quando suas mãos cessam os movimentos, mas não obtenho resposta.

InefávelOnde histórias criam vida. Descubra agora