XV. Com amor.

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Sexta-feira, 3 de maio de 2024. Parque Lage - Rio de Janeiro, Brasil.

Rafaella POV.

Três anos depois.

– Rafaella – Gizelly entra afobada no quarto – é melhor você falar com a Bianca antes que eu jogue aquele projeto de gnomo no mar como oferenda à Iemanjá.

– O quê? – meu coração acelera – o que está acontecendo? O que ela fez?

– Ela está chorando há quase uma hora achando que você vai desistir do casamento e abandonar ela. O maquiador está prestes a ir embora e deixar ela entrar na igreja parecendo um panda com o rímel todo borrado.

– Eu preciso falar com ela – falo já me levantando e indo em direção a porta.

Conhecendo Bianca como eu conheço, sei que nenhuma outra pessoa vai poder acalmá-la. Eu preciso que ela tenha certeza que eu vou estar esperando ela, e isso não pode ser dito por outra pessoa além de mim.

– Você enlouqueceu? – Gizelly grita e se coloca entre mim e a porta – você não pode ver ela vestida de noiva, e ela não pode te ver.

– Minha filha, não pode – minha mãe se junta à Gizelly – é a tradição.

– Eu não posso vê-la, mas posso falar com ela – falo decidida – coloquem uma venda nos meus olhos e outra na Bianca, mas eu preciso falar com a minha noiva.

Os cinco minutos de espera até que tudo seja preparado só me deixam ainda mais ansiosa.

"Se eu tivesse fugido com ela para casar em Las Vegas nada disso estaria acontecendo agora."

– Tudo bem, ela já está te esperando – minha mãe se aproxima com o pano em mãos – nada de tentar espiar, está me entendendo?

– Sim, senhora.

Já com a venda nos olhos, minha mãe e Gizelly me guiam até o quarto de Bianca e nos deixam a sós por alguns minutos.

– Rafa? – ouço a voz trêmula de Bianca e imediatamente procuro por suas mãos.

– Estou aqui, meu amor – entrelaço nossos dedos e sinto seu aperto firme – o que está acontecendo?

– Eu só estava com medo de você não estar lá na hora – sua voz sai baixa.

Dou um passo à frente e sinto o calor do seu corpo que logo é envolvido em meus braços.

– Você lembra da única vez em que brigamos? – ela concorda baixinho – lembra do que eu te falei naquele dia?

– Eu nunca vou esquecer – ela me abraça ainda mais forte.

– Aquilo ainda é, e sempre vai ser válido, meu amor – meus dedos fazem um carinho suave em suas costas – eu sou guiada pelo amor, e ele sempre vai me levar até você, então não existe a mínima possibilidade de não que eu não esteja lá te esperando.


~ flashback on: narrador pov. ~

– Por que você mentiu para mim, Rafaella? – Bianca pergunta encarando a loira.

– Eu não menti para você, amor. Eu apenas estava esperando o momento certo para te contar sobre isso – Rafaella tenta se aproximar mas a carioca acaba se afastando – por favor, entende que eu não queria te chatear com isso agora, ainda mais nessa situação com a sua mãe.

– A situação da minha mãe não tem nada a ver com isso, merda.

– Eu apenas não queria te chatear com algo que não era importante, Bia – a loira tenta se aproximar mais uma vez.

InefávelOnde histórias criam vida. Descubra agora